Capítulo 25 - O Por quê

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Capítulo 25 - O Por quê. 



Narrado por Christian Steele.  

Nunca pensei que fosse passar por tantas desiluções em tão pouco tempo.
Saber que Raymond é o pai da mulher que amo me destruiu por completo. Katherine disse tantas coisas ruins sobre ele, tantas coisas que não batem com tudo que conheço sobre Ray e que ele me ensinou. 
Só pode ter ocorrido algum grande engano.
De repente, meu pai não sabia que a mãe da Capitã estava grávida quando a abandonou, só pode ser isso. 
Um grande desencontro e mal entendido entre os dois que com uma boa conversa, talvez possa ser resolvido. 
Foi acreditando nisso que coloquei minha ética em risco ao não revelar aos Sentinelas tudo que a namorada de Elliot me revelara anteriormente. Infelizmente só pude contar com Elliot pois Jack ainda está abalado por conta da dolorosa amputação da perna e neste momento, não quero mais encher sua cabeça do meu amigo com tantos problemas. Foi trabalhoso, tivemos que ir de porta em porta mas conseguimos achar o maldito galpão, ficando frente a frente com Anastasia.
Ela estava raivosa, apontando uma arma para a cabeça de Raymond e totalmente descontrolada. 
Parecia verdadeiramente fora de si.
O medo que senti de uma tragédia acontecer foi grande. 
Elliot e eu tentamos em vão evitar que a tragédia acontecesse, mas de nada adiantou pois mesmo sabendo que sua atitude me magoaria muito, Anastasia apertou aquele gatilho. 
Mas Elliot também se adiantou e atirou no braço dela. 
Fui salvar a vítima pois mesmo com tudo que ele fez, Ray é quem estava a beira de morrer aqui e de acordo com o meu trabalho, isso é ser a vítima da situação. Elliot ficou encarregado de parar Anastasia mas ela fugiu mas graças ao meu sinal, ele não foi atrás dela.
Queria que ela conseguisse fugir mesmo sabendo que havia vacilado comigo. 
- Christian, sei que quer proteger a Ana a todo custo mas é minha função ir atrás dela. - O loiro insistiu enquanto eu desamarrava Raymond. 
- Elliot!
- Desculpa Chris. - Lamentou saindo de perto de mim e indo atrás dela.
Tomara que não consiga alcança-la. 
- Você está bem pai? - Questionei tirando a mordaça da boca dele. 
- Não sei. - Raymond respondeu parecendo estar em estado de choque - Não sei...
Logo alguns Sentinelas apareceram e socorreram Ray. Saí do galpão a fim de saber notícias de Ana quando Leah e Riley vieram ao meu encontro. 
- Aquela maluca conseguiu nos despistar! - O loiro contou visivelmente irritado com aquela situação. 
- Mas já fizemos alguns contatos, logo a Capitã será pega. - Leah avisou me fazendo engolir em seco. 
- Assim espero. - Riley falou cruzando os braços - Aquela louca tem que ser presa o quanto antes pelo que fez com nosso Comandante, cuidarei pessoalmente disso! 
Riley nunca foi com a cara da Ana e isso é péssimo. 
Tenho certeza que esta criatura fará de tudo para que a Anastasia seja presa e vou ter que dar um jeito de impedir isso. 
Por mais que eu saiba que ela errou por tentar matar e sequestrar uma pessoa, sei que a Capitã devia estar muito perturbada para ser capaz de fazer uma barbaridade dessas mesmo sabendo que matando meu pai, destruíria a chance de algum dia ficarmos juntos.
E é por isso que mesmo depois de tudo, ainda pretendo protegê-la com minha vida nem que para isso, tenha que colocar minha reputação no exército em risco. 
[...]
Ray foi levado para um hospital enquanto eu tentava fazer alguns contatos para localizar Anastasia. 
Meu objetivo é encontra-la antes de Riley e os demais Sentinelas. 
Depois, Ray fora a delegacia mais próxima dar seu depoimento contra a filha enquanto arrumava um hotel para passarmos ao menos esta noite, não sem antes tomar um belo banho de chuva pelas ruas do Brooklyn. 
Exausto depois deste dia terrível, fui tomar um banho que infelizmente não teve nada de relaxante pois não parava de pensar na Capitã e nas coisas que Kate me disse sobre Raymond. Estou há quase um dia sem comer, só na base do café mas como sei que preciso ficar forte para os próximos dias que prometem ser difíceis, preciso sim me alimentar. 
- Hum... - Murmurei mordendo um pedaço do sanduíche de presunto e queijo que pedi na recepção minutos atrás quando Ray surgiu no meu quarto de hotel - E aí? Está melhor pai? - Perguntei preocupado. 
- Acho que sim. - O Comandante respondeu caminhando lentamente até a cama - Notícias da Anastasia?
- Ainda não. - Falei terminando de comer - Pai, temos que conversar. - De pé, me aproximei um pouco mais dele - Olha, soube de coisas horríveis a seu respeito e preciso saber se tudo o que a amiga da Capitã me disse é verdade.
- Amiga da Capitã? - Ele franziu a testa. 
- Katherine, a garota com quem Anastasia mora, quer dizer, morava. - Expliquei - Ela disse que o senhor é o pai biológico dela. Como não me contou isso antes?!
- Não contei porque não sabia, filho. Não sabia que minha filha estava tão perto e ao mesmo tempo, tão longe de mim porque ela estava sim lá, no Pentágono, o tempo todo, mas só fisicamente. A cabeça dela sempre esteve no cemitério onde a Carla estava enterrada. Sempre! 
- Então é essa Carla a mulher que você abandonou grávida?! - Indaguei com as mãos na cintura - Como você teve coragem?
- Não sei, mas naquela época tive. - Raymond derramou algumas lágrimas - Se pudesse voltar atrás, juro pelo que você quiser que não teria feito isso. 
- Por quê fez isso? Por quê?
É um pesadelo.
Só pode.
- Porque meus pais eram contra meu relacionamento com Carla, a mãe da Anastasia. E não tive peito para enfrenta-los, não tive filho. Sinto muito, mas seu pai é um covarde. O pior homem da face da terra. - Ele baixou a cabeça passando a chorar copiosamente - Me perdoa, filho. Me perdoa! 
- Sabe... - Foi a minha vez de chorar - É estranho tudo isso, parece que são dois Rays. Não consigo acreditar que o homem que me criou com amor, com tanto carinho e disciplina é o mesmo que fez tanto mal a mulher que eu... Com a Anastasia. 
Esta foi por pouco. 
- Ela me torturou filho, me xingou, me tratou como lixo. Receber toda essa agressão de um filho é tão... Ruim. Mas eu mereço, sei que mereço. Pior de tudo é saber que minha própria filha de sangue tentou me matar, é horrível.
Ray parecia realmente destruído e arrependido. 
- Pai, temos que dar um jeito da Ana se safar, ela não pode ser presa. Não pode!
- Isso já não está mais na minha mão, filho. Sabe... A Capitã esteve grávida, era pra eu ter tido um neto. Mas ela me culpa por ter perdido o bebê! - Comentou. 
- Eu sei. 
- Sabe?
- Eu era o pai. - Confessei.
- O QUÊ? - Ele arregalou os olhos.
- Se é pra deixar tudo em pratos limpos, é melhor que o senhor já saiba de uma vez! Ana e eu tivemos um caso, pai. 
- Desde quando? Como assim?! Não pode ser. - Ele levantou-se perplexo com minha revelação. 
- Desde que chegou ao Pentágono, não sei a data certa, as coisas simplesmente foram acontecendo. Nos apaixonamos, ela engravidou, mas não me contou nada. Quando eu soube, já tinha perdido nosso filho. Foi a maior dor da minha vida. - Relembrei sentindo meu coração se despedaçar mais uma vez.
- Nunca pensei que vocês dois tivessem se envolvido, tudo escondido de mim. 
- Escondido de todos, todos mesmo. - O corrigi. 
- Se tivesse me contado, eu...
- Não teria feito nada, sou eu quem decido meu destino pai. - Deixei claro. 
- Acha que tentaria separa-los? Até aquele momento eu não tinha nada contra a Capitã. 
- E agora tem? Olha, sei que a Anastasia errou mas eu conheci um lado dela que o senhor desconhece. Um lado bom, um lado carente, apaixonante. Ela não é este monstro que tentou tirar sua vida, pelo contrário, no fundo tem um bom coração mas seus sentimentos bons estão ofuscados pelo ódio, pelo rancor que ela sente. Parece que nada é maior que a raiva que ela sente do senhor, nada. - Desabafei - Nem mesmo o amor que ela diz sentir por mim é maior que este ódio. 
- Filho, a Anastasia passou por tanta coisa, ela me disse o quanto sofreu e a culpa que eu sinto depois de tudo que ouvi dos lábios dela é mil vezes mais que tempos atrás. Mas apesar dela não ter comentado comigo, ela deve sim te amar pois você é a única coisa boa que fiz na minha vida. Me sinto honrado de ter um filho tão bom como você, com um coração maior que o mundo. Se tem uma coisa em que acertei nesta vida, a única coisa talvez, é a tua criação. 
- E agora? O que vai acontecer com a Ana? - Perguntei confuso. 
- Como disse antes, a vida dela não está mais nas nossas mãos. Temos que continuar agindo com ética, fizemos um juramento a este país filho. Por mais que seja minha filha e a mulher que você ama, a Anastasia cometeu um crime e tem que pagar na justiça por ele. É o certo a se fazer. 
- Certo? O senhor não tem lá muita moral para dizer o que é certo. 
- Não moralmente no âmbito pessoal, mas judicialmente sim. Você pode me criticar como pessoa, me achar um lixo mas dediquei minha vida por este país e pela segurança das pessoas, sem nunca, nunca mesmo sair da linha da lei, da justiça. Você sabe disso.
Pior que é verdade.
Mas não posso deixar a Ana ser presa.
Não posso. 
Ela errou sim, mas teve seus motivos para agir assim.
Eu mesmo não sei que o faria se tivesse passado por tudo que ela passou. 
Só queria poder abraça-la e dizer pra ela que não está sozinha.
Que ainda tem a mim. 
Sempre vai ter, mesmo depois de tudo. 
A única coisa que sei que preciso dar um jeito de localiza-la antes de todos para assim, ajuda-la se necessário, a fugir com segurança deste país.  

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Coitadinho do Christian né?

Reta final...

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