Cap. 13: Teimosia

43 8 197
                                    

O vento frio soprava de leve por Edo. Junto com esse vento, havia algo diferente no ar. Gintoki podia sentir isso, e não era só por conta das baixas temperaturas típicas de um princípio de inverno. Havia algo estranho que ele ainda não entendia.

O albino saía de casa para fazer algumas compras com uns trocados que recebera de seu último serviço de Yorozuya. Desta vez, vestia seu quimono por inteiro e colocava seu cachecol vermelho em volta do pescoço.

Aproveitaria uma brecha de tempo enquanto Ginmaru estava dormindo. Precisava redobrar a atenção sobre o moleque, que tentava burlar sua vigilância ao surrupiar sua bokutou, a fim de continuar a treinar. Para todos os efeitos, carregaria sua espada de madeira mesmo que fosse apenas para uma saída rápida. Mas torcia para que o garoto não descobrisse onde estava a sua espada reserva.

*

Armários revirados. Roupas jogadas ao chão. Objetos voando pelo quarto. Isso tudo poderia ser uma ventania, um ladrão, ou até mesmo o Sadaharu pirando, mas era apenas o "Tufão Ginmaru" entrando em ação após a saída do pai.

Por mais que Gintoki quisesse que o filho não voltasse a treinar enquanto não estivesse com o ombro direito recuperado, Ginmaru era teimoso e aproveitava os cochilos do pai para pegar escondida a bokutou e treinar com ela, mesmo com o braço imobilizado.

O braço direito estava imobilizado... Mas o esquerdo, não. Encontrou o objeto tão desejado e, após trocar a roupa o mais rápido que podia, saía de fininho para praticar longe dali. Não ia ao dojo, porque sabia que Shinpachi seria capaz de arrastá-lo de volta para casa e entregá-lo ao pai. Suas últimas tentativas tiveram esse mesmo resultado, mas desta vez faria diferente.

Percorreu toda a sala pé ante pé, procurando não fazer nenhum barulho para que Sadaharu não acordasse para segui-lo. Segurava junto ao seu corpo a espada, que era quase do seu tamanho – por pertencer a um adulto. Calçou os chinelos e abriu com muito cuidado a porta corrediça. Olhou para os lados, verificando se ninguém aparecia. Assim que se certificou de que não aparecia ninguém, desceu em disparada a escada, a fim de ganhar as ruas. Porém...

Um choque inesperado aconteceu, fazendo com que todos os envolvidos na colisão rolassem escada abaixo.

― SAI DA FRENTE, ZURA! PRECISO CORRER!

Ginmaru nem teve tempo de sentir qualquer dor, tamanha a pressa com a qual saiu correndo, deixando Katsura e Elizabeth atônitos. Mas o Líder do Joui não deixou sua revolta entalada na garganta:

― NÃO É ZURA, É KATSURA! SERÁ QUE NEM VOCÊ APRENDE, GINMARU?

"Tal pai, tal filho.", Elizabeth sentenciou por uma placa.

Katsura suspirou desanimado. Agora não bastava aturar Gintoki chamando-o de "Zura", tinha que ouvir isso do filho dele. Era cada uma...

― Ei, Zura – reconheceu a voz que o chamava incorretamente. – O que aconteceu pra você gritar o nome do Ginmaru aí?

― Não é Zura, é Katsura! – o moreno de cabelos longos protestou. – Ele trombou em mim agora pouco.

― Ah, tá.

Gintoki subiu as escadas com algumas sacolas nas mãos e adentrou a casa. Ao deixar as sacolas lá, a ficha caiu e ele deu meia-volta, encontrando novamente Katsura.

― Espera aí... Para onde o Ginmaru estava indo?

Elizabeth respondeu com outra placa, com os seguintes dizeres escritos por cima de uma seta desenhada: "Ele correu por ali."

― E POR QUE DEIXARAM O MOLEQUE IR? – o albino berrou.

Katsura manteve a calma ante o explosivo amigo:

Paradoxo Temporal: A origem de GinmaruWhere stories live. Discover now