Capítulo 5

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Paola virou o rosto desconfortavelmente, incomodada com o zíper da jaqueta que marcava sua face. Não havia se dado conta disso ainda, na verdade, que era um zíper. Sequer havia notado que estava acordada, ou acordando, no caso. Não havia se dado conta ainda de que estava nua e que o tecido macio ao redor de seu corpo não fazia parte de nenhuma roupa de cama, era apenas a jaqueta que Lola havia usado para cobrí-los durante a noite, não que ela tivesse consciência disso também.

Levou alguns segundos, entre despertar e lembrar-se da noite anterior, para se dar conta de onde estavam ou do que haviam feito, mas não se sentia incomodada. Não era a primeira vez de nenhum dos dois, mas descobriram ser ótimos fazendo aquilo juntos.
Evitando fazer barulho, ela abriu os olhos, passando as mãos por eles antes de buscá-lo ao redor.

Lola estava de pé entre as araras de roupas, de costas para ela, mas Paola ainda assim tinha uma visão um tanto quanto privilegiada de seu corpo. Os cabelos ainda bagunçados, os ombros largos e as costas com marcas de suas unhas. Lembrava-se claramente de mordê-lo algumas vezes e a lembrança lhe aqueceu imediatamente, gostando de ver aquelas suas unhas estampadas em sua carne também. Desceu um pouco mais o olhar, para suas nádegas, e teve apenas um rápido vislumbre delas antes que fossem cobertas pela calça que ele vestia, um jeans claro com aspecto surrado, mesmo sendo novo.

- Não precisa fingir que está dormindo, eu sei que está olhando. Sou bom demais pra ser ignorado. - falou presunçoso e ela sorriu irônica. Daria um desconto só porque ele realmente havia sido bom demais.

- Não sei o que te leva a pensar que eu estou fingindo. - ela respondeu sem se dar ao trabalho de levantar. - Não preciso dizer nada pra apreciar a visão.

- Definitivamente. - ele concordou, puxando um moletom já previamente separado sobre outra arara. Passou a peça pela cabeça e Paola não viu motivo para ignorar seu abdômen. Havia a marca perfeita dos seus dentes próximo ao local onde o havia mordido quando estava irritada e sentiu uma certa satisfação com isso também.

Paola se sentou, levando a jaqueta consigo mesmo que não se importasse muito com aquilo. Haviam feito coisas demais para se envergonharem agora e ela nem era o tipo disso, mas estava enrolada demais na peça para que conseguisse se livrar dela com facilidade. Só então, notou que também dormia sobre uma jaqueta almofadada e não tinha ideia de quando ou quem havia se lembrado de jogar qualquer coisa no chão para deitarem por cima.

- Ah, foi depois. - ele respondeu a pergunta que ela não havia verbalizado, jogando-se sentado ao seu lado enquanto ela lhe encarava com confusão pela resposta. - Ainda não leio mentes, sabe. - sussurrou com humor, inclinando-se sobre ela por um segundo. - Você está olhando para a jaqueta como se ela fosse te atacar. - explicou. - Fizemos isso no chão mesmo, e você só dormiu em cima de mim.

Ela ergueu uma sobrancelha de forma sarcástica ao lembrar.

- Se está tentando conseguir qualquer reação próxima a timidez ou vergonha,vai ter que fazer mais do que isso. - falou e ele riu, deitando-se ao seu lado com as mãos atrás da cabeça.

- E por acaso você é do tipo que sente vergonha? - perguntou retoricamente e ela negou. - Exatamente. - apontou em sua direção antes de gesticular para as araras. - Agora é sua vez de se vestir. - falou ele. - E eu vou ficar bem aqui olhando. - Lola piscou de forma convencida e Paola ergueu uma sobrancelha para atitude. Em provocação, quando se levantou, fez questão de levar a jaqueta junto e o garoto bufou. Lola voltou a se sentar para puxar a peça dela e Paola tentou segurar enquanto corria. Pareceu, de início, que daria certo, mas isso foi apenas até Lola decidir segurá-la pelo braço, a puxando de volta e fazendo com que caísse em seu colo por consequência.

- A gente não precisa de todo esse pano. - ele falou com toda a calma do mundo, encarando-a de forma séria o suficiente para abalar suas estruturas. Havia algo no seu olhar que a deixava psicologicamente abalada, perdendo apenas para a forma como sorria ou pior, a misturava os dois em um sorriso irônico, exatamente como o que ele soltou em seguida.

- O pano fica, já que você fez questão de se vestir. - ela respondeu, juntando seus lábios o máximo que podia sem tocá-los de fato, quase enlouquecendo quando o viu umedecer os seus com a língua.

- Você não reclamou enquanto me assistia fazendo isso. - falou ele, mantendo seus rostos tão próximos quando podia enquanto subia, discretamente, uma de suas mãos pelas coxas dela, não que Paola fosse capaz de ignorar. Ela segurou sua mão para que parasse e ele riu divertido.
- Não reclamei, tudo bem. - ela respondeu por fim, tirando a mão dele do lugar onde estava. - Mas isso não quer dizer que não te prefira sem roupa.


Paola se inclinou para beijá-lo em seguida, mas antes que o fizesse, no entanto levantou-se de seu colo, levando a jaqueta consigo até as araras. Lola bufou, insatisfeito, mas assim que se afastou pôde vê-lo sorrir satisfeito. Fingindo ignorá-lo, ela andou lentamente pelas peças de roupas, como se estivesse realmente muito interessada nelas. Terminaria, muito provavelmente, com jeans rasgado e um moletom masculino que fosse o dobro do seu tamanho.

- Lola, Paola?! - ouviram gritar do lado de fora e, imediatamente, Lola se colocou de pé. Se até mesmo Paola podia reconhecer a voz de J-Hope, não seria ele a ter dificuldade.
- Eles estão mesmo deixando que ele grite?! - Paola perguntou, perplexa enquanto Lola espiava.
- Devem estar usando apenas os clones. - ele respondeu e Paola negou com a cabeça mesmo que ele não pudesse ver, vestindo as primeiras peças de roupa. - J-Hope não vai ser afetado se algo acontecer.

- Continua sendo estúpido. - ela devolveu e ele concordou.

- Definitivamente. - falou, fazendo um bico insatisfeito ao se voltar para ela e encontrá-la já vestindo um sutiã preto. - Isso foi golpe baixo. - protestou e ela deu de ombros, vestindo a última peça em seguida.

- Temos que ir. - disse ela, se abaixando para pegar o cinto da calça onde prendia seu punhal. Não era seu lugar preferido, mas o cinto era importante já que nem sempre conseguiria escondê-lo na roupa.

- Lola?! - o clone J-Hope voltou a gritar bem na porta da loja no exato momento que eles saiam e Lola, sem perder a oportunidade, lhe deu uma joelhada, fazendo com que seus joelhos cedessem antes de jogá-lo para frente, fazendo com que caísse dos degraus e desaparecesse.
J-Hope apareceu com Julyana um segundo depois, inconformado.

- Precisava mesmo de tudo isso? - reclamou, fingindo estar muito bravo o que só soava ainda mais idiota vindo dele.

- Você fez clones burros. - Lola retrucou e J-Hope, o verdadeiro J-Hope, deixou o queixo cair.
- Passei a noite fazendo isso! Estou cansado!

- Estávamos perfeitamente bem. - Lola falou e Paola concordou.

- Trocaram de roupa? - Julyana perguntou, desconfiada, mas os dois eram bons demais em esconder coisas para se entregarem.

- Problemas irrelevantes de percurso, tivemos que improvisar.
- E as roupas se perderam no percurso? - J-Hope falou com certa dose de malícia que Lola preferiu ignorar.

- Sim, exatamente. - Lola devolveu com um sorriso forçado e irônico. - Agora onde estão os outros? Parecisamos continuar.

- E compartilhar informações. - Paola falou também, certa de que ele esqueceria e Lola concordou com um aceno de pouco caso, de tanto faz, mas ela contou o que havia acontecido ainda assim.

Não conseguia simplesmente ignorar o fato de terem mandado três homens tão perfeitamente treinados para pegá-los, como se fossem todos uma espécie de exterminador do futuro que estivessem lá justamente para isso, que já conhecessem todas as suas fraquezas. Já sabiam mais do que deveriam sobre eles de qualquer forma, e isso era sim intrigante, por mais que Lola quisesse negar.

Paola não sabia o que estava havendo de fato, mas sentia, no mais fundo do seu ser, que havia algo mais ali, a começar pelos três homens que os atacaram.


continua...

 Nosso DNA (BTS)Where stories live. Discover now