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This road can't be mine, can't be mine


Manoela sentiu as unhas afundarem na palma da mão, a dor de ter a pele cortada não parecia lhe assustar e logo a pressão fez com que pequenas gotas vermelhas escorregassem por sua palma e dedos, eram quentes e viscosas, inconscientemente, Manu colocava mais pressão contra os machucados, fazendo-os se tornarem mais profundos.

A dor passou dando lugar a ardência no momento que um tecido gelado e molhado ocupou o lugar de suas unhas, assustada, Manoela abriu os olhos para encontrar Rafa sentada ao seu lado no banco do piano. A mais alta conseguiu livrar suas mãos do aperto e agora apertava simultaneamente dois panos molhados em cima dos cortes.

O silêncio dominava o estúdio, e Manu agradeceu Rafa estar focada em seus machucados, assim ela não iria ter que encarar os olhos verdes preocupados. Algumas lágrimas escaparam de seus olhos, as sentiu escorrer por seu rosto e então pingarem na roupa que usava. Isso pareceu chamar a atenção da mulher a sua frente, já que agora a mais alta lhe encarava com um olhar repleto de dúvidas e preocupações.

— Quando a Mari notou que você fazia isso, eu ignorei, disse que era só impressão dela. — Rafa começou apertando mais o tecido em seus cortes, Manoela deixou um pequeno gemido de dor escapar ao sentir a ardência aumentar. — Quando a Catarina disse que suas mãos estavam cheias de arranhões depois da final, eu ignorei, pensei que seria por conta do nervosismo.

— Rafa... — a cantora tentou falar, mas sua voz falhou.

— Não. — interrompeu, a voz embargada e os olhos cheio de lágrimas fizeram o coração de Manu doer. — Não tenta dizer que tá tudo bem, todo mundo sabe que não tá. — a mineira abaixou o olhar e Manoela o seguiu, encontrando os olhos verdes encarando suas mãos machucadas. — Todo mundo, menos você.

— Eu estou... — tentou novamente, mas suas palavras fizeram com que Rafaella soltasse uma risada sem humor.

— Quando você vai parar de se enganar? — perguntou voltando o olhar para seu rosto, Manoela se sentiu pequena sob aquele olhar, encolheu os ombros sem perceber e abaixou a cabeça evitando olhá-la. — Olha pra mim, Manoela.

— Não... — sussurrou, um nó se formou em sua garganta e suas mãos começaram a tremer fazendo com que Rafa às apertasse para mantê-las quietas.

— O que tá acontecendo com você? — Rafaella questionou aumentando o aperto ao ver que suas mãos não paravam de tremer. — Você não é a mesma desde o quarto branco.

— Não fala o nome de lá. — suplicou tentando livrar as mãos do aperto da mais alta.

— Por que não? — Rafa aliviou o aperto e observou as pequenas mãos tremerem entre as suas, o nervosismo de Manu não parecia aliviar a mágoa que Rafa tinha na voz. — Você sempre pede pra não falar o nome de lá, e nunca diz o porquê. Por que não podemos falar o nome de lá, Manoela?

— Para com isso. — pediu sentindo o peito arder e um soluço sair de sua boca, não queria chorar ali mas estava se tornando muito difícil segurar as lágrimas.

— Por que não podemos falar sobre o quarto branco?

As palavras de Rafaella fizeram com que uma pequena chave virasse na cabeça de Manu, fazendo-a cair em um choro desesperado. A cantora puxou com força suas mãos da posse de Rafa e abraçou o próprio corpo, sentindo a cabeça latejar e as lágrimas banharem seu rosto.

— Merda, desculpa, desculpa. — em um ato de desespero Rafa tentou se aproximar da menor, mas foi impedida por uma mão em seu ombro, Bianca lhe olhava decepcionada.

Quarto Branco [Ranu]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora