Capítulo 38 - Não é necessário ser fácil, mas é preciso ter coragem.

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Pov Christian

Desde muito cedo fui obrigado a conviver com as perdas, eu sempre amei a Anastásia, mas ela não me dava chance. Se rendeu ao Jack e o mundo dela parecia não ter espaço para mais ninguém.

Quantas vezes desde que estamos juntos, perdemos um ao outro?
Quantas vezes nos perdemos de nós mesmos?

Entre idas e vindas, brigas, desentendimentos, contratempos... estando entre a vida e a morte ou não, sempre damos um jeito, tudo se torna irrelevante diante do que sentimentos.

Mas tenho certeza que nada se compara ao que iremos enfrentar agora.

Em alguns momentos pode parecer que ela lutou sozinha, e tenho que admitir que por mais que eu quisesse... não poderia ajudá-la, estava muito fora do meu alcance.
Isso dói, me maltrata por dentro.

Ana, minha querida... se eu pudesse tomaria todas as suas dores para mim.
Me perdoe, mas eu não posso.

A única garantia que posso te dar é que eu estarei com você até o fim, não importa o desfecho, eu estarei segundando sua mão.

...

-- Sr. Grey?

-- Sim. -- Eu esperava pelo pior, meu corpo, minhas ações, falas... estavam em modo automático. Funcionavam por funcionar, o meu eu estava muito distante.

-- Não tem outra maneira de te dizer isso, então vou ser direto e breve. Fizemos o que estava ao nosso alcance.
Bom, a gestação da Srta. Anastásia era complicada...

-- Doutor, me desculpe... sem querer parecer rude, mas vamos pular essa parte. Eu sei tudo o que pretende me contar. Apenas me diga eles sobreviveram?

-- Bom, ela teve aborto espontâneo antes mesmo de chegar ao hospital, podemos considerar um milagre, pois do contrário haveria uma complicação em pouco tempo e a Anastásia correria risco. Infelizmente não temos como saber ao certo, mas muito provavelmente o feto perdido no aborto era o que estava em desenvolvimento, pois o que fomos obrigados a retirar não demonstrou nenhuma evolução. Sinto muito lhe dizer Sr. Grey, mas não tivemos muito o que fazer, o feto já estava morto então fizemos a retirada. O corpo reagiu ao que estava colocando a saúde dela em risco.

A musculatura da minha face falava por mim. Não quis entrar em desespero, talvez eu estivesse a esse ponto, mas a Ana ia precisar muito mais de mim, do meu apoio, eu precisava ser forte.

-- Como ela está?

-- Ela esta dormindo, mas o Sr. poderá vê-la agora mesmo.

Com lágrimas nos olhos, penso em como a Ana iria reagir, pois sei que ela queria lutar até o fim por nossos filhos. Nós dois tinhamos a esperança de um milagre. Senhor, eu te peço que dê forças a ela, que ela seja confortada...

-- Dr. nós poderemos ter outros filhos? -- A pergunta escapa sem que eu pense muito... mas é uma pergunta sincera, eu pensei que não poderia ter filhos, nunca tive a oportunidade de contar, mas meu exame havia sido trocado... maldito laboratório, e por conhecer a Ana temo que ela não queira mais engravidar. Foi assim depois do Jack, após o trauma ela não queria mais ninguém.

-- Sim, Sr Grey. Ela está saudável agora. Porém é sempre bom fazer acompanhamentos.

-- Ok. Antes de ver a Anastásia, preciso ir ao banheiro. Só um minuto.

-- Fique à vontade.

Vou me arrastando até o banheiro.
Ao chegar lá, todo o choro preso eu permito que saia de mim. Choro tudo o que tenho para chorar...

-- Calma Grey, é difícil para você, mas para a Ana vai ser muito mais difícil. Seja forte, ela vai precisar de você!

Lavo o rosto, me recomponho, e vou em direção ao quarto que ela se encontrava.

Inevitável Amor (COMPLETA)Where stories live. Discover now