Genaro pegou uma taça de uísque, dos melhores que o Don tinha. Ele tinha uma adega, e o velho capanga mafioso sabia bem a arte de fazer drinques.
Havia uma ciência ali. A maneira de socar o gelo, mexer e misturar o malte, até o momento de cortar o limão e usar em rodelas. Matar não era a sua especialidade.Mesmo assim, Massimo ainda tremia. Mesmo com todo o cuidado que o próprio Don havia pedido que ele tivesse.
- Aquela noite no hospital. Genaro foi o inferno. Eu vi o inferno.
- Aaaaargh! Aaaargh!
- Está vivo!
- Aqui... Socorro!
- Está preso no gancho!Massimo foi retirado antes que a casa viesse abaixo. Não foi o único, houveram outros sobreviventes. Todos estavam participando do jantar macabro.
- Todos são estupradores? - perguntou o inspetor
- Sim senhor, eram todos maníacos sexuais procurados.
- Não posso dizer que estou infeliz com isso.
- Ponto para o tal Vigia do Cais senhor.
- Hum. Levem ele para o hospital. Eu quero saber dele o que aconteceu, quando ele estiver bem._____x_____
2 dias depois...no hospital da cidade
- Massimo, Vectrelli. Antiga família italiana de Cidade do Sul.
- Filho de mafioso? - disse um faxineiro
- Eu se fosse você não diria isso. Esse homem é podre de rico.
- Ele que vá com a riqueza dele para o inferno. Não tenho medo de ricaços.
- Sobrou algum presunto daquela casa?
- Uns dois, o matador arrancou os braços, mas o infeliz ficou vivo.
- Depois do que fizeram, eu acho é pouco.
- Bora voltar pro nosso trabalho.Massimo estava entubado. Enxergava com muita dificuldade e mal conseguia virar os olhos. Os dois empregados da limpeza haviam saído. Já eram quase oito horas e a luz da lua brilhava debilmente no quarto escuro.
Não teve tempo de procurar pela enfermeira, acabou adormecendo pela dor e o desconforto. O sono veio em vazio. E acordou ouvindo gritos. Gritos horrendos.
O hospital estava todo às escuras. Debilmente algumas luzes foram se acendendo. A luz da lua cheia entrava como uma lanterna. O que significava que era meia noite, ou por volta de.
Se sentia um pouco mais forte mas sentia dores. Olhou o carrinho com as injeções. Havia três. Provávelmente analgésicos via fonte venosa. Uma injeção pela metade. Ou seja, o tratamento para os forcados que rasgaram sua carne.
O silêncio era cortado pelo barulho irritante de faíscas elétricas, a tensão era um ruído. Se sentia um pouco tonto. E ainda estava com canos nos braços.
- Enfermeira. Enfermeira!
Nenhum sinal de vida.
O soro havia acabado. Mas estava todo enfaixado. Doeu muito quando retirou os esparadrapos. Estava fraco. Os canos saíram de maneira tão dolorosa quanto.
A visão parou um pouco de tremer. Conseguiu ver que o chão do quarto estava sujo. Rastros. Ainda estava tonto.
- Aaaargh!
Veio do corredor. Sujeira. Levou as mãos ao rosto. Sangue.
Havia uma cruz, com uma luz avermelhada.
O inferno não tinha acabado.
Estava escorregando em sangue."Is it the end, my friend?
Satan's coming 'round the bend
People running 'cause they're scared
The people better go and beware!
No, no, please, no!"Black Sabbath - Black Sabbath
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O Vigia
HorrorEm um bairro dominado pelo crime e a corrupção, surge uma força vinda das trevas para por as coisas no lugar. No terrível Bairro do Cais, a vida dos bandidos da região está pra se tornar um inferno. E a descoberta de um livro contendo uma história d...