Capítulo único

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Se alguém dissesse para Uraraka que ela estaria abraçada ao garoto mais explosivo que conhecia enquanto chorava quase como uma criança, ela diria que essa pessoa estava louca. Se lhe falassem que ele a aconchegaria em seu peito enquanto lhe fazia carinho e dizia estar tudo bem, ela diria que era mentira e essa pessoa deveria procurar um psiquiatra – e rápido.

Mas era justamente isso que acontecia naquele momento.

Aquele dia havia começado da pior maneira possível. Primeiro foi o anúncio de que Midoriya e Tsuyu estavam namorando. Ela estava muito feliz pela amiga, de verdade, já que ao menos uma delas teve a sorte de ter os sentimentos retribuídos pelo colega. E depois, na hora do almoço, recebeu uma ligação de sua mãe, dizendo que os negócios estavam indo de mal a pior.

Tudo que ela mais queria era se tornar uma grande heroína e ser capaz de ajudar seus pais financeiramente. Mas o sonho parecia cada vez mais difícil de se concretizar. Ela se levantou calmamente da mesa em que estava com as amigas, pedindo licença e se dirigindo a passos rápidos para a cobertura, uma das áreas mais isoladas da escola. Só não contava que um certo garoto seguia seus movimentos com seus penetrantes olhos vermelhos, percebendo de longe que ela não estava nada bem.

Bakugou vinha observando Uraraka já havia mais de um ano, desde a luta que tiveram no Festival Esportivo do ano anterior. Agora ele percebia o quanto ela vinha crescendo e se tornando cada vez mais forte. Eles não eram tão próximos quanto a forte amizade que havia desenvolvido com Kirishima – e Ashido por consequência, já que os dois não se desgrudavam –, mas conseguiam manter uma conversa civilizada de vez em quando e realizar atividades em grupo sem se matarem, quando solicitado.

O loiro se levantou assim que ela começou a caminhar para fora do refeitório e a seguiu para onde a garota acreditava estar isolada. Bakugou chegou apenas alguns minutos depois da garota. Ela estava de pé em frente à grade de proteção, observando a paisagem com a expressão mais apática que ele já havia visto, enquanto grossas lágrimas desciam pelo seu rosto sem que ela nem se incomodasse em secá-las.

Vê-la naquele estado fez com que sentisse um aperto no peito e fez a primeira coisa que lhe passou pela cabeça: a puxou para um abraço. Uraraka se assustou quando sentiu alguém lhe puxando pelo braço, mas ao ver quem era se acalmou e aceitou o abraço de bom grado. Segurou-se na camisa de Bakugou enquanto chorava ainda mais. O garoto levou a mão à cabeça dela e começou a lhe fazer carinho, numa tentativa de acalmá-la – e que parecia estar dando certo.

— Você quer conversar? – ele perguntou em tom baixo.

A garota fungou alto e afastou a cabeça, permanecendo naquele abraço que Bakugou recusava a soltar. Balançou a cabeça afirmativamente e lhe contou entre soluços o que havia acontecido. Não soube exatamente o que lhe deu, mas sentiu tanta confiança vinda do loiro que contou tudo detalhadamente. Ao final, estava chorando de novo enquanto se martirizava por não poder estar com os pais nesse momento que eles precisavam.

— Você não deve ficar se culpando por estar aqui. Se você não estivesse nesse lugar fodido, não seria capaz de se tornar uma heroína e ajudar seus pais, como pretende no futuro.

— Eu sei, mas é que...

— Uraraka – ele a chamou um pouco bravo. – Você pode parar com essa porra de tentar achar desculpas para ficar se martirizando e aceitar o que estou te falando?

A garota se assustou um pouco e abaixou a cabeça. No fundo, deveria estar feliz com a oportunidade de estar na U.A., pois se estivesse em casa ou alguma outra escola mais próxima, com certeza não seria capaz de ser de grande ajuda mesmo. No momento não lhe era possível dar todo o dinheiro que gostaria, mas sabia que em um futuro próximo seu objetivo poderia ser alcançado.

ConfortoWhere stories live. Discover now