SETE

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Prontos para esse capítulo? Por que vai ser tenso

Boa leitura









Jimin | 🐥


O primeiro dia na escola foi, em boa parte, como eu esperava que fosse. Embora ainda fizesse muito calor, usei o uniforme de inverno, porque ele cobria minha pele. Meu pai havia conversado com a diretoria e eles concordaram que eu poderia usar elas durante todo o ano por causa da minha condição. Mas não importava que as pessoas não pudessem ver minhas cicatrizes. Elas ficavam me observando coxear pela escola com a bengala e olhavam para as mangas compridas e para minhas dificuldades, sabendo exatamente quem eu era e o que estava escondendo sob as roupas.

Algumas pessoas tentavam ser discretas ou tentavam não olhar, mas os olhos delas acabavam se voltando para mim, de qualquer forma. Esses eram os estudantes que forçavam um sorriso em minha direção ou que falavam comigo de forma grosseira quando precisavam. Outros encaravam abertamente, riam, apontavam e me provocavam na tentativa de fazer os outros rirem.
Ninguém se esforçou para fazer amizade comigo. Ninguém me defendia quando eu era provocado. Alguns olhavam como se estivessem se sentindo culpados por mim, mas estavam amedrontados demais para intervir.

Percebi que esses eram, provavelmente, os estudantes que tinham sido alvo dos assédios até que eu chegasse à escola para substituí-los. Nem mesmo esses estudantes me convidavam para sentar com eles na hora do lanche. Estavam amedrontados demais para serem legais comigo.

Fiz meu melhor para ignorar aquilo tudo, mas levaria algum tempo para chegar a um ponto em que aquilo não me machucasse — se é que isso seria possível.

Minhas meias-irmãs não ajudavam em absolutamente nada. As duas estavam comigo em pelo menos uma das aulas, e todas tínhamos o mesmo lanche, mas, como suspeitei que iria acontecer, elas adotaram a tática do Jimin-não-existe. A única vez que nos falamos durante todo o dia foi no estacionamento, depois das aulas.

Rosé me saudou com um olhar perverso enquanto abria a porta do passageiro do pequeno conversível de duas portas.

— Estacionar no lugar de deficientes é muito embaraçoso.

Jisoo jogou a mochila no banco de trás e sentou-se no lugar do motorista.

— Não importa. É o melhor lugar do estacionamento. É tão perto que vamos estar longe daqui antes que comece o congestionamento.

Rosé zombou da irmã, puxou o banco do passageiro para a frente, e gesticulou para que eu fosse para o banco de trás. Será que ela estava de brincadeira?

— Você sabe que eu não consigo entrar aí, não sabe?

Rosé deu de ombros.

— Então vá andando para casa. Eu não vou andar no banco de trás o ano todo.

Fechei os olhos contra uma fisgada repentina de lágrimas frustradas. Tinha sido um dia horroroso e eu só queria ir para casa.

— Não estou querendo ser difícil. Eu não tenho habilidade física para entrar lá atrás.

— Rose! — Jisoo se zangou. — Será que você pode entrar logo?

— Não, este é o nosso carro. Nós não deveríamos ser punidas porque o monstrengo não consegue usar as pernas.

Ela tinha levantado a voz o bastante para ganhar a atenção de metade dos estudantes no estacionamento. Se ela estava realmente com vergonha de mim, estava lidando com a situação da maneira errada. Jisoo obviamente pensava da mesma forma. Ela olhou para a irmã, deu a volta no carro e colocou as chaves do carro na mão de Rose.

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