Meus donos estão vindo...

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Estava frio quando abriu os olhos. Apenas frio, e ele estava de pijama.

  Confuso, ele se levantou para se ver de frente a uma lareira apagada em uma sala desconhecida.

  Fechou os olhos buscando alguma lembrança. Não havia nada, nenhuma memória, nada.

  De repente o frio se tornou maior e ele estremeceu, o que diabos estava acontecendo?

  Sua cabeça pendeu, mas ele não tinha respostas, estava tudo escuro, negro, nenhuma recordação. Tinha perdido a memória? Estremeceu de novo olhando mais atentamente o seu entorno, o lugar parecia velho e abandonado, mas o que ele sabia? Um espelho de canto, alto e estreito atraiu sua atenção, foi até ele cambaleando, estaria mal? Estaria...

  E então as perguntas se foram quando olhou a si mesmo.

  Olhos negros, estreitos, quase delicados e irreconhecíveis em um rosto claro e oval. Cabelos curtos, repicados, lisos e escuros, um corpo mediano, em uma altura mediana. Esse era ele? Esse pijama esfolado era dele? Mais quem diabos era ele?

  Tocou a superfície buscando algo, ao menos um fragmento de lembrança. Nada, absolutamente nada. Estava sujo em uma sala aparentemente abandonada sem lembrança alguma.

  Um trovão soou lá fora e ele buscou a porta antiga.

  Ele sabia que era antiga e sabia que ia chover, reconhecia os poucos móveis, sabia que eram clássicos, mas não sabia sobre si mesmo o que não fazia sentido, como não fazia sentido a falta de reconhecimento do lugar.

  Ergueu as mãos para vê-las melhor e viu vários pequenos cortes em cicatrização, puxou as mangas e viu em um dos punhos três argolas finas douradas rentes a pele, no outro uma tatuagem que ocupava quase todo seu punho e subia em direção ao cotovelo, um emaranhado de ramos e flores pequeninas, negras e dois nomes bem legíveis, Luhan e Baekhyun.

  Sacudiu a cabeça buscando algum indício de familiaridade com os nomes, novamente apenas o nada lhe respondeu. Nada, não conhecia os nomes, não fazia ideia do porque tinha tatuado seu braço com aqueles nomes, ou aquele desenho intrincado.

  A chuva caiu e ele sabia que tinha que sair daquele lugar, mesmo debaixo de chuva. Deixou escorrer as mangas da blusa de algodão que um dia foi branca e foi até a porta. Torceu a maçaneta imaginando se estaria fechada, não estava.

  A porta levava para uma sala ampla destruída, tudo estava revirado, velho, com teias de aranhas e a porta de saída estava arrebentada, uma das folhas arrancadas e a outra retorcida. Chovia além dela, uma chuva torrencial agora molhando o que um dia foi um jardim. Ele caminhou devagar até a saída e olhou para fora. Além do jardim havia um portão também destruído, os muros em sua parte esquerda, caídos e mais além uma rua deserta de terra vermelha. Um aglomerado de árvores se via ao longe e a mata se fechava até onde a vista podia alcançar. O cenário era confuso, parecia que um furacão passou por ali deixando apenas a sala em que estava fora da destruição. Onde estava? E por que estava ali?

  As perguntas começaram a lhe dar dor de cabeça, não fazia sentido nenhum, ele precisava saber, mas nada fazia sentido, não havia lembrança e nenhum indício, só o vazio e a confusão.

  Então a noite veio, o frio aumentou e a fome se fez presente.

  Ele voltou para a sala onde despertou procurando manter a calma, não podia sair sem saber para onde ir, precisava ser racional, mesmo diante da loucura da situação. Precisava pensar. Se sentou na única poltrona e olhou para a lareira onde as madeiras eram cinza e aparentemente muito tempo apagadas. O que ia fazer?

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