1. devil in you.

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You got the devil in you
You got the devil in you
You got the devil, it's true
Your soul is black and blue
You got the devil in you”

CAPÍTULO REVISADO.
ATENÇÃO: Esse livro contém cenas de sexo explícitas logo no primeiro capítulo.

Eu não queria estar ali.
Como sempre.
Mas, ainda assim, eu não conseguia impedir meus pés de se moverem e me levarem ao consultório clandestino no centro da cidade. Bom, o consultório e o médico não eram clandestinos, mas a venda de receitas para qualquer remédio, controlado ou não, era. Ainda com a consciência pesada, parei no balcão e olhei de forma simpática para a recepcionista. Ela sorriu falsamente e eu novamente me perguntei porque fazia isso com a minha vida. A resposta me deu coragem para seguir em frente.

— Vim buscar minha receita. — Minha voz era um misto de vergonha e desdém.

Denise, como estava escrito em seu crachá, se levantou e foi até o armário de arquivos, de onde tirou um envelope branco e me entregou. Passei a ela os vinte reais equivalentes e saí dali tão rápido quanto entrei. No outro lado da rua, entrei na primeira farmácia que avistei e em passos cansados, comprei três vidros de clonazepam. — Ou como todos chamam: rivotril.

Eu devia parar de tomar essa merda.

Deveria, mas como não iria, abri um dos vidros e o levei até a boca, bebendo um gole meio a rua. Esperei que ninguém visse — e fofocasse — ao passo que esperava o gosto horrível sair da minha boca.

Meus lábios já estavam dormentes.

✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

Minha próxima parada era o bar ao fim da avenida principal. Minha mãe estava na cidade vizinha fazendo exames, então eu poderia beber até cair, sem medo dela descobrir. Com certeza, esse era o único lado positivo da doença que a assolava. Novamente eu estava parada num balcão, dessa vez, todo sujo e arranhado. Sentada num banquinho alto e desconfortável, eu observava a ironia estranha da minha vida.

Dezoito anos, viciada em Rivotril, alcoólatra e sem nenhuma perspectiva de futuro. Fuck.

Bem... alcoólatra não. Não é porquê eu bebo todos os dias que eu sou alcoólatra... Certo? Respirei fundo quando um copo de vidro engordurado foi colocado a minha frente, cheio de um líquido amarelado que lembrava urina.

Cachaça.
Cachaça pura.

As pessoas costumam achar extremamente estranho quando digo que minha bebida favorita é cachaça. Acham que sou um tipo incomum de pessoa. A verdade, é que cachaça é barata, e com o tempo, você se acostuma com o sabor afim de ficar bêbado. Noutro suspiro, pego a metade do limão que foi me dada, e jogo sal em cima dele antes de chupa-lo para encher a boca com o caldo e logo em seguida virar o copo da bebida.

Balanço a cabeça quando meu peito queima e solto um arquejo antes de pedir outra dose. Quando o atendente se vira para buscar, ouço uma risada rouca bem ao meu lado.

Já me viro pensando que vou me deparar com um velho chato me secando, mas o que eu vejo é totalmente inesperado.

Inesperadamente lindo.

Seus cabelos vão até a altura do queixo, quase encostam nos ombros. Sua pele é branca, mas bem corada pelo sol, como uma bala de coco recoberta por caramelo. O sorriso dele não mostra os dentes, mas faz as covinhas em seu rosto arredondado aparecerem.

Eu solto um suspiro de leve quando ele fala comigo, e sua voz é rouca como sua risada. Meus hormônios de adolescente estão em gritos dentro de mim.

professor é o car#lho. | CONCLUÍDO!Where stories live. Discover now