18 - Jupiter

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18 de novembro de 1979 Dublin - Irlanda.

Quatro dias era o que nos separava da abertura da Crazy Tour - um projeto ousado de shows mais intimistas que contemplaria 20 shows até o natal. Talvez eu estivesse doida quando concordei com isso, mas quem se importa agora?

A primeira parada era Dublin, a Irlanda era um país que me fazia me sentir como se estivesse em casa, talvez a cultura celta nos aproximasse e isso me fazia lembrar a Escócia, mas de qualquer forma nós não tínhamos leprachauns.

Ah – eu fiz aniversário antes que eu me esqueça de mencionar, e obviamente estando em Putney se tornou um evento para os Deacon, os pequenos Deacon, e todos aqueles que me amavam, menos Freddie já que ele estava muito ocupado com o Prenter. Não que isso me incomodasse, mas – dane-se!

Vinte e cinco anos, os cabelos brancos começam agora? Deveria começar a me preocupar com possíveis rugas? Naquela época estar próxima dos 30 era correspondente aos 60 anos.

"Julie!" Roger tocou no meu ombro me despertando de meus pensamentos.

Já estávamos no Royal Dublin Society onde o show seria realizado, apenas para 600 pessoas o que era inédito. Toda a equipe estava a vapor, o palco sendo montado, as luzes, instrumentos regulados – era como estar de volta a 1977.

"Roger!" Eu ralhei e acendi um cigarro enquanto ele me arrastava até o centro do palco. "O que você precisa?" Perguntei enquanto o movimento intenso dos roadies e equipe de som continuava.

"O Fred ainda não chegou e queríamos testar a acústica sentir como é – você sabe tem muito tempo que não tocamos em um espaço menor." Ele pediu com os olhos azuis pedintes.

Revirei os olhos e exalei a fumaça de nicotina enquanto tentava controlar um ataque de raiva. Freddie simplesmente ignorou o voo privado que eu havia reservado para a noite anterior,  tudo bem que Dublin não é longe de Londres, mas aquela atitude era quase como uma afronta para mim. Nós não nos falávamos desde o episódio de ciúmes. E sim, crazy little thing called love estourou como a música do momento.

"Você e Brian cantam, não precisam que eu faça isso." Eu falei segurando meu cigarro entre os dedos e ele se ajoelhou na minha frente me fazendo revirar os olhos.

"Mas você tem uma extensão vocal ótima! Sabe que o teste vai ser muito melhor que se fosse eu ou o Bri–"

"Não." Eu afaguei os cabelos loiros rebeldes e ele estreitou os olhos.

John e Brian estavam entrando no palco enquanto a cena com Baby Rogah se estendia.

"Você vai mesmo me desafiar?" Ele falou com um tom ameaçador o que eu achei engraçado.

"Sim?" Eu arqueei minha sobrancelha desafiando ele.

"Brian, John! I'm in love with my-"

"NÃO!" Eu bradei rapidamente e corri para o microfone que Ratty havia acabado de montar.

Roger sorriu para mim e piscou, John e Brian também pareciam se divertir. Eu resolvi admitir para Roger quando estava bêbada em meu aniversário que eu odiava a obra prima dele. Ele obviamente passou a usar a música dele para me convencer a tudo e qualquer coisa.

"Eu canto, mas eu escolho a música." Falei tomando o microfone de Freddie em minhas mãos.

"Sendo ameaçada de novo Julie?" Brian perguntou rindo com a Red Special em mãos.

"Aye– ele é um idiota." Ratty parou ao meu lado e ligou o microfone para mim.

"Rog!" John falou rindo vindo até a mim com o baixo dele. "Então alguma música em especial?" John perguntou enquanto eu tragava lentamente mais uma vez.

The Game Of Love {LIVRO II - SOMEBODY TO LOVE}Onde histórias criam vida. Descubra agora