Cicatrizes Escondidas • Jikook

10

Jungkook acordou na manhã seguinte na cama do dormitório de seu melhor amigo. Ele piscou algumas vezes para ajustar os olhos à luz do sol da manhã que entrava pela janela. Logo, sentiu um par familiar de braços em volta de si enquanto a pessoa roncava alto em seu ouvido.

— Tae? — Tentou falar, mas sua garganta estava dolorida e rouca de tanto chorar e gritar na noite anterior.

Jungkook não se lembrava de ir ao quarto de Taehyung na noite passada, apenas de ser perseguido. Se desembrulhou do melhor amigo e rapidamente olhou em volta para se certificar de que ninguém estava perto, antes de puxar a camisa para cima para ver as cicatrizes que restavam da última vez.

Grandes contusões decoravam seu abdômen com pequenos cortes para complementá-los. Jungkook suspirou e decidiu tomar um banho rápido antes que o colega de quarto de Taehyung retornasse, mesmo que seu colega de quarto esteja provavelmente em uma aula de manhã cedo ou tenha adormecido em outro lugar novamente. Ele se encolheu quando a água atingiu sua pele abusada.

Hoje vai ser outro dia difícil, ele pensou para si mesmo.

Depois de lavar o sangue velho da pele — de crostas que foram reabertas na noite anterior —, ele vestiu as roupas que guardou na cômoda do amigo para essas situações e saiu do banheiro. Taehyung pulou da cama um pouco em pânico e depois relaxou vendo Jungkook do outro lado da sala.

— Oh, oi, Kook. Eu pensei que você desapareceu por um segundo. — Suspirou aliviado e caiu de volta em sua cama.

— Eu estava apenas tomando banho.

— Me espere um instante, vou tomar um também. — Se levantou e algum tempo depois ele retornou, já devidamente arrumado para as aulas. Jogou-se novamente na cama, de forma desleixada.

— Como eu cheguei aqui? Não me lembro de correr para o seu quarto. Aquele garoto novo e baixo estava me arrastando para algum lugar e... — Jungkook balançou a cabeça um pouco, tentando ignorar a dor penetrante que latejava em sua cabeça.

— Sim, na noite passada, o garoto estava pirando. Ele correu para o meu quarto e conseguiu acordar Yoongi hyung. — Jungkook assentiu lentamente e sentou-se ao lado do mais velho, nos lençóis azuis claros em sua cama. — Ele disse que seu pai foi à escola e viu que você estava com medo, então levou você para o quarto dele. Aparentemente, ele viu você desmoronar antes de desmaiar.

— Bem, merda — Jungkook gemeu.

Ele nunca quis que alguém o visse naquele estado. Taehyung era o único que sabia e ele confiava nele... eles passaram por tudo juntos e, basicamente, cresceram como irmãos.

— Mas eu tenho sua palavra, Kook. Eu disse a ele para nunca contar a ninguém o que viu e que deveria esquecer. Então eu trouxe você aqui.

— Obrigado, Tae. — Sorriu sem entusiasmo, antes de franzir a testa mais uma vez. — É melhor ele não contar a ninguém, mas... é estranho que eu confie nele para não contar a ninguém?

— Eu acho. — Encolheu os ombros. - Ele parece ser muito estranho.

— Tae, ninguém pode ser mais estranho que você. — Jungkook riu e ficou de pé, fora do alcance de Taehyung. — Extraterrestre.

— O que eu disse sobre esse apelido? — Taehyung gritou e correu atrás de seu melhor amigo.

Eles correram pela escola e desceram até a lanchonete. Jungkook sorriu olhando para Taehyung. Ele era mais rápido e tinha muito mais resistência do que o mais velho, este que bufou, tentando recuperar o fôlego enquanto caminhava até o mais novo.

— Eu odeio... você... por que você tem que ser tão bom em correr? — Ofegou.

— Eu corro muito. — Deu de ombros antes de pular, ainda cheio de energia.