capitulo 11

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Voltar para a escola é definitivamente a pior coisa. Talvez meu corpo tenha se acostumado a dormir o dia inteiro ou talvez eu só esteja me tornando uma preguiçosa.

Em minha defesa, a noite não foi fácil. Alternei entre pegar no sono pensando sobre Jackson e acordar apavorada com o pesadelo.

O que tem acabado comigo de verdade é que o pesadelo não mudou. Ainda sonho com Joshua morrendo e logo em seguida vejo a morte me perseguir com um sorriso presunçoso na cara.

Fecho a porta do meu armário sem animo algum, Emily esta tagarelando sobre como ter voltado com o meu irmão foi a melhor decisão da sua vida. A garota está mais animada que nunca, talvez tenha chego a hora dos dois finalmente começarem a se felizes juntos. E estou animada por eles.

Minha cabeça está latejando, mais do que consigo colocar em palavras. É como se alguém estivesse berrando na minha orelha desde que desci daquele maldito carro ontem de tarde.

Entro na sala de biologia acompanhada de Emily, que cantarola baixo alguma música que meu irmão gosta.

Mily é minha parceira de laboratório, então a mesma me segue até nosso lugar de costume.

Coloco os cotovelos na bancada e apoio minha testa nas mãos. Definitivamente não vou aguentar o dia letivo.

- Desculpe o atraso - diz uma voz desconhecida entrando na sala- Sou novo e tinha uma papelada enorme para preencher e acabou tomando mais tempo que o necessário - o desconhecido coloca as coisas, que quase caem de seu aperto, em cima da mesa e pega um giz para escrever na lousa.

Apesar de um pouco desajeitado, o novo professor é extremamente formal com sua aparência. O cabelo está perfeitamente alinhado para trás e sua roupa minunciosamente engomada parece ter sido feita sob medida

- O senhor Kazmirik teve problemas pessoais e terá que se afastar. Por tanto, serei seu novo professor de biologia até que ele volte - diz se virando e me dando, pela primeira vez, a oportunidade de analisar seu rosto.

Apesar de nunca tê-lo visto na vida, tenho a sensação de familiaridade. As expressões, a cor dos fios de cabelo, o tom de pele...

O homem caminha até a mesa e começa a procurar alguma coisa

- Amy, Whitmore não é o sobrenome do... - a voz de Emily me acorda e por instinto olho para a lousa

- Jackson - interrompo minha amiga, releio o sobrenome escrito de forma desajeitada- ele nunca me disse nada sobre ninguém, além da irmã

Olho para o homem novamente, é extremamente parecido com Jackson.

- Ele tem irmã?- minha amiga me olha confusa

- Sim, te contei que peguei algumas roupas dela quando dormi na casa dele - respiro fundo ao lembrar do motivo de ter dormido na casa do garoto.

Mily parece se lembrar e apenas concorda. Me volto para o professor.

Se o visse na rua, poderia facilmente confundi-lo com Jackson. Mas a cor dos olhos me faria notar que não é o garoto. O dourado que reflete de seu olhar é intenso o bastante para ser perceptível do fundo da sala.

As marcas de expressão são quase invisíveis. A voz um tanto madura. Não daria 30 anos ao cara.

Seus olhos caem em mim e um frio percorre minha espinha instantaneamente. Já vi esse olhar antes...

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