Capítulo 9

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“Não é justo, apenas me deixe aperfeiçoar isto
Não quero viver uma vida que foi compreensiva
Porque pensando melhor seria uma má ideia
Agora me alcance ao sair daqui
Então me alcance estou saindo daqui”
New Pespective — Panic At Disc


Azriel

Olhando por alguns segundos, Az teve a impressão que o rosto humano dela havia se tornado feérico como o dele. Contudo, tão logo que a perguntou o que aconteceu com o rosto de Deviant, num piscar de olhos, a mulher ser afastou, para olhar-se num espelho e por final disse:

— Pelos deuses! Eu sou linda! Já tinha me esquecido disso!

Caminhando por detrás da figura feminina, o espião olhou por cima do ombro da mulher e viu o rosto humano, não feérico que pensou ver, sorrindo encantado no espelho. O que fez o macho largar sua arma no chão e se aproximar mais dela. Já que a mulher apesar dos olhos negros não estava com desejo algum de machucá-lo, como pensou a princípio.

— Deixe-me vê-la melhor. — repreende a criada que parecia saltitante com seu reflexo, a virando em sua direção.

E assim com uma refeição e uma quase noite toda de sono ela estava simplesmente outra. Seu rosto cadavérico assumiu uma forma saudável, mesmo seus olhos fundos já pareciam mais cheios de vida. Como se fosse mágica. Que ele sabia ser algo do caldeirão.

— Deixe me olhar melhor no espelho! Não vejo a mim faz muito tempo... — reclamou voltando ao objeto estúpido.

A magia antiga nela empestiava todo lugar com seu cheiro característico, como se Deviant tivesse sido jogada no caldeirão e ressurgisse naquele instante ali. Bonita, feliz e saudável.

— Onde esteve? — pergunta ao recordar-se que ela havia entrado no quarto como um tipo de desastre da natureza.

Certamente a voz que escutava a deu alguma ordem. Alguma que contribuiu para a melhoria da mulher. E ele precisava saber qual foi.

— Essa é uma ótima pergunta, mas lhe digo uma melhor: o que havia de errado com meu rosto? Estou perfeita! Vê isso? Pareço ser eu mesma novamente! Minha pele está um pêssego! — ignorando ele, obriga o macho a tirá-la da frente do espelho, iluminado pela luz da lua que entrava no quarto, guiando a humana até a cama, na escuridão completa.

Aquela autoestima elevada lembrava muito a de seu Grão Senhor, se não fosse impossível, seria interessante ver Deviant e ele no mesmo lugar, discutindo a cerca de quem era o mais bonito no cômodo. Algo que certamente não fazia sentido pensar sobre, Az pensou tardiamente.

Já que a  humana jamais iria com ele a lugar algum. Nem mesmo queria isso.

— Sente-se. — pede à ela que o encara impaciente.

Bufando como uma criança birrenta, a criada se sentou contragosto, antes de fazer uma expressão assustada.

— Consegue ouvir isso? — Deviant perguntou num sussurro.

Ficando em silêncio, não escuta nada até que se põe em sua forma feérica parcial e então seu redor muda. Pois suas sombras tinham muito a dizer.

— Você consegue ouvir as sombras. — conclui sendo ignorado pela mulher, que alheia ele cobriu seus ouvidos incomodada com as vozes.

A Terceira Rainha saiu na calada da noite, assim como a primeira, contou a primeira sombra.

A morte de Rowan estava sendo investigada por outros dois guardas amigos dele, assim como sendo escondida de Azriel por acharem que ele iria usar a morte daquele bastardo para fuçar em mais sobre o castelo. Coisas que as Rainhas não queriam que ele soubesse outras sombras o avisaram.

Como por exemplo uma carta, cuja finalidade era de guardar por escrito o feitiço que libertaria a rainha humana amaldiçoada de seu cruel destino. Carta essa que as Rainhas pretendiam usar para dissuadi-la a voltar para aquele lugar terrível, o que não aconteceria por ele.

Pois a humana havia ajudado na guerra e se fosse necessário, pegaria a maldita carta ele mesmo e a daria de bom grado. Como recompensa por sua sabia escolha na grande guerra após a queda do murro.

— Pode pedi-las para calar a boca? Realmente não quero ouvi-las! Minha cabeça dói muito... — Deviant reclama chorosa.

Pedindo silêncio as sombras, Azriel vai até a mulher, a ajeita na cama e após vai até a varanda, onde ela poderia ficar dormindo em silêncio absoluto como queria.

— Algo mais que queriam dizer? — perguntou após o relatório extenso dos seus olhos e ouvidos no castelo.

As dispensando num único gesto, retornou ao quarto, onde a criada estava deitada, mas não dormia. O fazendo ir até ela para saber se o incômodo passou.

— Precisa aprender a criar uma barreira mental. Caso contrário elas falarão o tempo todo e irá enlouquecer...

Dito isso se sentou na cama e observou de canto de olho Deviant se arrastar para fora das cobertas, indo até ele.

— Eu matei uma delas hoje e creio que deva ser o motivo do sumiço da sexta Rainha, meu senhor. — conta a Az que sente a mão dela tocar seu ombro.

Em seguida a criada se põe a massagear suas costas com um cuidado e delicadeza que nunca recebeu antes de nenhuma fêmea. Pois no geral suas parceiras sempre sabiam bem serem práticas e irem até o único ponto que as levava até ele, mesmo quando o encantador de sombras deixava claro não querer mulher alguma. Ao menos não para um relacionamento. Visto que, embora quisesse muito Mor, tinha necessidades e precisava de sexo para não ficar muito agitado ou sentimental.

— Não tem mãos de criadas. São muito finas e delicadas para alguém nascida na plebe... — comentou sem pensar a respeito, vulnerável sem arma nenhuma por perto.

Gesto que poderia ser um grande erro se a mulher em questão quisesse o fazer algo. Entretanto, como estava naquele momento, com sua postura mais firme que nunca, lutando contra uma ereção fora de hora por uma lembrança do sonho que teve com sua parceira, que tinha mãos tão delicadas quanto as dela com toda certeza, acabou forçando indiferença aos comentários de Deviant. Que não parava de falar sobre o quão forte ele parecia ser apesar de ser muito preguiçoso.

— Não precisa deitar-se comigo para me agradecer. — informando a criada a faz parar por uns segundos antes de retomar sua massagem.

A humana não sabia, mas de uma maneira geral estava tornando toda ordem que Az criou, suas próprias regras  e proibições um grande caos descontrolado. E ele sempre se orgulhou de estar no controle de si todo o tempo. Pois perdê-lo significava muito mais que cometer um erro e não admitia falhar de qualquer forma que fosse. Especialmente durante uma missão.

— Sei perfeitamente onde posso ir, meu senhor. Alguém como eu, humana, não atrai alguém como o senhor, mas nada me impede de tentar relaxá-lo. Tenho mãos boas para isso... Quero ajudá-lo, mas reconheço meu lugar, não se preocupe.

Fechando as mãos em punhos, pois ouvi-la era como escutar a si mesmo quando pensava em tentar fazer algo a respeito de sua situação platônica com Morrighan, Azriel precisou controlar-se muito para não soar bruto como era o que poderia ser. Uma vez que brigar com ela não mudava nada o espião e o que pensava de si mesmo.

— Nunca sinta-se forçada a parar ou não ir a algum lugar por não achar ser o suficiente, Deviant. Se for bom, tente. Não se sujeite a pequenas coisas, a senhorita é do tamanho que quiser.

Ver alguém agindo como ele, se condicionando a aquilo que achava merecer ou não era péssimo. E começava a entender a maneira como sua Grã Senhora Feyre sentia ao escutá-lo falando sobre a sua situação com Mor.

— Obrigada, senhor!— ela retrucou ainda passando suas mãos pelos ombros dele.

— Azriel é melhor! Não me trate com essa formalidade. Faz parecer que tenho um milhão de anos. A garanto que pelo menos uma parte disso tenha, mas ainda sim, sou tão jovem quanto você...

Começando a dizer a escuta rir e com isso trava por completo ao pensar: A risada dela não era a mesma que a de sua parceira na visão que teve?

Notas finais
Será gente??? Muahaha

A Rainha Das Sombras Where stories live. Discover now