Ninguém está livre do passado quando este se resume a um filme de terror.
Um ano se passou desde que terríveis assassinatos abalaram a cidade de Oakfield pela segunda vez. Juntos, os sobreviventes tentavam recuperar a sanidade na Universidade de Wi...
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Encontravam-se todos mais uma vez sob o balançar do ônibus em movimento. A evacuação do hotel Five Seasons ocorreu de maneira menos calma do que planejaram. Batendo de porta em porta, chamaram os estudantes em seus quartos para o pátio central formado pelo estacionamento e juntaram-nos àqueles que continuavam festejando no gazebo. Linda e Wes tomaram a frente em explicar o que aconteceu, sem ocultar nenhum detalhe para que os jovens tivessem consciência de que o perigo era real. O motorista do ônibus não tardou em tirá-los dali, e em instantes encontravam-se na estrada, retornando para Winchester.
Cobertos pela noite e a escuridão no interior do ônibus, leves murmúrios vinham de todos os lados, nenhum alto o suficiente para dizer que era uma falação. Temiam abrir a boca demais, cada estudante preso em sua conversa privada com os colegas mais próximos, cochichando entre si sobre o que tinham ouvido ter acontecido. Sentada num assento diferente, dessa vez acompanhada de Owen, Hayden tentava não ligar para a forma como algumas pessoas lançavam olhares em sua direção, assustados pela situação.
Após tomar um banho e vestir roupas limpas, a garota foi a última a chegar ao automóvel e a tensão de passar pelo corredor central, feito uma modelo na passarela, quase a fez desistir da ideia de embarcar no retorno para a universidade. No entanto, manteve-se forte o bastante para aceitar o banco ao lado de Owen, tendo cedido sua companhia a Asher para auxiliar a menina. O outro não se importou, mantendo-se no assento da frente, mas virado para os dois para ficar por dentro da conversa que se prosseguia. Wes, Daisy e Linda continuavam ao fundo, nos últimos bancos, tomando conta de todos eles.
— Por que não tenta dormir um pouco? — perguntou Ash, manso.
— Não consigo — murmurou Hayden, parecendo emburrada e, ao mesmo tempo, entristecida. — Toda vez que fecho os olhos, sinto que estou enfiada naquela máquina de novo. — Vibrou pela lembrança, uma vibração parecida com a do frio que sentiu momentos antes, este que quase tornou-se fatal. Um minuto a mais sem ser encontrada, e estaria morta.
— Ele foi brutal — comentou Owen. — Ainda bem que te salvamos.
Levada por um instinto odioso, Hayden reclamou:
— Era o mínimo. Mas obrigada.
Ignorando a parte má do comentário, Owen balançou a cabeça.
— Daisy foi atacada também — lembrou Ash. — O assassino foi radical.
— Talvez a ideia era que uma de nós acabasse morta — teorizou Hayden.
— Ou então, foi só um susto — soltou o sobrevivente. — E ele esteja preparando outra coisa pior, e mais fatal. É isso o que me assusta, e me preocupa.
Desviando os olhos, seus companheiros observaram pela janela. As árvores passavam voando, o asfalto também. A única coisa a iluminar a noite era a lua, enorme no céu escuro, encoberta parcamente por algumas nuvens. O ônibus, com seus faróis, abria caminho pela estrada quieta e deserta. Demorariam poucos mais de uma hora para chegar ao destino, levando em conta que o hotel tinha sido deixado para trás a quase duas horas.
