O que vão pensar?

Nós.

 Albus já estava com a capa da invisibilidade, de forma sorrateira ele entrou na enfermaria e ao perceber que não havia mais ninguém lá e que madame Pomfrey ainda estava fora, Al saiu de debaixo da capa rapidamente, assustando Scorpius.

- Por Merlin Albus! Que susto! - Exclamou o Malfoy nervoso, mais alto que pretendia.

- Shiu! - repreendeu o Potter carinhosamente.

- Foi mal! - sussurrou.

- Tudo bem, pronto? Conseguiu se limpar? 

- Você sabe que eu sou incrível com feitiços de limpeza... - Ele deu um sorriso, suas vestes não estavam mais sujas.

- É, eu sei. - Al sorriu de volta - Eu peguei algumas coisas, roupas e tudo mais, por sorte, sei os truques de quando meu pai fugiu para procurar as Horcruxes, a famosa bolsa de contas da tia Hermione! No meu caso eu peguei uma mochila e apliquei um feitiço expansionista! - Disse orgulhoso Albus.

- Muito inteligente Al, mas, se vamos fazer isso é melhor corrermos! - Scorp lembrou-o.

- Sim, sim, vem aqui! - o Potter ajudou Scorpius a se levantar, o Malfoy passou o braço por cima do ombro de Albus que jogou a capa sobre os dois - Tem certeza que quer fazer isso? - Scorp confirmou com a cabeça e disse:

- Nos amamos e todos estão contra nós, só temos um ao outro. Vai ser "nós" contra o mundo a partir de agora. E você? Quer mesmo fazer isso? - O Malfoy tinha expressão de decidido.

- Quero - Al respondeu - Cansei de me importar com o "O que eles vão pensar?", chegou a minha hora de escolher, e eu escolho você. - Ele beijou Scorp, suas mãos desceram pela cintura do Malfoy até o garoto parar o beijo.

- Então, a hora é agora - Ele disse - Vamos.

Os dois caminharam devagar e com dificuldade porque Scorpius ainda se sentia fraco. Eles saíram da enfermaria e ouviram passos, eram seus pais. Os garotos os viram caminhando cabisbaixos até a enfermaria "Devem estar mais bravos ainda." pensou Albus, que tinha uma mistura indigesta de sentimentos em seu coração.

Al e Scorp chegaram ao Salão Principal ainda cobertos pela capa da invisibilidade.

-Olha, agora a coisa é assim: - Albus estava nervoso mas não queria deixar transparecer ao Malfoy - eu já fiz 17 anos, e tenho licença para aparatar, desaparatar, fazer magia fora da escola que ninguém poderá nos rastrear. Mas você não Scorpius, então é de extrema importância que, quanto estivermos fora, você não use magia. Pelo menos até seu aniversário. Tudo bem amor? - Scorpius se derreteu com Al preocupado o chamando de "amor".

- Tudo sim, "amor". -  Malfoy sorriu e sussurrou em confirmação - Mas, como eu vou aparatar se não tenho licença? 

- Aparatação e desaparatação acompanhada! - Al sorriu de volta.

- Tem alguma coisa que você não pensou? - Scorpius deu um selinho em Albus.

- Meio que tem... - ele desanimou - Como vamos passar por esse portão? Mesmo que eu abra-o, fará muito barulho...

- Ah, essa é fácil! Um abaffiato! - Scorp empunhou a varinha debaixo da capa e sussurrou "Abafiatto!" - Pronto! E agora..

- Alohomora! - Albus completou apontando a varinha pra a porta. 

- Isso! - Sorriu Scorp - A coisa boa dos portões de Hogwarts é que eles são fáceis de abrir por dentro...já por fora...é impossível!

- Você é muito inteligente, sabia? - Al puxou Malfoy pela cintura, colocando-o mais pra perto, o garoto riu e corou.

- Vamos, seu bobo. - Disse, ainda corando.

Os dois passaram pelo por tão rapidamente e logo o trancaram, no momento, todos estavam em aula e ninguém os viu. Scorp e Albus saíram em disparada a Hogsmade sob a capa, já que não é possível aparatar e desaparatar nos terrenos de Hogwarts.

- Então, para onde vamos? Você não me contou... - lembrou Scorpius.

- Bom, vamos para um lugar óbvio demais para nossos pais procurarem e que temos fácil acesso.

- Espera, onde fica isso? - O Malfoy estava confuso.

- A casa dos gritos...duh! - Ele riu, mas Scorpius ainda parecia desconfiado.

- Tem certeza que não irão nos procurar lá? E afinal, para que aparatar até lá se fica a umas...duas quadras daqui?

- Scorp amor, alguém ira ouvir o som da aparatação e falará com eles se eles nos procurarem, assim, acharão que fomos para longe daqui. - Ele sorriu orgulhoso para Scorpius.

- Te amo, sabe? E você pensou em tudo sim! - Aliviou-se Scorpius.

- É, eu sei - riu Al - também te amo, mas melhor irmos agora, tome cuidado durante a aparatação pra não acontecer estrunchamento, tá?

O Malfoy confirmou com a cabeça e pegou na mão de Albus, nunca havia aparatado, mas Al lhe dava uma sensação de segurança. De repente, tudo ficou preto e ele sentiu seu corpo ser pressionado por todas as direções e a mão de Al se afastar, não conseguia respirar, mas a sensação não durou muito, logo eles estavam na casa dos gritos.

- Scorp, tá tudo bem? Tá inteiro? - Perguntou Albus normalmente, já acostumado com a sensação de pressão.

- Eh... sim... - respondeu Scorpius ainda tonto verificando se ele não havia estrunchado no caminho - tudo certo, tô inteiro! - sorriu de alívio, fazendo Al rir.

- Bom, nesse caso... - O Potter agarrou a cintura do Malfoy, que passou um braço sobre o pescoço de Albus - Lar doce lar!

- É...lar doce lar! - Scorpius disse e completou com: - Mas...você vai me ajudar a limpar isso do jeito trouxa já que eu não posso usar magia!

- Tudo por você, namorado. - Albus sorriu e Scorp sorriu de volta, se olharam por uns segundos.

Namorado. Scorpius lembrou-se de quando, na briga com seus pais, Al chamara ele de namorado. Namorado. "A partir de agora ele é meu, enquanto eu for dele. A partir de agora temos três vidas; a minha, a dele, e a nossa." Pensou o Malfoy e ambos sorriram de novo.