Finally I would have a reasonable life

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Amélia Álvares Point of view

-já disse, não vou ficar aqui - repito pela quarta vez para minha mãe enquanto arrumava minhas malas
-você pode me explicar o porquê? - Lúcia, minha mãe pergunta escorada no batente da porta
-você sabe que eu não suporto ele - digo a encarando - já falei com minha madrinha e ela concordou em eu terminar o ensino médio lá - desvio meu olhar para as blusas que eu dobrava
- isso tudo porque teu pai morreu? Acorda Amélia, nada vai fazer ele voltar - ela diz com indiferença, reviro meus olhos.. Porque tudo tinha que ser sobre ele?
- eu sei, e não, não é sobre o Robert - digo - eu só quero conhecer lugares novos, e outra.. Não vou aguentar ficar olhando para cara desse idiota
- olha bem como você fala, garota! - me repreende apontando o dedo em minha direção, reviro os olhos e bufo, fecho a minha mochila em seguida
- daqui a uma hora é o meu voo, vai me levar? - pergunto
- não filha, tenho que ir ao hospital.. Peça para o Eric te levar - ela diz e eu solto um riso irônico
- não obrigada, peço um uber - digo enquanto desconecto o celular do carregador
- do Brasil ao mundo ein filha - ela diz e eu concordo rindo
- outer banks vai ser um saco, provavelmente só vou estudar - dou de ombros - quer que eu leve Olivia para a escola? - pergunto, a escola da minha irmã era na esquina, não teria que andar muito
- se você conseguir. Ela já almoçou.. Só faça aquela trança que ela gosta e leve-a okay? - assento com a cabeça - boa viagem Amélia - ela diz e sai do quarto fechando a porta em seguida.
Meu celular toca e eu sorrio atendendo o telefone
- amiga! Como você está?
- tentando me manter calma, uau, minha primeira viagem internacional
- nós vamos ficar com muitas saudades
- eu também, mas podemos conversar por facetime a todo momento, Beatriz!
- eu sei, mas não é a mesma coisa né amiga
- haha você é ridícula
- minha mãe está pedindo desculpas novamente por não podermos ir ao aeroporto, me desculpa mesmo amiga
- ta tudo bem, eu vou ficar bem
- eu tenho que ir, meus pais estão me chamando
- tudo bem, beijos
Depois de desligar e conectar o telefone no carregador novamente, me encosto na cadeira da minha escrivaninha observando meu quarto todo cheio de caixas.
Mamãe iria mudar o escritório do Eric para cá, o cheiro vai ficar péssimo.
Não tenho um motivo ao certo de porque odiar o Eric, eu só não vou com a cara dele.. E pra mim, isso já é motivo o bastante para me manter longe dele.
Me levanto indo em direção ao banheiro tomar um banho rápido, prendo meu cabelo cacheado loiro em um coque frouxo para não deixar o elástico marcar e tiro minha roupa entrando no box em seguida.
Fecho meus olhos tentando assimilar tudo que eu estava passando..
Robert morreu a duas semanas e minha mãe já tem um namorado.
Eu estou saindo do Brasil pela primeira vez para ir morar em uma cidade totalmente desconhecida pela minha parte.
Eu vou morar com minha madrinha que não vejo a cerca de dois anos.
Eu vou ficar três anos longe da Olivia.
Acordo quando ouço batidas na porta do banheiro
- ãn? Oi! Já estou saindo! - digo desligando o chuveiro e me enrolando na toalha rapidamente.
- eu to atrasada, dá pra você ir logo? - Olivia me cobra logo que eu abro a porta.
Olivia diferente de mim, tinha cabelos escuros e pele clara, cabelos lisos e olhos claros.
A menina tinha 13 anos mais as vezes tinha posicionamentos mais maduros que os meus.
- eu já vou me arrumar, pode pegar suas coisas e me esperar lá na sala - digo indo até o guarda roupa
- eu não preciso que você mande em mim, eu já ia fazer isso - diz depois de revirar os olhos, a garota raivosa sai pela porta batendo a mesma forte em seguida.
- eu tenho que fazer a trança em você Olivia! - grito alto já que ela já haiva saído
- eu não quero! Nem se incomode! - grita de volta, respiro fundo mantendo minha paciência.
Olivia diferente da minha mãe que quase não se importou, está lidando dificilmente com tudo oque está a acontecer.
Eu vou embora e vou deixá-la aqui sozinha com minha mãe irresponsável e seu namorado estranho, no lugar dela eu não estaria diferente.
Coloco um short jeans curto e um cropped de crochê bege.
Saio do quarto com meu celular em mãos, soltando meu cabelo no corredor.
-vem - digo seca ao ver Olivia sentada no sofá ao lado de Eric
- tchau tio Eric - ela diz se levantando, está fazendo só para me provocar
- tchau querida - ele diz docemente
Olivia passa em minha frente e eu a sigo pegando sua mochila e a acompanhando na calçada
- você deveria comprar um carro - ela diz enquanto caminhamos
- eu só tenho dezessete anos Olivia
- eu sei, mas lá você já vai poder dirigir - da de ombros
- eu sei que você não quer que eu vá, mas.. - começo mas antes ela me interrompe
-está se achando de mais - diz baixo, assim que paramos no portão da sua escola, Olivia pega sua mochila rápido de minha mão - tenha uma boa vida Amélia - diz e se vira, puxo seu ombro fazendo-a voltar a me olhar
- pare de ser tão orgulhosa!
- você não faz diferença! Quer que eu faça oque? Grite? Se está esperando isso pode ir embora porque não vai conseguir! - aumenta o tom de voz - papai já me abandonou, você vai ser só mais uma pessoa que me fazia muito bem que vai embora - diz, Olivia segura as lágrimas enquanto eu já tinha uma escorrendo por minha bochecha - se eu gritasse toda vez que alguém saísse da minha vida eu já estaria sem voz! Então vá! - diz e aponta para fora - vai embora e faça o favor de não voltar - diz por fim e se vira saindo em direção a entrada.
Me viro saindo pelo portão e voltando para casa.
Eu não vou chorar, não vou chorar, não vou chorar.. Merda
Depois de entrar em casa vou direto ao meu quarto fechando a porta
Lembrete : falta meia hora para seu voo Amélia
- obrigada siri - meu Deus, a que ponto eu cheguei de estar conversando com um aparelho
Me jogo na cama cansada, ninguém entende meu lado?
A porta é aberta e Éric passa por ela, me sento na cama rapidamente olhando para ele
-quem deixou você abrir minha porta assim? - digo me levantando e ficando a uma distância razoável dele
-podemos conversar? - pede
- não! Sai - digo apontando para fora
- Amélia, eu só quero.. -
- eu não ligo, sai - empurro seu peitoral, seus olhos se encontram com os meus e sua mão vai de encontro com meu braço o apertando forte - Eric ta me machucando - digo com voz firme
- você vai me ouvir - diz e me solta na cama de qualquer jeito, ele fecha a porta e cruza os braços me encarando - eu amo sua mãe - ele diz depois de um silêncio
- ata, conta outra - tento me levantar mas eric me empurra novamente
- me chama de papai - segura meu maxilar forte, me obrigando a olhá-lo
-não! - grito
- chama! - aperta mais forte
- eu disse não! - grito, guspo em seu rosto em seguida.
- idiota - diz me soltando e limpando seu rosto - e nojenta também - ri
- sai - empurro seu corpo e abro a porta - você ainda vai se dar mal eric - falo firme
-quando? Daqui três anos? - ironiza - me poupe menina - se vira andando pelo corredor - sua mãe come na minha mão - grita ainda de costas.

Fecho a porta do uber depois de pagá-lo, o carro sai em disparada e com minha mochila nas costas e a mala na mão ando em direção a entrada do aeroporto.
O aeroporto de São Paulo nunca esteve tão cheio e isso me deixa irritada.
-com licença - depois de uma fila gigantesca, chamo a moça no balcão - senhora, eu gostaria de despachar a minha mala por favor - digo e ela concorda. - obrigada - sorrio
Depois de despachar a mala, verifico meu celular mas desligo logo ao ver que não, não tem mensagem da minha mãe.
Me sento na cadeira ao lado do meu portão de embarque esperando os quinze longos minutos para eu poder entrar e finalmente esquecer, ou tentar, essa vida.
- voo para Carolina do Norte, outer banks, última chamada
Me levanto indo em direção ao portão, depois de toda aquela burocracia para entrar, finalmente estava sentada no meu banco
Finalmente teria uma vida razoável
Por favor madrinha, não me decepcione

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