Décimo Sexto

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Dois dias se passaram desde o sequestro de Gaara. Após a fuga de Kisame, mais nenhum shinobi avistou o Hoshigaki ou qualquer outra pista da Akatsuki – que estava ganhando fama desde que a captura do Shukaku começou a se espalhar pelo Mundo Shinobi. Apesar de ser preocupante o fato do bijuu de uma cauda ter sido selado, as grandes nações não se importavam muito com os jinchuurikis ao ponto de dá-los algum tipo de segurança.

Depois de voltarem da missão, Gaara retomou ao posto de Kazekage, dessa vez recebendo ainda mais atenção e carinho de sua família. Lee decidiu ficar um pouco com o namorado em Suna enquanto seu time voltava para Konoha junto com o Time Sete – Sakura aceitou voltar apenas quando Kankuro recebeu alta do hospital. Todos estavam felizes e com suas vidas voltando a normalidade.

Todos, menos a última sobrevivente da família Akasuna.

Chiyo havia se isolado em sua própria tristeza e solidão. Desde a morte de Sasori, a velha Akasuna não saiu um único dia do ateliê do falecido neto. Ninguém sabia o que Chiyo tanto fazia lá dentro, alguns diziam que ela chorava incessantemente, outros que havia enlouquecido e que falava sozinha com as marionetes. De qualquer forma, nenhum cidadão de Suna ousou interromper a vida da grisalha.

No ateliê, Chiyo apertava as últimas articulações de sua mais nova e última criação. A Akasuna nunca imaginara que algum dia chegaria àquele ponto. Talvez fosse a solidão ou ainda a necessidade de ter uma companhia. Vendo os olhos da marionete se abrindo, Chiyo sentiu que estava cometendo um erro gravíssimo.

Os olhos castanhos piscaram, olhando a tudo com descrença. Encarou suas mãos, percebendo o quanto as dobras eram praticamente imperceptíveis, podendo facilmente serem confundidas com pele humana. Na verdade, os mínimos movimentos de seu corpo eram perfeitos.

– Isso é...?

– Espero que me perdoe por ter sido tão egoísta. – disse Chiyo, lamentando-se. – Eu não deveria ter mexido com o ciclo natural da vida. Me parece tão errado agora que vejo você me olhando.

A marionete saiu de seu lugar e andou calmamente até a velhinha. Chiyo não deixou de reparar nos movimentos precisos de suas pernas. Nenhuma marionete minha foi tão perfeita quanto ele, reprimiu as lágrimas que queriam escorrer por seu rosto. É errado, mas me parece ser o certo.

– Eu entendo e te perdoo por isso, obaa-san. – Sasori sorriu. – É uma honra para mim poder me tornar uma de suas criações.

– Não está com raiva da sua velha avó?

Sasori mexeu lentamente os dedos de suas mãos. Eu não sabia que era possível a criação de marionetes humanas nesse nível de alta perfeição, de certa forma, estava orgulhoso de sua avó. Existem falhas nas calibragens, mas são praticamente desprezíveis. É como se eu finalmente tivesse me tornado um ser perfeito.

– Claro que não. – encarou os olhos de sua avó. Os pequenos orbes estavam inundados pelas lágrimas. – Eu finalmente me tornei uma arte eterna, admirável, imutável...

– Perfeita – completou Chiyo, deixando as lágrimas molharem sua tez rugosa.

O ruivo puxou Chiyo para um abraço. Havia uma coisa estranha pulsando no lugar de seu coração. Sasori se perguntou mentalmente se Chiyo havia transplantado seu verdadeiro coração para seu corpo de marionete ou se era apenas um aparato de tecnologia sintética quase idêntica ao sistema cardíaco humano. Na dúvida, Sasori apostou na primeira opção.

Era quase como se pudesse sentir o amor por sua avó pela segunda vez.

– Quanto tempo se passou?

– Pouco mais de dois dias. – secou as lágrimas teimosas. – O menino Kazekage voltou ao seu posto e Kankuro está novamente com saúde. Tudo deu certo, Sasori.

ÊmuloWhere stories live. Discover now