VOLTANDO PRA MIM

PARA UM EU NÃO TÃO DISTANTE

Quando a gente passa por um trauma, a gente esquece o verdadeiro proposito de estar vivo. E cada centímetro do corpo dói. Aquela dor nunca vai embora, ela vai estar sempre ali, na espreita e esperando um gatilho que ative as memórias mais profundas que você tem.
Claro que o processo de auto perdão não poderia ser diferente, é quase uma tortura, você ter que trabalhar insersantemente todos os dias para se convencer que você não é pessoa má, que aquele dia lá não foi sua culpa, que você não é insuficiente, que você não é fraca, que aquilo não tava sob o seu controle e você fez tudo o que tava ao seu alcance. Se perdoar não é uma tarefa fácil. Internalizar isso é um processo doloroso, leniente e que dia a pós dia, a gente tem que se comprometer a limpar as feridas para  elas sararem, a tomar os remédios nos horários certos para eliminar aquilo que te adoece por dentro. E é se cuidando que os anticorpos continuam a trabalhar na cura, fazendo novas células, dando início a um novo ciclo. Para que finalmente você possa dizer pra si mesmo que melhorou, que ali onde havia tanta dor, é apenas mais uma das cicatrizes que compõe a tua história, você pode voltar a sua vida normal, mas nunca mais você é o mesmo depois do trauma. A memória vai estar ali, você passa a evitar o lugar onde ela ocorreu, você evita contato, você ocupa a sua cabeça com qualquer outra coisa pra não voltar ao que você era, por que aquela sensação de impotência, desespero e tristeza volta esmagando cada membro. Eu não dá mais pra fugir disso, você tem que lembrar sempre que um dia vai voltar a doer, obviamente o conhecimento poderia ter sido adquirido de outro forma mas o destino e os caminhos fizeram com que você mesmo depois de toda a tormenta, chegasse aqui, viva. Não é sua culpa, você lutou como pôde e travou batalhas internas consigo mesma várias vezes, mas passou da hora de você aceitar que a vida não gira entorno disso. Você tirou forças de lugares inimagináveis mas agora é a hora de baixar a guarda, levantar a bandeira, limpar os estragos e se reconstruir, aos poucos, em passos de bebê e um dia você vai olhar para trás e nem vai lembrar de onde tirou toda essa coragem e determinação. E tudo vai parecer uma memória simples e distante comparada a imensidão de sensações maravilhosas que você ainda vai sentir.  Até que esse dia chegue, espero que você possa lembrar que é por meio dessa carta eu te liberto de todas as vezes que eu que te machuquei, menti, duvidei de você, de todos os dias, meses e horas em que joguei a culpa em cima de você, eu te perdoo por tudo, você é importante para a pessoa que eu sou hoje, muito obrigada.