16

83 10 0
                                    

Por Gregori

O que Gregori mais desejou foi que o dia passasse rápido para que assim pudesse rever Hian. Embora ele tenha ficado ocupado boa parte do dia, quando foi chegando a noite ele sentiu-se melhor. Estava animado por ir a faculdade. Esperava que ele estivesse melhor e assim pudesse ir à aula. Ele sentia falta de olhar nos olhos de Hian, se ver seu sorriso, seu jeito e até do seu cabelo preto. Eram detalhes bobos mas que para ele, deixavam Hian ainda mais bonito, mais charmoso.

Gregori se arrumou e desceu para o estacionamento. Entrou no carro, deu partida e se dirigiu até a faculdade.
Assim que chegou, ficou ao lado de um dos pilares na entrada e aguardou Hian.
Ele estava ansioso para vê-lo e se por acaso ele não o visse também, não tinha problema.

- Está esperando alguém, Greg?

Gregori sabia de quem era aquela voz. Quando virou-se, deu de cara com sua ex e algumas amigas.

- Não me chame assim. Você sabe que eu não gosto - ele odiava qualquer tipo de apelido.

- Ai desculpa - Ming fez careta. - Então, está esperando alguém?

- Sim.

- Sua nova namorada?

- Não Ming - Gregori teve vontade de gritar que em breve sim, seria seu namorado.  - É o Hian. A gente vai apresentar um trabalho.

- Ah, aquele seu amigo da biblioteca.

- Exato.

- Você fica muito na companhia dele não é? Se eu fosse você ficaria distante.

- Ah é? E por que? - Gregori virou-se para ela.

- Ah você sabe... As pessoas comentam sobre ele.

- Comentam o quê exatamente?

- Que ele é gay.

- E o que tem demais nisso? - ele sentiu-se enojado da forma que Ming se referia a Hian. Ela falava de uma forma perjorativa. - Vai dizer que você tem alguma coisa contra?

- Eu não. Mas não pegaria bem você andando com ele por aí. Vai que surge algum comentário sobre vocês dois.

- E daí? E se surgisse?

Ming não respondeu. Apenas deu o ombro e saiu com as amigas. Gregori não queria ser grosso com ela, mas bem que ela merecia. A cada dia que passava ela ia ficando mais audaciosa e com isso mais frequente nos dias dele. Ele sabia que iria se desentender com ela futuramente, que ela ficaria totalmente desgostosa quando descobrisse que ele também era gay.
Só restava esperar.

De longe Gregori avistou o carro de Andry. Em seguida Hian desceu. Ele estava lindo como sempre. Embora muitos eatudantes estivessem entrando no Campus, ele o enxergava a distância. Ele resolveu arriscar e acenou de longe para Hian. Gostaria de acompanhá-lo, de ser mais próximo em seu dia a dia.
No entanto sua euforia foi por água abaixo quando Andry surgiu do lado de Hian e o viu acenando. Gregori baixou o braço e resolveu ir até seu respectivo andar sozinho mesmo. Ele não queria arranjar brigas com qualquer pessoa que fosse e isso incluía Andry também.

Quando Hian entrou na sala de aula, Gregori sentiu um turbilhão de emoções. Era maravilhoso estar mais perto dele, era incrível a sensação que Hian causava nele toda vez que eles se olhavam. Aquela sensação boa só não foi contínua por que o guarda costas chamado Andry vinha logo atrás. Eles se encararam e ele logo avançou para sua carteira. Hian passou do lado de Gregori e ele segurou seu braço. Perguntou como estava e após Hian falar que estava bem, ele se sentiu mais aliviado. Era bom vê-lo melhor, mais animado.
Hian sentou-se em seu lugar e depois o professor chegou.
Gregori sentia-se de alguma maneira completo por Hian estar ali no mesmo ambiente que ele, por vê-lo, por tê-lo tocado, por ver seu sorriso.
Ele fazia Gregori sentir uma frieza na barriga. Uma ansiedade sem limites. Toda vez que Gregori se sentia daquele jeito, ele só conseguia pensar em cuidar de Hian. Em guará-lo numa caixinha e não deixar ninguém tocar. Era como se Hian fosse uma peça rara de se encontrar e que a gente jamais vai querer que ninguém toque, que ninguém faça mal algum.

Quando a aula acabou, Gregori viu Andry sair rapidamente da sala. Não sabia o que tinha acontecido, mas ele parecia furioso.
Não ciente do que se passava, ele continuou suas anotações. Não queria perder aquele conteúdo que estava na lousa. Os alunos foram saindo aos poucos. Ele viu quando Hian e Susan iam saindo conversando seriamente sobre alguma coisa.
Após alguns minutos ele terminou. A sala estava vazia. Ele guardou seu material e foi descendo as escadas.
Quando chegou próximo a saída, avistou Hian parado. Seu coração acelerou. O que ele estava fazendo ali, sozinho?

Gregori ofereceu uma carona. Não era incômodo levá-lo até sua casa, afinal moravam lado a lado. Hian relutou. Disse que estava aguardando um táxi e que logo iria para casa.
Embora ele não gostasse da ideia de deixar Hian ali, ele teve que ir. Precisava ainda ligar para a mãe quando chegasse em casa.
Deu partida no carro e foi saindo do estacionamento. Pelo retrovisor ele observou aquele garoto sozinho na entrada da faculdade. Aquilo lhe apertou o peito e mesmo que ele voltasse, Hian ia dizer que ele estava pressionando-o ou algo do tipo.
Quando estava quase perto de casa, resolveu ligar para Hian mesmo que ele o xingasse. Queria se certificar de que ele chegaria bem em casa.
Quando Hian falou que ainda estava esperando um táxi e que estava começando a ficar com medo, Gregori não pensou duas vezes. Invadiu a contra mão, fez uma curva perigosa na avenida e pisou no acelerador retornando à faculdade. Seu coração estava disparado, ele estava com receio de que alguém fizesse mal a Hian. Por algumas vezes tinha ouvido relatos de que algumas pessoas haviam sido espancadas naquele bairro e só de imaginar Hian machucado, ficava aflito.
Quando estava a poucos metros de distância, ele avistou Hian olhando para um lugar específico na esquina de onde saíram alguns caras e iam em direção a ele. Ele contou cinco no total. Pensou em passar por cima de todos e evitar que se aproximassem de Hian, mas não queria causar nenhum acidente.
Gregori brecou o carro de repente, assustando Hian. Os homens pararam e apenas observaram.

"ENTRA. RÁPIDO!"
Gregori disse assim que baixou o vidro e Hian rapidamente fez o que ele mandou.
Assim que fechou a porta, Gregori acelerou e se afastou do local, pelo retrovisor ele viu que os homens se dispersavam. Hian estava assustado e aquilo era nítido. Gregori sentiu vontade de abraçá-lo, de fazê-lo se sentir seguro e protegido. Ele jamais deixaria que alguém fizesse mal a Hian.
Como não conseguia abraçá-lo naquele momento, ele segurou sua mão. Hian retribuiu o toque e a segurou firme. A mão dele esta a suada devido ao pânico mas mesmo assim, Gregori não soltou. Trocava de marcha quando precisava e logo colava sua mão na dele. Pediu para que Hian se acalmasse, que tudo estava bem agora. Salientou que era incompetência de Susan e Andry por deixarem ele sozinho sendo que eles poderiam ter deixado-o em casa.

Gregori perguntou se Hian queria passar em algum lugar, mesmo que fosse para se acalmar mais, tomar algo, comer alguma coisa só para tirar aquela sensação ruim.
Hian só desejou ir para casa. Não quis nada e nem passar em lugar nenhum e para Gregori era compreensível.
Até chegarem no condomínio, eles não falaram mais nada. Apenas permaneceram com as mãos juntas.
Quando subiram, Gregori decorou bem o número do apartamento de Hian. Perguntou se ele iria ficar bem e ele respondeu que apenas precisava de um banho e de uma noite de sono.
Ficaram alguns minutos em silêncio. Gregori sentiu o impulso de abraçá-lo, mas se controlou. Invés disso, ele apenas acariciou a bochecha de Hian e lhe desejou boa noite.
Enquanto descia até o estacionamento, seu celular vibrou. Era sua mãe perguntando se tudo estava bem. Ele confirmou, disse que tudo estava bem e que estava em casa já. Conversaram sobre algumas coisas como a faculdade, se Gregori estava se alimentando direito, se tinha arranjado uma namorada e embora ele tenha falado o que estava seguindo tudo certo, omitiu a parte a namorada. Disse que estava afim de uma pessoa mas que por enquanto eles ainda estavam se conhecendo.
Sua mãe desejou conhecer mas Gregori respondeu que ainda não era o momento.

Quando desligou, mandou uma mensagem para Hian.

"Eu jamais deixaria que alguma coisa de ruim acontecesse a você.
Durma bem :*

G."

Hian não respondeu e ele deduziu que já estivesse dormindo. Naquele momento ele desejou aninhar Hian em seus braços e dormir agarrado, para que ele se sentisse protegido. Hian havia se tornado o ponto forte e fraco de Gregori. Ele não tinha percebido que já estava caidinho por ele. Tudo em Hian o atraía ou fascinava. Quis ligar para ele e perguntar se ele não queria dormir em seu apartamento aquela noite.
Mas desistiu no último momento. Seria estranho e no mínimo Hian iria dizer que ele estava se aproveitando da situação. Restava a Gregori apenas aguardar o momento certo para mostrar a Hian que estava afim dele.
Nem seria preciso muito. Hian também sentia o mesmo e Gregori nem imaginava.

Ao LadoUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum