Não fique tão distante.

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POV Liana Romano

Qual o momento exato em que estamos realmente plenos de felicidade? Especialistas dizem que, a felicidade em sua forma mais genuína aparece entre os 23 e 28 anos de um indivíduo. Mas não era o meu caso.

Olho para Luca e vejo uma expressão dolorosa e arrependida. A mesma que com certeza eu fiz quando vi Lens vivo.

- Não se culpe. - volto à falar - coisas acontecem porque tem que acontecer. - repito.

Finalmente Luca parece ouvir minha súplica silenciosa e me encara diretamente nos olhos, eu deveria estar horrível, podia sentir meu rosto latejar em várias partes.

- Lia... tem tanta coisa para te contar... - começou a falar mais foi interrompido por dois toques na porta seguido de um Ramon cauteloso.

- Oi, bonequinha - se aproximou - Vejo que está melhor. - sorri fraco em resposta.

Ramon se virou para Luca em uma espécie de telepatia em uma bolha que envolveu eles em seus próprios pensamentos.

- Lia... eu preciso roubar o Luca por um tempo e... - Luca o interrompeu.

- Pode falar, Ramon. - disse firme - Eu iria ter essa mesma conversa com Lia. - certo, a história da telepatia realmente me assustou.

Ramon pareceu ponderar muito antes de se sentar na beirada da cama, de frente para Luca e de lado para mim.

- As suspeitas de Pietro... - suspirou pesado - Olha, você pode não gostar mas... tem um nome em especial que me chamou à atenção.

- Diga. - Luca disse se recuperando na cadeira.

- Então... Fergus fez uma linha de investigação em quem poderia saber sobre o acordo, e canalizou as nossas relações com o mundo nos últimos dois anos, chegando à uma única conclusão. - Ramon olhou para mim e depois para Luca e eu agora tinha certeza de que algo grave aconteceu durante o meu apagão mental. - Erick Hard, que obviamente foi descartado. - engulo em seco - Pietro Ricci, obviamente descartado e... - olhou para Luca com olhos vacilante. - Caterine Veers.

O corpo de Luca se transformou em uma verdadeira bola de fogo e o aperto de sua mão na minha se tornou estrangulante, automaticamente meu corpo reagiu à pitada de adrenalina me provando que dali algumas horas eu já estaria pronta para outra.

- Isso é impossível... - Luca rosnou entredentes.

- Nós nunca saberemos, Luca... - passou uma das mãos pelo rosto em um tom de desespero, frustração e cansaço mental - Quando você saiu do escritório, Pietro contou que flagrou Caterine mexendo em suas gavetas uns dias após o casamento. - suspirou aliviando os ombros de ter largado o peso de suas próprias palavras.

Eu os olhava ainda com a mesma expressão curiosa, confusa e tensa. Hard, Pietro, Caterine... Caterine? Acordo! Acordo? Nunca saberemos. Nunca saberão?

- Já podem me contar o que está acontecendo. - tentei soar firme mas a porra da minha voz ainda estava falha.

Ramon pousou uma de suas mãos sobre um dos ombros de Luca e saiu cambaleante como se estivesse prestes à cair. Encarei Luca ainda na mesma posição, só que dessa vez, com o olhar distante, vago e frio. Forcei a minha mão sob a sua e ele me olhou parecendo sair de seu transe.

- Olha, não faça isso. - comecei - Não fique tão distante. - acariciei seus dedos e Luca pareceu se lembrar de como respirar. - Sei que tenho sido covarde nos últimos dias... Mas quero que entenda como meu time está desfalcado nessa situação.

Luca se inclinou sobre mim e pousou sua cabeça em minha coxa, eu movi uma de minhas palmas para seu cabelo. Luca estava frágil, como no dia da celebração.

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