19.

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— Esse lugar é incrível. — comento percorrendo meus olhos mais uma vez pelo longo balcão de madeira retrô com os vários bancos altos onde algumas pessoas se serviam de tortas cremosas e milkshakes cheios de chantilly. É como voltar para os anos 60. — Estou me sentindo em Grease.

Esse é o objetivo de vir aqui. Voltar no tempo. — Miles rebate roubando, mais uma vez, minhas batatas recheadas de queijo.

— Foi ali que eu caí, não foi? — aceno com o queixo para o pequeno palco com alguns instrumentos postos. Ele confirma com um leve sorriso nos lábios.

— Sempre que olho para trás, consigo imaginar detalhadamente você tropeçando e caindo nos meus braços. — franzo a testa sentindo minhas bochechas esquentarem.

Eu não estava lembrada de cair nos seus braços.

— É fascinante as coisas que fazemos quando estamos bêbados. — comento brincando com o canudo do meu milkshake — Sempre fazemos o que realmente desejamos quando estamos bêbados. — por algum motivo, seu sorriso deixou de ser fofo.

— Quando estamos sóbrios também, como agora. — engulo o seco quando Miles se inclina aproximando nossos rostos, o vejo umidecer rapidamante os lábios antes de voltar a falar — O que está desejando nesse momento, Kyle? — indaga. Seu olhar desce para meus lábios, fixos somente neles.

Sinto meu lábio fomigar pela forma intensa que eu o mordo imaginando apenas a sensação de tocar os lábios vermelhos e atraentes de Miles. Percorro meus olhos pelo local me surpreendendo com o lugar vazio. Todos haviam sumido.

— Ninguém vai nos olhar. — ele sussurra a sentimenros do meu rosto.

Sentindo todo meu corpo fervilhar, avanço seus lábios o sentindo retribuir imediatamente derrubando nossos pedidos no chão. Subo na mesa agora vazia ficando de joelhos quando ele se levanta puxando minhas coxas me fazendo deslizarem para seu corpo os encaixando com facilidade.

As luzes coloridas fortes do lugar faziam minha cabeça girar em um efeito alucinógeno. Eu me perdi ainda mais quando seus lábios desciam para a pele de meu pescoço enquanto suas mãos seguravam firme minha cintura me trazendo para cada vez mais perto.

Isso é uma tortura. As roupas, o lugar, o fato do meu primo caçula estar nos observando agora mesmo com a cabeça inclinada em confusão.

— Espera.

Então eu acordo. Ofegante e perdida em pensamentos. Estava em meu quarto e ainda está escuro lá fora.

— Você está bem, Nella? — me deparo com meu primo caçula me observando com o olhar assustado. Ele carrega o coelho de pelúcia que sempre dormia abraçado — Teve um pesadelo?

— Mais ou menos isso, poco. — respiro fundo ainda com a cena de Miles sorrindo atrevidamente para mim e do seu rosto próximo ao meu — Já passou. — forço um sorriso sonolento.

— Posso dormir com você? Também tive um pesadelo. — aceno levantando a coberta o convidando para se aconchegar junto a mim.

Sem dizer mais nada, ele apressa o passo se deitando abraçado comigo com Carota, o coelho, entre nós dois.

— O que você sonhou? — pergunta esfregando os olhos de frente para mim.

— O monstro do pântano estava me perseguindo. — minto sem esforço. Essa parte da minha vida vai para o meu livro secreto de sonhos obcenos vergonhosos que ninguém nunca ficará sabendo.

— Eu também. — sorriu inocentemente fechando os olhos para dormir. Sorrio rezando mais uma vez para que tudo fosse apagado da minha mente. Como veria Miles amanhã na escola com esse tipo de pensamento na cabeça?

As Estrelas e Outras DrogasOnde histórias criam vida. Descubra agora