Capítulo setenta e sete

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– Vamos dar início a audiência de Hugo Murl Ashton

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– Vamos dar início a audiência de Hugo Murl Ashton.

Engulo em seco ao ver o juíz Taylor Müller, trazido direto de Ásteres para o meu julgamento, me lançar um olhar duro.

Tento me arrumar melhor sobre a cadeira, porém esse simples movimento já descarrega uma dor enorme nas minhas costas. Eu estava apanhando todos os dias, desde que entrei na droga daquela delegacia, minha mãe tinha conseguido adiar o momento da transferência até o julgamento, mas isso não quer dizer que estava protegido lá dentro, meu corpo e meu rosto mostravam que eu não estava.

– Eí! – dona Maria Eduarda pegou na minha mão – Eu estou aqui com você! Sempre vou estar aqui com você!

– Obrigada! Eu amo a senhora!

Vejo ela lutando para segurar as lágrimas que preencheram seus olhos e sinto meu coração se quebrar mais um pouquinho com a constatação que fazia anos que não dizia isso para ela.

Merda! A quanto tempo eu tenho negligenciado minhas atitudes de filho para focar somente numa vingança idiota e infundada contra Mason?

– Me desculpa por fazer a senhora passar por isso! – beijo sua bochecha.

– Eu sempre vou fazer qualquer coisa que esteja ao meu alcance por você, filho! – sorri tristinha – Você e o Maurício são os amores da minha vida!

Mágico! Pela primeira vez em anos, eu me senti realmente amado dentro de nossa família, não que antes não fosse, eu era, eu sou, mas eu deixei por muito tempo uma amargura idiota sobrepor esse sentimento lindo e me fazer sentir sozinho, quando na verdade, eu sempre tive eles ao meu lado.

Ao inclinar meu rosto para o lado, consegui enxergar o resto da nossa família ali e entre eles o Mason, a Catherine e a Gabriele. Sabia que eles iriam testemunhar contra mim, mas por algum motivo, eu não conseguia sentir raiva deles, porque na verdade, eu merecia isso, eu tinha feito por merecer um lugar dentro da prisão e eu só tinha percebido isso depois de apanhar todos os dias, depois de ter sentido a dor física que machucava e só poder imaginar a dor psicológica que causei aquelas duas meninas.

Conforme a audiência seguia, mais coisas eu discernia, mais culpa eu sentia, as confissões dos sentimentos sentidos pela Gabi e pela Cathe pareciam arranhar cada parte de meu corpo para que eu sentisse a dor que elas sentiram.

A torturas chamadas de horríveis, técnicas e mais técnicas de como fazer uma pessoa se sentir mal e eu tinha acabado de descobrir que a principal era ouvir relatos de suas vítimas, eu havia machucado as duas de uma forma que não desejava a ninguém.

Me pergunto como não percebi que as estava causando tamanha dor?

Me pergunto, se eu faria diferente caso soubesse naquela hora?

A verdade é que eu não faria nada diferente, mesmo sabendo a dor que as causei, eu não faria, porque eu não conseguia imaginar o que elas sentiam e só consigo agora, porque levei muitos socos e pontapés dentro daquela delegacia.

Regra N°1 [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now