O início de um sonho

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— Hoje recebemos recrutas novos no departamento.

O capitão Yoongi estava de frente para a sala toda folheando alguns papéis na prancheta em sua mão.

A primeira vez que eu o vi foi na minha primeira visita a delegacia. Lembro de ter me apresentado e dele passar reto por mim só dizendo um ''boa sorte'' rápido. O uniforme azul escuro lhe caia muito bem e junto com as medalhas presas na roupa lhe passava também muita credibilidade para quem o visse.

Jimin, um antigo amigo e agora meu novo colega de apartamento, depois de ficar dez minutos inteiros enchendo o Min de elogios e falando o quão incrivelmente bonito o acastanhado é, me disse que nosso chefe não faz muita questão de parecer amigável com as pessoas no geral. Eu tive certeza disso em menos de um minuto sentado nessa mesa, quando Yoongi chegou e já mandou todos calarem a boca.

— Mas, infelizmente eu não estou nem aí em apresentá-los. — a cada minuto que passa concordo mais com Jimin. Mas apesar do seu humor, ele me parece um bom capitão.

— Bem, como sabem estamos recebendo muitas queixas de desaparecimentos ultimamente. Vou ter que dividi-los e se quiserem mais informações sobre seus casos, vão até Jimin.

Isso! Quem diria que Jeon Jeongguk, um carinha do interior que apesar das piadinhas sem graças dos valentões por ser tímido e muito magro na época da escola, iria conseguir se tornar um policial de verdade, viria para a capital, e no primeiro dia de trabalho já iria receber um caso com extrema importância como o de um desaparecimento? Pois é, só eu diria. Ai, ai, e disseram que eu estava na pior.

Longe de mim me querer fazer de vítima da sociedade, na verdade estou longe de ser uma. Mas vamos dizer que a minha adolescência não foi uma das mais fáceis por conta dos meus colegas não tão queridos de escola. Financeiramente falando nunca passei por nenhum tipo de dificuldade, graças à fazenda que minha família cultivava em uma cidade pequena vizinha de Busan.

Tenho uma boa relação com meus pais e irmão mais velho — evitar lembrar de todas as vezes em que a Senhora Jeon teve ataques de mãe coruja e me tratou como um bebê que ainda não sabe andar e falar é importante para manter um bom convívio. Eu deleto da minha mente todas as vezes em que ela aperta minhas bochechas e me chama de cenourinha. Eu amo minha mãe, mas realmente odeio esse apelido.

— Peter e Hoseok, vocês ficam com o caso da cabeleireira. Já vocês, Mike e Minhyuk, ficam com o assalto no mercado da cidade. — olho para Hoseok, meu outro colega de apartamento, a uma mesa de distância e solto um fighting baixinho que ele retribui. — E finalmente o nosso novato, Jeon!

Se eu disser que quando o Chefe falou meu nome eu não abri um sorriso enorme que nem o do Coringa, eu estaria sendo um completo de um mentiroso. Ah, qual é? Eu espero esse momento desde que me conheço por gente. Sempre tive o sonho de me tornar um grande policial, daqueles que cumpre com seu trabalho, realmente consegue salvar alguém e de quebra ganha uma medalha.

— Você vai ficar com algo que apesar de não parecer tem muita importância: o trânsito hoje é seu garoto! — finge uma animação.

— Como assim ''o trânsito'' ? Teve algum acidente? Ou desaparecimento no meio de uma avenida? — franzo o cenho confuso.

— Não e não. Mas, pode acontecer, na verdade nunca se sabe. — solta uma risadinha, dá de ombros e ajeita seu quepe quase caindo. — Mas... — prolonga o ''a'' com um certo tom de ironia. — Enquanto não acontece nada do tipo, você vai aplicando algumas multas aqui e ali.

— Multas? Tem mais de dez desaparecimentos na cidade, com certeza existe algum aí esperando ser solucionado. — aponto para a prancheta em sua mão.

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