Capítulo 54

854 39 30
                                    

Eles não esperavam ver Poliana ali. Na verdade Otto tinha deixado bem claro a Durval, que a menina não podia voltar para casa até que Luísa estivesse pronta para explicar o ocorrido.
Mas, Poliana estava bem ali.
Ao ver o estado da tia a menina arregala os olhos e leva as mãos a boca. Poliana corre em direção a eles assim que entram na sala.

—O que aconteceu, tia? Pai por que minha tia está assim? Quando foi isso? Tia você está bem? -nervosa, falava tão rápido que mal respirava

—Poliana! Respira minha filha. -interrompe Otto

—Desculpa! Estou nervosa! -explica

—Vamos te contar tudo, assim que eu levar sua tia para o quarto e ela estiver disposta a falar. Tudo bem? -pergunta Otto arqueando uma das sobrancelhas em sinal de advertência

—Tudo sim! -responde cruzando os braços e fazendo bico

—Eu estou bem, meu amor! E ficarei melhor com os cuidados e os carinhos, seus e do seu pai . -fala Luísa docemente

Poliana lhe oferece um sorriso carinhoso. Otto pega Luísa nos braços, passando por ela e indo em direção ao quarto. Poliana vem logo atrás.

—Você sabe que eu posso ir andando, não sabe? -diz Luísa sorrindo assim que Otto a pega no colo

—Claro que sei! Mas assim é bem mais emocionante e romântico. -responde lhe oferecendo o sorriso mais lindo que Luísa já havia visto.

Ela encosta a cabeça em seu peito, exalando seu cheiro. Aquele cheiro que ela conhecia bem. Aquele cheiro casa.
Ao chegar no quarto Otto a coloca na cama e ajeita seus travesseiros.

—Pronto! Agora vocês podem me explicar o que aconteceu? -pergunta Poliana

—Vamos contar sim! Só me responde uma coisa antes. Quem trouxe você para casa? Já que eu falei para seu tio não te deixar voltar até autorizarmos? -questiona Otto

—Então... -a menina inicia limpando a garganta antes de continuar. —Eu ouvi meu tio falando com o senhor pelo telefone. Algo sobre hospital, grave e tia Luísa. Quando ele chegou em casa, não quis me contar nada, só que vocês chegariam amanhã, no caso hoje. E quando o dia amanheceu eu fugi e vim correndo para casa. Por que se eu pedisse a ele, tinha certeza que ele não deixaria eu vir. -se explica com um sorriso sínico nos lábios

Otto e Luísa se entreolham e Luísa resolve se explicar.

—Vem aqui, minha pequena. Senta aqui do lado da tia. -chama Luísa, batendo de leve no espaço ao seu lado na cama. —Te contarei a verdade mas preciso que você mantenha a calma, está bem? -pede Luísa e Poliana confirma com a cabeça. —O Marcelo entrou aqui, se descontrolou e me bateu.

—O quê? Mas por que? -pergunta Poliana, seus olhos enchendo d'água

—Calma, meu amor! Agora eu estou bem. Ele só não aceitou bem o nosso fim. -explica tentando acalmar a sobrinha

A menina se inclina e abraça a tia. Sem saber ela aperta mais do que deveria e Luísa solta um gemido de dor. Ao ouvir, Poliana a solta no mesmo instante. Assustada a menina olha para o pai .

—Está tudo bem. Pode me abraçar, só não aperta demais. Está bem? -diz Luísa sorrindo carinhoso, antes que Otto pudesse responder a pergunta silêncio da filha.

Poliana volta a abraçá-la. Dessa vez com mais cuidado.

—E onde o Marcelo está? -pergunta encarando o pai, sua voz embargada pelo choro

—Ainda não sabemos. Mas eu vou acha-lo e ele vai pagar pelo que fez.

Otto senta ao lado de Luísa e ela inclina a cabeça sobre seu ombro. Enquanto isso Poliana deita a cabeça no colo da tia. Eles permanecem em silêncio até que Poliana percebe a nuvem de tristeza pairando sobre eles e resolve falar algo.

—Tia! Quando você ficar boa, nós podíamos fazer uma viajem, o que você acha pai? -pergunta ainda deitada

—Excelente ideia minha filha! -exclama Otto

—Onde você gostaria de ir tia?

—Hum... -pensa Luísa —Que tal Búzios?

—Não conheço. Mas adoraria conhecer tia. E aí pai?

—Por mim está combinado.

Otto liga para Durval e conta que Poliana já está em casa. Eles passam o resto do dia e da noite juntinhos conversando sobre praias e lugares que adorariam conhecer. O jantar foi servido na cama, escolheram um filme e quando Poliana adormeceu Otto a levou nos braços até seu quarto.

Durante a madrugada Otto dormia tranquilamente. Quando de repente seu sono é interrompido pelos gritos mais assustadores e sinistros que ele já havia ouvido. Luísa se debatia na cama e o acertava com cotoveladas.
Otto a sacode delicadamente, tentando
acorda-la.

—Luísa, meu amor. Por favor, acorde! -chama Otto

Suas pálpebras se abrem na mesma hora. Ela olha em volta rapidamente, mas parece não reconhecer o lugar. E começa a lutar com Otto.

—Luísa. Sou eu. Otto. -ele agarra suas mãos antes que ela consiga acerta-lo novamente

—O... O... Otto —murmura se acalmando

Otto a abraça e a puxa para seu colo, beijando o topo de sua cabeça. Luísa está tremendo.

—Eu... eu achei... que fosse... -tenta falar mas não consegue

—Está tudo bem! Foi só um pesadelo, meu amor. Ele não vai mais te fazer mal. Eu prometo. Não vou deixar. -ele a segura mais firme junto a seu corpo. Desejando que todo aquele medo passe

Ela estremece, mas parece se acalmar. E aos poucos vai se acalmando até pegar no sono novamente.
Otto acaricia suas costas e a beija na cabeça.
O resto da noite ele não consegue dormir.
Está exausto. Mas só em pensar ver a Luísa passar por aquele pesadelo novamente, ele prefere ficar ali velando seu sono.

Continua ...

Orgulho e AmorDove le storie prendono vita. Scoprilo ora