Ninguém está livre do passado quando este se resume a um filme de terror.
Um ano se passou desde que terríveis assassinatos abalaram a cidade de Oakfield pela segunda vez. Juntos, os sobreviventes tentavam recuperar a sanidade na Universidade de Wi...
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A frente do prédio dos dormitórios era alvo da fraca luz das viaturas que finalmente iam embora. O som dos carros se afastando gradualmente foi trocado pelo das vozes dos poucos estudantes que se colocavam ali na frente. Com os trabalhos prontos, a perícia liberou o prédio, mesmo que a lavanderia tivesse de ficar barrada por faixas por tempo indefinido. Os alunos que se mantiveram curiosos demais para aguardar dentro de seus dormitórios até a saída dos oficiais, acabou encontrando-se na forma de um pequeno mutirão diante do edifício, enclausurados no terror ao qual foram submetidos.
Num dos cantos, um pouco distante da maior movimentação dada pelos jovens que retornavam a entrar no prédio, Hayden observava de braços cruzados. Era uma verdadeira merda ter de vivenciar tudo aquilo longe de Amber, que ainda estava se recuperando no hospital, e sequer tinha alguém para fofocar sobre os assuntos. No entanto, acabou encontrando uma parceria bastante inusitada em Bethany, que estava ao seu lado.
— Isso aconteceu bem debaixo do nosso nariz — comentava Hayden. — E mesmo assim, ninguém teve a capacidade de salvá-lo. Não é estranho?
Mirou uma olhadela em Bethany. Desde que se encontraram, a morena parecia cabisbaixa e, no geral, era Hayden quem mais tagarelava, algo que parecia começar a incomodar sua companheira. De qualquer jeito, após tanto tempo ali, pela primeira vez a garota foi capaz de notar a forma como os olhos de Bethany sequer lhe encaravam em retorno uma vez sequer. Parecia extasiada, observando o prédio estaticamente.
— Olha, não fique assim — tornou Hayden. — Ele meio que mereceu.
Chutando que o estado de Bethany se dava pela morte de Benjamin, a loira sequer tinha conhecimento do real motivo. Pois para a outra, o fato de Blaire também ter sido alvejada naquela noite havia chegado aos seus ouvidos a pouco tempo. O mal-estar lhe preenchia ao saber que a tão nova amiga, não teria mais tempo para passar ao seu lado. Havia encontrado em Blaire algo novo, uma amizade que, mesmo que durando menos de um dia, demonstrou muito potencial para se tornar algo maior. Esse era o verdadeiro motivo para a sua tristeza. Sobre Ben, sinceramente, pouco se importava.
— Eu sei — respondeu Bethany. — Não estou com pena por ele, mesmo que seja horrível o fato dele ter tido um fim desses... — Meneou a cabeça, passando a mão pelos braços quando se arrepiaram. — Esse não é o motivo da minha tristeza. É pela Blaire.
— Oh... — Hayden expressou sua surpresa, sentindo-se mal por ter insinuado errado. — Ela era legal, do jeito dela. Fico triste também. Sinto muito.
— Ela não merecia isso. — Sentiu os olhos aguarem às poucas lembranças que tinha com a falecida. — Sabe, ela nem mesmo fazia parte disso tudo. O que a enfiou nesse caos foi sua sobrevivência na Gamma Zeta. Por isso o assassino foi atrás dela.
Um pouco sem palavras, Hayden não soube o que responder. Aquilo era assustador. O fato de alguém que nunca sequer havia sido escolhido para passar por tudo aquilo, acabar sendo morto pelo assassino somente porque foi capaz de continuar respirando por mais alguns dias, após algo que ele mesmo causou... Isso sim era horripilante.
