light my cigarette; 1

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Jeongguk saia da loja de conveniência que sempre ia, com o refrigerante que tanto amava na mão.

A noite era fria e o céu nublado. Provavelmente choveria de madrugada. O outono deste ano trazia ventos mais gelados do que de costume. Jeon ajeitou rapidamente sua jaqueta jeans sobre seus ombros, após olhar para cima e constatar o brilho da lua um pouco ofuscado por uma nuvem escura, também vista com dificuldade.

Começou a dar os passos em direção à sua casa, mas não conseguiu avançar muito, quando uma voz grossa e rouca se fez presente em sua audição:

— Ei garoto! — Jeongguk ponderou se o homem realmente falava com ele, porém era a única alma presente ali, além da pessoa que o chamara.

Se virou lentamente, encarando a figura encostada na parede do estabelecimento de que acabara de sair. O rapaz trajava calças jeans pretas e um moletom de mesma cor. O capuz encobria suas madeixas, e a escuridão dificultava a visão de suas feições. 

— Você tem um isqueiro? — O desconhecido voltou a falar, e só então o moreno notou que ele segurava um cigarro entre os dedos.

Jeongguk estava prestes a negar, mas fechou a boca, tateando o bolso da frente. Não sabia o porquê diabos havia deixado um isqueiro ali, mas apenas o tirou de lá, segurando na frente dos olhos do homem.

— Acenda meu cigarro. — A figura levantou sua mão, direcionando o tabaco um pouco mais para perto do outro.

— Por que você não compra um? — Apontou para a lojinha atrás deles.

— Eu tenho um.

— Então use-o. — O Jeon fez uma careta, cruzando os braços.

— Eu o tranquei dentro do carro com as minhas chaves. — Sorriu ladino, observando a face do menor.

— Que tipo de pessoa faz isso? — Seu tom era desacreditado.

— Vamos logo, garoto, é só um cigarro, você não vai morrer por isso. — O desconhecido esticou mais o braço, ouvindo um som de descontentamento do outro. 

— Tá. — Descruzou os braços, esticando sua mão também e acendendo o cigarro do outro.

— Viu? Fácil, não? Doeu muito? — Zombou, rindo fraco do revirar de olhos alheio.

— Você é estranho. — Se virou, abrindo sua lata de refrigerante após guardar o isqueiro. Voltou a andar, tomando um gole do líquido em sua mão.

— Boa noite, mal-educado! — O homem gritou, zombando uma última vez. Riu ao ouvir o garoto bufar.

Jeongguk já estava distante da loja de conveniência quando parou para pensar no que havia acontecido. Repassou as palavras da figura, ainda com feições desconhecidas por si, rindo desacreditado, e balançando a cabeça negativamente. Mais alguns passos e já estava em casa.

Abriu a porta, passando pela mãe na cozinha e se trancando em seu quarto, como sempre passava seus dias. Virou a lata de refrigerante, sentindo todo o líquido descer pela sua garganta de uma vez.

Jogou a latinha no lixo do outro lado do cômodo, caindo na cama logo depois.

Jeongguk encarou seu teto sem graça, pensando se deveria fazer algo de mais interessante ali. Mas seus pensamentos logo se direcionaram à cena de alguns minutos atrás, com o desconhecido e seu cigarro.

~

Na noite seguinte, Jeon saia da mesma lojinha de conveniência, dessa vez com uma lata de refrigerante na mão e chiclete no bolso.

Strawberries and CigarettesWhere stories live. Discover now