25º Capítulos

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Acordei no outro dia e fiquei um bom tempo sentada na frente da penteadeira tentando raciocinar tudo que aconteceu ontem e me preparando pra encarar o Victor depois do climão que ficou entre a gente. Tinha começado a ver um qualidade nele depois da noite passada que transou pra ele simplesmente fazer aquela cena toda na minha frente o que faz a minha raiva aumentar ainda mais.

Ouvir os gritos ou ver tudo de longe é uma coisa, agora ouvir os gritos daquele homem e ver tudo de perto foi estranho. A cena não sai da minha cabeça.

To em um conflito interno se continuo com essa brincadeira ou não, é bem arriscado brincar com o Victor mas ao mesmo tempo é divertido.

Preciso de um banho pra dar aquela relaxada, levantei e fui pro banheiro. O chuveiro estava quente e deu pra tirar aquela tensão de mim. Lavei meu cabelo e fiz minhas higienes matinais. Me enrolei no roupão e sequei o cabelo, fiz uma make básica porém eu gostei bastante. Coloquei um vestido cumprido florido, um salto branco e desci antes que Victor mande a Carol vim me chamar ou ele mesmo faça isso.

Desci e entrei na sala de jantar encontrando ele lá sentando, tomando seu café tranquilo como sempre. Me sentei do seu lado e preparei meu pão e servi meu suco.

- Como você tá? - perguntou e eu olhei pra ele.

- Bem.

- Tem certeza?

- Podia ter me tirado da sala - voltei meu olhar pro prato.

- Mas eu tirei.

- Depois de já ter deixado um linda bola na barriga daquele homem, nossa obrigada mesmo - digo e ele ri.

- Corajosa o bastante pra usar da ironia.

- Não precisava fazer aquilo.

- Ele merecia.

- Pelo jeito qualquer um merece o que vocês fazem - digo desviando olhar pro meu prato.

- A gente não é esses monstros que você idealiza na sua cabeça.

- Não é isso que eu vi ontem.

- Pensa o que você quiser.

Eles não ligam pra nada nem pra ninguém, só pro poder ridículo que eles têm sob as pessoas que faz de erro de entrar em dívida com a máfia.

- É assim então? Quem deve morre?

- Pelo menos fez a lição de casa.

- Turco, vai mata ele não vai?

- Bom já faz dois meses e a escola tá quase pronta, ele já foi cobrado e disse que tava enrolado - ele toma um gole do café - O que acha que vai acontecer?

- E quem vai comanda a favela?

- Gente que quer é o que não falta, normalmente o braço direito sempre quer derrubar o chefe e pega o lugar dele.

Não consegui não pensar no Russo, ele é o braço direito do Victor e ele sendo super escroto como é acho que teria a coragem de matar o Victor pra pegar a liderança da máfia o que seria a coisa mais horrível.

Eu consigo facilmente imaginar o Russo com a coragem de armar alguma coisa pra matar o Victor e acho que ele também imagina, qualquer um imaginaria. É só ver o jeito que o Victor humilha ele às vezes..

- Posso te fazer uma pergunta?

- Faz.

- Acha que Russo mataria você pra.. você sabe..

- Pegar meu lugar? - ele completa e eu confirmo - Tudo nesse maldito mundo é possível, ninguém liga pra ninguém.

- Ao ponto de matar você?

- Se ele estiver com a corda no pescoço é provável que ele tente fazer merda pra não morrer.

Ele fala com uma tranquilidade, como se não tivesse medo de morrer ou enfrentar qualquer coisa que vier na sua frente. Olha onde eu vim parar, na casa de um cara que comanda a máfia junto com o tio, o homem mandou matar meus pais que no final me comprou em um leilão que eu mesmo entrei só pra me vingar deles, e esses dois parecem não ter medo de nada o dificulta porque eu pareço um gatinho raivoso no meio de dois Leão.

Tem história mais louca que a minha? Acho que não.

A gente terminou de tomar café e Victor foi pro escritório dele fazer umas coisas enquanto eu fiquei na sala vendo as revistas novas que Carol trouxe, tenho que pedir pra ela comprar um livro pra mim. Alguma coisa eu tenho que fazer nessa casa fora maratonas filmes e comer.

A porta abriu e Donatto entrou com sua metralhadora na mão, como sempre esses caras tem que estar com uma arma na mão. Eles não vivem não? Sei lá, não tem casa ou não come nunca vejo isso.

- Bom dia dona Mari.

- Bom dia Donatto.

Notei um cara atrás dele que estava me olhando fixamente, ele sorriu fraco e eu só voltei meu olhar pra revista quando ouvi os passos do Victor descer as escadas.

- Dk - Donatto cumprimentou.

- Quem é esse?

- É meu primo da favela.

- Prazer te conhecer Dk.

- Tá - falou com indiferença - E o que foi?

- A mãe dele tá ruim e precisa comprar uns remédio mas você sabe que custo de remédio é alto.

- Já entendi.

- Te pago quando puder.

- Não precisa se preocupar, de quanto precisa?

Donatto olhou pro cara atrás dele que tirou um papel do bolso e entregou pro Victor, observei ele pegar do bolso umas notas de cem e entregar na mão no homem que estava surpreso com a quantidade de dinheiro.

- Compra a mais pra ela, é melhor sempre ter reserva.

- Muito obrigado - ele estendeu a mão e Victor apertou ela.

- Posso levar ele pra comprar?

- Pode Donatto vai lá.

Não se me surpreendo com a atitude do Victor porque sei que isso não foi dado e sim o Donatto vai ter que pagar de alguma forma, seja com o trabalho dele ou com a própria vida.

Não vai ser um ação boa pra cá outra pra lá que vai me convencer de que tanto o Carlos quando o Victor não merecem sofrer pelo o que aconteceu no meu passado.

Ele foi até a mesinha de uísque dele e encheu um copo enquanto olhava pra mim com aquela cara de convencido.

Tava ficando incomodada com o olhar dele ainda sob em mim então levantei e fui pro quarto sem nem olhar pra trás.

Não tem o que fazer então vou malhar, ultimamente só to comendo e assistindo filme, Hunter ia me matar se tivesse aqui falando que eu to perdendo a forma. Coloquei um shorts de tecido confortável e uma regata, desci e vi Carol varrendo perto da porta.

- Carol, pode-me trazer uma garrafa de água?

- Claro.

Fui pra academia e liguei a esteira, já que não tem o que fazer a gente cuida do corpo. Fiquei andando e olhando pro chão pensando em qualquer coisa que vinha na minha cabeça.

- Aqui Senhorita - Carol deixa a garrafa no chão.

- Obrigado..

Querida Mariana Where stories live. Discover now