Capítulo 2

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Diego

Raquel estava roubando docinhos.

A mulher que eu chamava de metida por ter um paladar refinado gostava de um simples brigadeiro às escondidas? Era bom saber que havia mais além da superfície. Eu já desconfiava disso, claro, porém ela nunca me deixava aproximar tanto. E, porra, eu queria!

Ela não tinha me visto quando, com as mãos cheias de bandejas, se aproximou da mesa no quintal de Miguel e começou a arrumar. Pensei em ajudá-la, porém fiquei quieto quando Milena se aproximou. Foi engraçado ver a garotinha desarmá-la com tanta eficiência. Eu, claro, não resisti e tive que provocar um pouco.

A festa começou a encher de gente e eu fiquei encarregado da churrasqueira. Conheci pessoas novas, como um tal de Matheus e uma senhorinha muito engraçada, Dulce e também cumprimentei Oscar, Carla, Roberta e mais alguns outros que conheci em uma festa anos atrás.

Ah, aquela festa...

Fazia pouco tempo que Raquel tinha voltado de Paris e eu queria revê-la, então implorei para que Miguel me levasse. Valeu à pena, já que depois de bebermos demais e decidirmos por dormir na casa do amigo deles, ela veio a mim durante a madrugada. Eles me deram o sofá da sala de televisão para dormir e estava quase me entregando ao sono quando ouvi os seus passos sorrateiros. Olhei para trás e lá estava ela, emoldurada pela porta.

"Eu vim beber água...", disse tentando disfarçar o real motivo de ter ido à sala de estar.

Apontei para o cômodo do outro lado da casa, atrás dela:

"A cozinha é para lá".

Raquel mexeu em uns fios soltos do cabelo, indecisa no que fazer a seguir. Eu facilitei sua vida, levantando-me do sofá e caminhei em sua direção. Seu peito se elevou em uma respiração profunda, tinha a sensação de que ela poderia fugir a qualquer momento. Já tive namoradas antes, mas nenhuma recente. Apenas casos rápidos e com a profundidade de um pires. Com ela, entretanto, eu tinha vontade de descobrir onde poderíamos ir. Havia uma estranha sensação em meu peito, dizendo para investir. Um aviso de que poderia ser épico.

Infelizmente, a minha história com Raquel era composta de fragmentos. Pedaços de um mosaico torto que não poderia ser nomeado como relacionamento. Éramos uma foda casual, no máximo colegas de trabalho com um amigo em comum. Os dedos dos nossos pés descalços se tocaram, era o mais perto que eu me permitiria ir. Se ela me queria, teria que engolir o orgulho e pedir.

"O que você está fazendo?", perguntou. A cabeça pendeu para trás e ela me encarou nos olhos. Seus lábios se partiram entreabertos e eu podia sentir o desejo emanando dela como uma entidade viva.

"Eu que deveria fazer essa pergunta, Raquel", segurei a vontade de tocar nela, "você não veio até aqui em busca de um copo d'água. Nós dois sabemos disso".

Entre tapas, beijos e bebês! (amostra)Where stories live. Discover now