Crush - Imagine Bakugou Katsuki

Adorável

Após o esbarrão, Bakugou passou a ver a garota em todos os lugares da U.A.

Depois de uma semana vendo-a todos os dias, estava completamente irritado, a ponto de pensar em confrontá-la para perguntar o porquê de estar sendo perseguido. Mas essa ideia logo sumiu quando percebeu que ela não tinha a menor capacidade de seguir alguém. 

A garota era um desastre. Estava sempre andando para lá e para cá com caixas maiores do que ela, descendo e subindo escadas, esbarrando em pessoas, caindo pelos corredores. Na semana em que passou a vê-la por todos os cantos, Bakugou começou a se perguntar como ela ainda não tinha se quebrado inteira.

Era óbvio, para qualquer um que a olhasse por mais que dois segundos, que ela não era nada discreta. Ao mesmo tempo, por incrível que pareça, ela era totalmente imperceptível - a não ser quando estava trombando com alguém ou caindo nos corredores. Ela tinha um jeitinho estranhamente peculiar de não se destacar na multidão. Ao lado de qualquer outra pessoa, sua presença podia ser facilmente esquecida. 

Bakugou era observador. Essa era uma de suas características natas como super herói. Apesar de tentar disfarçar e negar, estava sempre reparando nas pessoas ao seu redor. E com ela não foi diferente. 

Em suas análises à personalidade da garota, acabou percebendo que ela não era idêntica ao Deku, como achou no início. À primeira vista, ela parecia irmã do imbecil - chorona, com grandes olhos verdes, sardas espalhadas pelo rosto e uma habilidade admirável de se machucar. Eles também tinham uma estatura pequena, mas em comparação com Deku (que tinha músculos distribuídos pelo corpo), a garota parecia muito mais frágil. Bakugou poderia derrubá-la com um peteleco, se quisesse.

Ela também tinha o rosto mais fino que o Deku e feições mais delicadas, femininas. Seu cabelo era claro e muito liso, com uma mecha sempre escorregando para cima de seus olhos, mesmo quando ela tentava prender os fios. Bakugou se perguntou se essa era uma das razões para ela cair tanto. 

Aparentemente, ela sempre estivera por ali, andando por aqueles corredores assim como ele. Bakugou só não tinha reparado antes - o que era esperado, já que os extras que frequentavam a U.A. não o interessavam.

Mas ela era intrigante, de uma forma que ele não conseguia entender. Não admitiria nem sob tortura, mas estava realmente curioso. O que mais queria entender era o porquê de ela usar luvas sempre, até mesmo nos dias mais quentes. Teria a ver com sua individualidade? 

Pensou em se aproximar e perguntar - ou melhor, exigir que ela respondesse. Mas Kirishima parecia não saber o significado de espaço pessoal e estava sempre ao seu lado, até mesmo nos momentos mais inconvenientes, e Bakugou não queria parecer interessado na garota. Porque não estava, é claro. Só queria entender sua individualidade, isso era tudo. 

Infelizmente, o Cabelo de Merda podia ser observador quando queria, e não demorou mais que uma semana para que ele percebesse que Bakugou não andava mais pelos corredores ignorando todos à sua volta.

- Eu não acredito! - ele gritou, de repente, endurecendo seus braços e os chocando contra a mesa do refeitório, produzindo um barulho que assustou outros alunos. - Bakubro, você ta interessado na [Nome]?

- Eu nem sei de quem você ta falando, seu merda! - esbravejou, irritado, mordendo seu sanduíche com raiva. 
   
- A menina que trombou com você semana passada! - explicou, inclinando-se na direção de Bakugou. Não estava sendo nada discreto, como sempre, e o restante do Bakusquad parecia surpreso com o rumo inesperado da conversa. 
   
Mina soltou um gritinho, virando-se na direção de Bakugou tão rápido que quase caiu do banco.
   
- Bakugou! Você tem uma crush?
   
Os olhos de Sero se arregalaram tanto que poderiam saltar das órbitas a qualquer instante. 
   
Bakugou amaldiçoou a si mesmo por ter ficado encarando a mesa da garota - [Nome], aparentemente -, tentando entender como ela conseguia segurar os hashis tão bem mesmo usando luvas tão grossas. 
   
- Eu não tenho nada! Nem sei quem é essa maldita! Morram! - gritou, se levantando da mesa mesmo sem terminar seu sanduíche, provocando pequenas explosões em suas mãos enquanto se afastava xingando todos os extras que insistiam em se sentar ao seu lado todos os dias. 
   
Essa cena não era incomum - Bakugou sempre acabava se irritando com alguma coisa na hora do almoço, então o resto do refeitório não estranhou quando ele saiu gritando e ameaçando explodir todos à sua volta. 
   
Nos dias seguintes, teve que aguentar os comentários não só de Kirishima, mas de Mina e Sero, que pareciam dispostos a infernizá-lo com esse assunto pelo resto de sua vida. Acabou lançando uma explosão na cara do Cabelo de Merda uma vez, mas como suas explosões não o atingiam, nada mudou. 
   
Evitou olhar para [Nome] outra vez, tentando voltar a ignorá-la como sempre tinha feito antes de se esbarrarem, mas foi mais difícil do que ele pensava. Às vezes, quando tinha certeza que ninguém estava prestando atenção, voltava a procurá-la pelos corredores, pátio e refeitório. E desde que seus amigos tinham insinuado que ele tinha uma queda pela garota, Bakugou começou a se sentir estranho.
   
No começo, o que tinha lhe chamado a atenção era a estranha semelhança com o Deku. Mas conforme notava as diferenças entre os dois, seu interesse em saber mais sobre ela só aumentava. O que era estranho. Ela era uma desconhecida, uma extra ainda mais extra do que os extras que o cercavam - sequer era do curso de heróis. A julgar por toda a parafernalha que ela sempre estava carregando, pelas manchas de óleo, graxa e afins que ele ocasionalmente via em sua roupa, e pela sua presença constante no corredor do Departamento de Suporte, ela só podia ser de lá. 
   
Então o que realmente atraía sua atenção para aquela garota? A curiosidade em saber o que ela tanto fazia com os equipamentos que estava sempre carregando, a personalidade completamente oposta à sua, as luvas ou o rosto adorável?
           
E quando foi que começou a pensar no rosto dela como adorável? Merda.
   
Ele não sabia. E não gostava disso.

-x-

Estou tentando ser o mais fiel possível à personalidade do Bakugou, mas ele já está no segundo ano e (na minha cabeça) faz terapia constantemente, então algumas coisinhas obviamente vão mudar porque ele está amadurecendo. Espero, mesmo assim, estar conseguindo manter a essência do personagem :)