12. L U Í S A.

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12.

Luísa.

"Dia de luz, festa de sol, é Luísa a descansar com uma massagem para relaxar..."

Ahhhhhhhhh. – Respiro e logo em seguida inspiro, com as mãos de fada da massagista em minhas costas. Minha barriga já claramente promitente está encaixada em um espaço próprio para ela, e agora posso finalmente apreciar uma massagem – mesmo que seja de vinte minutos – e poder relaxar para o meu martírio mais tarde.

— Já comprou seu vestido, Lulu? – Raquel pergunta, na cama ao lado da minha, marcamos de fazermos juntas a massagem especial para grávidas e cá estamos, além dela e do chato do Marcelo terem sido convidados pelo Fernando para irem a festa também. Mas infelizmente eles não poderão, pois terão ao importante na igreja deles.

O que só me faz não querer ir, mas acabo me lembrando da viagem para o Caribe.

Droga de homem que sabe onde pressionar para me conquistar!

Não é bem conquistar...

Vocês entenderam.

— Comprei hoje cedo, sabia que iria me atrasar todo se fizesse a tarde. Tenho o cabelo e a maquiagem daqui a pouco e realmente estou dando pulinhos de felicidade por ter sido inteligente dessa vez. – Ela ri ao mesmo tempo em que ronrona com a massagem.

Realmente as meninas daqui arrasam.

Confiro minha imagem no espelho uma última vez e me agrado do que vejo. O vestido rosa é longo, alguns centímetros abaixo dos meus saltos dourados, a maquiagem tem um fundo rosa clarinho e esfumada com pelo menos dois tipos de marrom, ressaltando meus olhos azuis, meu cabelo pedi para que prendessem as laterais e deixassem o restante soltos, e elas fizeram também babyliss nas pontas, dando mais volume, caindo como cascata em minhas costas, quase alcançando a cintura. Pego minha cloth e deixo o apartamento apressada.

Faltando poucos minutos para as 20h entro no bendito táxi, e dou o endereço do salão de festas, onde acontece a reunião dos funcionários com os clientes da construtora, apenas os mais abastados de dinheiro – os podres de ricos – onde os arquitetos e engenheiros conseguem socializarem-se com os clientes e até quem sabe sair de lá com mais uma obra a caminho.

O nome festa é só uma fachada, ao meu ver.

— Vamos mais rápido moço, por favor! Desse jeito vou chegar só para a limpeza pós festa. – Peço agoniada com a tartaruga em marcha lenta que diz estar dirigindo.

Assim que ele estaciona o carro, apreço-me em descer e caminho para dentro do salão, já completamente cheio.

A decoração, ficou impecável, ainda melhor do que planejei. Toda dourada com preto, sofisticado, mas ao mesmo tempo diferente. A única parte que detestei, é a bendita escada, pois nesse exato momento estão todos os olhares direcionados a mim, a Cinderela ao avesso, que chegou atrasada e que adora passar uma vergonha, no débito, no crédito, nos boletos todos e ainda pagar em suas prestações.

Ergo um pouco a barra do vestido e dou um passo atrás do outro, olhando com clareza para os degraus para não me estatelar de cara no chão. A luz recai sobre mim e tenho vontade de fugir para longe, quem teve a brilhante ideia de iluminar os clientes quando entrassem?

Ah, foi eu mesma!

Parabéns, santa inteligência.

Estreito os olhos e enxergo alguém parado ao pé da escada, como se estivesse me esperando chegar ao final do último degrau.

O Recomeço [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora