the beginning

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Já esmurrava Changmin mentalmente por ter me trazido para essa festa.

Ele desapareceu meio segundo depois de pisarmos dentro da enorme casa cheia de pessoas.

Estamos em outubro, mês do halloween, e é por causa disso que estou nessa festa. Uma festa fantasia em pleno dia das bruxas.

Minha fantasia de coelhinho sexy estava sendo usada pra nada já que a festa ainda estava por começar, por assim dizer. O pessoal do terceirão acabava de chegar com caixas e grades de cerveja e algumas outras bebidas alcoólicas no casarão para animar o pessoal.

Changmin disse que o conceito "sexy porém misterioso" caiu bem em mim. A máscara preta que continham orelhinhas e deixava apenas as íris escuras e tentadoras a mostra instigariam qualquer um com quem pousasse o olhar, segundo ele. A fantasia terminava com um largo cropped preto e calças justas na mesma cor, em contraste com os meus recém fios loiros feitos por muita insistência do ruivo.

Mas até que não foi uma má ideia, afinal.

Tocava alguma música lenta e bastante ousada ao fundo enquanto me levantava e ia até o pequeno bar da casa para conseguir algo que me alegrasse a noite toda.

Deveria estar bebendo? Não, pois sou menor de idade, mas não costumo fazer isso com frequência. Uma vez não vai me fazer tão mal assim.

O mini bar está repleto de garotos da escola, uns até me lançam piscadelas as quais respondo com o maior prazer, mas não é como se eu realmente me sentisse atraído por tais.

Quero um desafio maior esta noite.

Ao voltar para a sala, observo que a mesma já está mais cheia do que antes. Agora estará mais difícil de achar Changmin do que antes, não duvido que está se pegando com Younghoon pelos cantos neste exato momento.

Vou ao centro e me concentro na melodia lenta que soava pelo ambiente, movia meu corpo levemente para os lados em uma dança calma e ousada até. Virava alguns goles vez ou outra da bebida não tão forte, já me sentia um pouco alto e abraçado pelo calor das pessoas que começaram a lotar cada vez mais o local.

Toques indesejados eram sentidos por mim em todas as partes do meu corpo e logo tratava de os tirarem dali. As pessoas ao meu redor já não se interessavam mais pela paquera, jogar um pequeno charme. Para eles, se tratava apenas de um jogo onde quanto mais pessoas você transar em menos tempo, você ganha.

Não que eu me importasse sobre transar com eles, eu só não quero que seja algo só por fazer. Gosto da arte da paquera, das provocações, daquele gostinho de saber até onde aquilo pode ir.

Continuei não dando atenção a isso até uma rouca voz se fazer presente em meu ouvido.

- Parece que o coelhinho não está em sua toca. - Declarou em tom de provocação, mas não fora algo tão agressivo.

É disso que eu estava procurando.

- O coelho precisa ir atrás de cenouras às vezes. - Solto um risinho ainda não sabendo exatamente quem flertava aos pés de meus ouvidos.

Um aperto leve se fez em minha cintura nua pelo cropped, nada muito levado, apenas um toque quentinho.

- E já as achou?

- Acabei de achar uma das boas, com quem falo agora, aliás. - Sabia que poderia ser observado pelo dono do flerte, então por isso fiz questão de sutilmente morder meu próprio lábio inferior genuinamente contente com aquela paquera.

Me viro de frente para o tal dono da voz rouca. Seu rosto era incapaz de ser reconhecido pela maquiagem bem feita de um personagem de animação da Disney que logo reconheci por ter assistido recentemente. Viva, A Vida É Uma Festa. Haviam círculos preenchidos de preto ao redor de seus olhos e sua boca tinha alguns riscos na mesma cor enquanto quase toda sua cara era pintada de branco. Notei o casaco vermelho e os jeans apertados em uma rápida olhada de cima a baixo enquanto sua mão livre ia de encontro ao outro lado de minha cintura e pousava ali.

- Me concede uma dança em razão da sua procura de cenouras, Senhor Coelho?

Arqueou uma das sobrancelhas enquanto sorria sugestivo.

Assenti com um pequeno sorriso em meus lábios, pondo minhas mãos sobre seus ombros e entrando em sintonia com a batida sensual tocada no local.

Nossos corpos se aproximaram rapidamente, os colando completamente enquanto passos pequenos eram dados pra la e pra cá, os movimentos eram quase nulos, mas os olhares penetrantes faziam seu papel de serem o ponto alto daquela dança.

O rosto alheio era escondido pela tintura, seus fios negros eram brilhantes e bagunçados propositalmente. Suas roupas eram casuais para quem não soubesse do personagem, mas que o deixavam extreamamente atrativo.

Os nossos rostos iam se aproximando lentamente ao ponto do outro levar seus lábios até meu maxilar, trilhando toques da sua boca macia até meu ouvido, onde rapidamente brincou com o lóbulo antes de descer ao pescoço, ainda não beijando-o, apenas roçando sua boca na pele sensível.

Ri baixinho com o clima criado naquela dança, o afastando minimamente para declarar rente aos seus lábios:

- Não irá nem me pagar uma bebida antes?

Sua risada melodiosa se fez presente e o nosso contato se transformou em apenas um entrelaçar de dedos enquanto o outro me guiava até o bar.

- Me vê dois do especial da casa. - Piscou para o garoto que estava a entregar as bebidas, que logo se dirigiu a uma estante cheia delas.

- Não sabia que já era tão íntimo de todos. - Me sento no banco do pequeno bar. O outro se aproxima, ficando entre minhas pernas confortavelmente.

- É só ter um jeitinho. - Piscou da mesma forma que fez com o garoto de antes.

Nossos olhares parecem dizer muito mais que nossas palavras. Um sorriso sacana surgia em minha face ao passo que mordia de forma fraca o meu próprio lábio.

O rosto alheio se fazia cada vez mais perto, me deixando até mesmo sentir sua respiração em minha pele. E então os seus lábios desesperados discretamente finalmente se encontravam com os meus.

Levei minha destra até seus fios escuros e os enrosquei ali com certa firmeza enquanto sentia sua palma apertar minha cintura na mesma intensidade, diminuindo a distância entre nossos corpos e fazendo com que o calor corporal nos envolvesse de forma sensual.

Seu beijo era algo que nunca havia experimentado em minha curta vida. Parecia que nossa sintonia se encaixava de uma forma magnífica, a dança entre as duas línguas parecia calculada e conhecida.

A tensão sexual pairava ali pra quem quer que observasse a cena, mas não é como se os outros estivesse preocupados em nos olhar, provavelmente estariam fazendo a mesma coisa ou talvez pior.

O contato entre as bocas foi cortado assim que ouvimos um baixo barulho de tosses forçadas vindas do barman que parecia já estar com as bebidas em mãos por minutos.

- Aqui estão suas bebidas. - Declarou simples. Talvez estivesse de saco cheio de ver casais se pegando por aí a noite toda.

O outro logo tratou te pagar, lançando outra piscadela para o garoto ao terminar.

- Acho que agora podemos voltar a onde estávamos. - Sorri após um gole do líquido forte.

Não me lembro mais do que aconteceu naquela noite a partir daí. Apenas me lembrava de subir até algum dos quartos junto com o outro após várias sessões de amassos e provocações e então a sensação gostosa que o mesmo me proporcionou. Os gemidos, os corpos se chocando, os beijos molhados trocados em meio ao ato, as palavras sujas que o maior me despejava enquanto me desfazia em sua mão ou a sensação de ter seu líquido me preenchendo em um melodioso gemido arrastado. Jurei ser o som mais perfeito que pude ouvir em toda minha vida.

Mas havia um detalhe.

Não sabia seu nome e seu rosto era irreconhecível com toda aquela maquiagem propositalmente forte de Miguel.

Eu também não retirei minha máscara em nenhum momento e não disse meu nome. Não tinha me tocado disso na hora.

Afinal, quem era ele?

Halloween Night; sunnewOnde histórias criam vida. Descubra agora