Hora Errada

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A exatamente 1 ano atrás eu estava em trabalho de parto, com muito medo e com muita dor, não sei expressar em palavras o amor que eu sinto por esse ser que me enlouquece de um jeito diferente todos os dias.

Meu maior medo era não saber sr mãe, não existe tutorial pra isso, minha mão está aqui para me ajudar, na verdade, pra me ensinar alguma coisa em relação a isso eu tenho um total de zero pessoas.

Mas eu acho que de verdade eu estou indo bem, sei que estou fazendo tudo o que está ao meu alcance pelo menos.

A Alícia se tornou toda a minha vida, e hoje ela enfim completa seu primeiro aninho de muitos.

Eu fiquei um mês organizando o aniversário dela na minha cabeça, algumas vezes eu acabei chorando por imaginar como seria se eu estivesse no Brasil, iria ser uma festa enorme, com os meus pais, com os avós dela, talvez até mesmo o pai dela...

Mas eu simplesmente não posso ficar parada no tempo, eu preciso seguir a minha vida de vez.

E foi no dia do aniversário da Alícia que eu resolvi deixar o passado no passado de vez.

Ela estava muito animada porque o Tiu Ma e a Tia Didi finalmente iam vim ver ela, mas o aeroporto estava com alguns problemas e eles só iriam chegar no dia seguinte.

Eu e a Cassie organizamos uma festinha pra ela, em casa mesmo, não ia ter muita gente, encomendei um bolo e nós compramos a decoração, eu arrumei a Alícia e ela ficou a coisa mais linda do mundo.

Eu estava começando a me organizar para enfeitar a sala quando a Cassie pediu pra eu levar ela urgentemente na lanchonete do Miguel porque ele estava com uma emergência e ela não iria conseguir dirigir.

A Cassie é uma péssima motorista por sinal.

Eu peguei a minha bolsa e a Alícia e praticamente voei para a lanchonete com elas.

Foi eu pisar na lanchonete que começaram a cantar parabéns para a Alícia, a Alícia começou a bater palmas animada e eu a chorar feito uma idiota quando eu vi quem cantava.

O Matheus nos abraçou forte, muito forte, a Alícia grudou no pescoço dele e não quis soltar de jeito nenhum.

Quando ela finalmente largou foi a vez da Diana nos abraçar.

-Eu não acredito que vocês fizeram isso – Eu disse quando me recompus.

-Pra você nós nunca conseguimos fazer uma festa surpresa, mas pra Al nós conseguimos – O Matheus falou.

A festa foi linda, eles usaram a decoração que eu comprei da pequena sereia que é o desenho favorito dela, é a úa música que ela sabe cantar, e ela canta o dia inteiro ''Ati nu má''.

A Alícia ficou emburrada comigo porque eu não deixei ela comer bolo ou qualquer um daqueles doces, mas o Matheus acha que eu sou burra, acha que eu não vi ele dando o bolo escondido pra ela, principalmente porque ela ficou com a língua azul.

Ele limpou a boca dela pra eu não perceber, mas quando eu fui dar de mamar pra ela, meu peito ficou todo azul, e assim que ele percebeu que eu vi, rapidinho saiu de perto de mim.

Assim que chegamos da festa da Alícia, eu troquei a roupa dela e a coloquei pra dormir, ela já não cabia mais no berço, agora ela dorme comigo na cama, mas sempre com travesseiros ao redor dela.

Troquei a fralda dela e coloquei na cama, ela suspirou mas continuou dormindo, estava acabadinha de cansaço.

Fui pra sala onde o Matheus e a Diana estavam junto com a Cassie e deitei em cima da Cassie.

-Desgruda, vai deitar no Matheus – A Cassie falou.

-Vem irmãzinha, ela tá com ciúme – O Matheus falou e eu ri.

-Isso é sério Cassie? – Perguntei pra ela indignada e ela bufou.

-Claro que é olha a cara dela – A Diana falou.

-Eu só acho um absurdo a Alícia já ter um tio favorito – Ela resmungou.

-Ela não tem! – Eu falei tentando defender a minha filha.

-Claro que tem Julie! Você viu como os olhos dela brilharam quando ela viu o Matheus? Pareciam duas estrelas! – Eu ri.

-Para de exagerar – Falei tentando acalmar ela.

-Ah eu vou arrumar as camas! – A Cassie resmungou e foi para o quarto dela.

-E eu vou tomar banho – A Diana falou.

O Math olhou pra mim e bateu no lugar ao lado dele no sofá.

Fui pra lá e deitei a minha cabeça no colo dele e então ele começou a fazer carinho no um cabelo.

-Já vai fazer dois anos que você está aqui né – Ele puxou assunto do nada.

-Sim – Respondi um pouco seca porque de verdade não queria falar sobre aquele assunto.

Pelo menos não hoje.

-Você não pensa em... sei lá... – Ele falou com um pouco de receio e eu sentei no sofá.

-Voltar? – Perguntei pra ele e ele apenas assentiu – Não, eu estou bem aqui, nós estamos – Ele suspirou e pegou a minha mão direita.

-Você já pensou que nós podemos não estar? – Ele perguntou olhando nos meus olhos.

-Como assim? – O Matheus suspirou.

-Julie sua mãe só vive murcha desde que você veio pra cá, e seu pai tá sempre reclamando que você não liga, vovó eu nem preciso falar né? Ela já reclamava antes que mal te via, imagina agora, e tem eu, que estou mentindo pra todo mundo, inclusive para o meu melhor amigo e que sinto a sua falta absurdamente, e a dela também – Ele apontou para o quarto.

-Eu sinto falta de você todos os finais de semana que a gente se via, sinto falta de conversar com você, de te ver, de virar a noite conversando, jogando, bebendo, sinto falta de você Julie – Ele suspirou.

-Em alguns meses eu vou me formar, e tudo o que eu mais quero é você com a minha afilhada na minha formatura, você foi a pessoa que mais me incentivou e apoiou pra conquistar o meu sonho, como que você não vai estar lá?

Senti um nó se formar na minha garganta e um aperto no meu coração.

-Matheus eu nunca vou voltar, todos vocês já deviam ter aceitado isso, já estou aqui à um ano e nove meses, não tenho porquê voltar, minha vida está feita aqui, tenho meu emprego tenho minha estabilidade, minha casa, não preciso voltar.

-E a sua família? – Ele me perguntou um pouco bravo.

-Minha família está muito bem sem mim, estão ótimos na verdade, vocês apenas tem que aceitar o que não podem mudar, boa noite.

Eu disse me levantando e indo para o quarto.

E assim o primeiro 1 aninho da Alícia ficou marcado para mim como a primeira vez que eu e o Matheus discutimos de verdade.

Ele ficou chateado comigo até ir embora.

Ás vezes ele é muito infantil.

Mas eu entendo ele de verdade, eu sei que ele sente a minha falta, mas é inviável para mim voltar.

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Vocês têm noção que o próximo é o último? GENTE SOCORRO