Adore You // Muse Universe

Braids

Harry

Eu podia sentir que algo estava errado desde o momento que acordei. Meu corpo estava estranhamente frio e a cama extremamente vazia.

Respiro fundo, as mãos já correndo pelo cabelo enquanto os acontecimentos da noite passada voltam a mim lentamente. Abby e eu discutimos por algo idiota, ambos exaustos demais para raciocinar e ver como era idiotice insistir no erro.

Tenho vontade de berrar no travesseiro, extravasar esse sentimento que bufa com ironia "você é um idiota!".

É, quer saber, consciência? Eu sou mesmo! Há, toma essa.

Sento na cama, olhando em volta. Abby e eu sempre começamos a manhã fazendo algo juntos, normalmente o café para nós e para as crianças. Engulo em seco, pegando uma bermuda que larguei no chão e vestindo, andando a passos largos para o quarto de Margot.

- Papa! - exclama Go, seu sorriso pequeno se iluminando ao me ver. Com dois aninhos, minha menina é um anjo com seus cachos definidos espetados para todos os lados.

Caminho até ela, pegando-a no colo antes que comece a tropeçar pela casa e a aconchego, inspirando seu cheiro de bebê.

- Com fome, princesinha? - pergunto com a voz rouca ainda. Pigarreio, tentando clareá-la. - O que acha de comer uma salada de frutas? Ou, melhor, panquecas!

Seu sorriso se ilumina ainda mais quando ouve 'panquecas', o que me faz rir. Passo em frente ao quarto de Matt e consigo ouvir Abby cantando baixinho, algo que costuma fazer quando amamenta. Meu coração se aperta um pouco, mas decido deixá-la em paz por hora.

Com Go sentada no cadeirão, vou até a geladeira para pegar todos os ingredientes que preciso. Sabendo que minha pequena Styles faminta não vai se acalmar até que lhe dê algo para comer pego um pote de morangos picados e lhe entrego, vendo seus dedos gordos mergulharem e se lambuzarem enquanto leva a fruta a boca. Não posso deixar de rir.

Me apresso em preparar as panquecas, cantando o abecedário com Margot durante o processo. Acabamos cantando diversas músicas enquanto a pilha de panquecas cresce e mal noto quando minha esposa se esgueira pela escada e se apoia no batente da cozinha me observando com olhos atentos.

- Caralho! - grito quando encosto no fogão quente. Meus olhos encontraram o de Abby por um segundo e simplesmente perdi a noção de tudo, me fazendo queimar meus dedos.

Em segundos, a morena está ao meu lado examinando minha mão. Seus olhos azuis preocupados brilham, aquela aura maternal que a segue desde Margot parece sempre mais forte nesses momentos em que alguém precisa dela.

Abby desliga o fogão, me levando até a pia e ligando a torneira, colocando minha mão embaixo da água corrente. Fico imóvel, uma simples marionete em suas mãos, como sempre.

Sem dizer uma palavra, Abby pega algumas panquecas, corta-as com uma velocidade assustadora e as coloca na mesinha do cadeirão de Go. Em seguida, some escada acima, o que faz meu coração apertar de novo, mas logo seu rosto impassível aparece novamente com uma caixinha de primeiro socorros.

Ela desliga a água e me leva para sentar ao lado de nossa filha, secando minha mão com cuidado. Suas mãos trabalham com agilidade ao passar pomada e fazer um curativo na pele vermelha e ardida.