Sky

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@DenomLv - vencedor do 1º Desafio de Quinta 

Regras dessa Quinta: 

- 500 a 1000 palavras

- palavras obrigatórias: relâmpagos, asfalto, morte, camiseta.

***DQ***


Era uma noite gélida. Os ventos cortavam uns aos outros. Uma das três luas transbordava sua luz púrpura. Esta entrando em contato com meus olhos que compartilhavam de mesma purpuridade. As demais estrelas enchiam o céu de uma beleza surreal. Aquela era minha visão favorita. Vez ou outra podia-se ouvir um estrondo semelhante a relâmpagos. Este vindo de um peculiar instrumento feito por um de meus irmãos.

Eu estava no centro de uma arena circular sem paredes a qual sua direita e esquerda estavam rodeadas de assentos, estes preenchidos por cada um dos outros deuses, abaixo dela apenas uma queda mortal para o mundo terreno. Vez ou outra eu ouvia um sussurro abafado "Não é perigoso deixá-la ao ar livre?" E sendo sempre respondido: "Não. Deus já lhe tomou suas asas".

Inesperadamente, cá estou eu. Em uma situação que um dia eu já havia previsto. Em uma linha do tempo que eu podia facilmente ter evitado.

Por que não fiz? -Talvez essa seja a pergunta correta.

Eu não sei responder. Até agora não consigo parar de rir de todo esse absurdo.

Por que diabos estão fazendo isso? Ganhariam meu respeito se alguém aparecesse e me afirmasse que tudo aquilo era só uma piada.

Eu riria e talvez me apegasse mais a seus desejos estúpidos. Ou não. Certamente não.

Mas não. Sei que não é um erro. Estou definitivamente sendo julgada como traidora dos céus.

Primeiramente, eles já estão errados em assumir suas opiniões medíocres como algo válido para julgar algum ser. Em segundo, estão errados em pensar que podem brincar com a existência.

Isso tudo está um saco. Desde de sempre eles ousam assumir um certo e um errado e através daquele condenar este. Isto é idiota.

Nada é certo neste mundo. Nada é errado neste mundo. E aquele ser patético ousa se colocar acima de todos.

Eles pareciam discutir suas asneiras sem fundamentos. Eu já não estava naquele mundo. Para mim os astros eram mais interessantes. Eu os fitava profundamente. Passo a passo eu me aproximava quando, subitamente, um grito veio a mim

-Pare!!

Meu olhar não volta para quem me avisou. Ele apenas se dá conta por alguns segundos que meu corpo estava bem na borda da circunferência. Abaixo dela parecia um azul sem fim. Uma morte certa.

Eu já sabia tudo que ocorreria naquele fatídico dia. Eu seria culpada. Eu seria ameaçada. E de novo seria enganada e aprisionada. Mas aquele seria o fim. Iria eu mesmo quebrar o destino. Meu corpo se move sozinho deixando a trágica reunião. Mesmo não olhando consigo senti alguns rostos pasmos com a minha ação. Eu rio como nunca ri antes. Contudo eu sou levada. Meu corpo começa a ganhar uma aceleração constante, logo eu colidiria com o solo. Mesmo na beira da morte eu não tenho muitos arrependimentos. Sinto que não estou deixando nada para trás. Por quê? Talvez por eu nunca me senti parte deste mundo.

Aos poucos meu olhar volta a fitar os astros. Aquele céu mais escuro que asfalto parecia me consumir, aos poucos. Era como se eu estivesse me tornando uma parte dele. Esta sensação unida a uma leve desaceleração. Fantasiosa? Talvez. Mas eu não ligava. Eu enfim estava livre. Não precisava mais se importar com o tempo.

Mas, por quê?

Por que alguma coisa dentro de mim parecia estar faltando?

Eu não deveria estar satisfeita por derrotar o destino?

Minha mão direita involuntariamente se estende para o céu. O meu coração se acelera por um momento. Todos os astros parecem clamar o meu nome. Sinto-me come se estivesse sendo puxada.

Foi neste momento que eu finalmente entendi tudo.

Eu queria alcançar o céu.

Eu queria voar e brilhar como uma estrela.

Eu não queria morrer. E eu não iria.

Neste momento uma sensação ardente começa a queimar dentro de mim. Parecia que em breve eu estaria em chamas e tanto minha bermuda quanto a minha camiseta se tornariam cinzas. Mas inesperadamente o calor se desfez.

Nisto, involuntariamente, eu voei. Voei como nunca fiz antes.

Meus olhos estavam úmidos, contudo meu sorriso era o que mais se destacava. Por fim minha mão parecia se aproximar cada vez mais dos céus.

Eu não me importava com as asas corruptas que nasceram das minhas costas, eu não me importava com o grito de fúria de meu pai que podia ser ouvido por todo o universo, nem mesmo com todos os meus irmãos que eu deixei para trás. Por fim, eu poderei alcançar as estrelas. E é isto que eu farei.

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DESAFIO DE QUINTA - MINICONTOSWhere stories live. Discover now