Kacchako em Ele

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Finalmente meu último dia de aula nesta turma! Por um semestre inteiro precisei suportar essa situação que jamais esperaria. Não que eu tenha muita experiência, mas isso estava fora de qualquer planejamento da minha vida de professora.

Me graduei em Nutrição e em seguida já comecei o mestrado em Nutrição Esportiva. Como parte da formação do mestrado, precisei assumir uma disciplina de uma turma de graduação em Educação Física: Métodos de Pesquisa em Nutrição.

Basicamente os alunos que desejavam fazer seu trabalho de conclusão de curso na área da nutrição contavam com a minha ajuda para iniciar seus projetos de pesquisa, para em seguida seguirem seus próprios passos com o orientador. Já tinha ministrado várias aulas pontuais, mas essa foi a primeira vez que eu fui realmente responsável pela disciplina. Obviamente que o Doutor Shota Aizawa estava lá para me supervisionar, mas ele tinha as prioridades dele. Eu não era exatamente o topo da lista.

Tudo teria corrido muito bem se não fosse por ele. Minha turma não era grande, afinal nutrição não era o tópico mais popular entre os formandos de Educação Física, muito menos entre os homens. Dos 20 alunos, apenas um rapaz. Ele! Tantos anos frequentando o mesmo campus, e eu nunca o tinha visto. Mas lá estava ele, quase se formando.

Me lembro perfeitamente daquele primeiro dia de aula que entrei na sala alguns minutos antes do horário, cheia de confiança e energia. Já tinha bolado mil e um discursos motivacionais para meus alunos no final dessa jornada tão importante, e tive certeza que consegui inspirá-los.

Teria sido assim, tranquilo, se não fosse por ele! Não sei o que deu em mim naquela semana.

Já tinha passado pelo menos umas quatro aulas, e era óbvio que eu e todas as outras 19 alunas da turma já tinham reparado como ele era bonito. Mesmo assim isso não interferiria em absolutamente nada na minha aula, eu até me divertia reparando nas garotas querendo se aproximar. Ele era um tanto ríspido, não dava assunto para as colegas. Algumas já começavam a desistir e chamá-lo de grosso. Ainda assim, o seu foco na minha aula era impecável.

Se não fosse aquela maldita semana, talvez eu não tivesse passado a olhar ele de outra maneira. Era dia o da primeira entrega de projetos e todos deveriam me apresentar um esboço do que seria seu trabalho. Ele não apareceu na aula. Estranhei pois parecia um aluno dedicado, não parecia ser do tipo que faltaria na aula no dia da entrega. Confesso que na hora nem dei bola, afinal era muito fácil ter a impressão errada das pessoas.

Quando a aula terminou e as alunas foram se retirando, ele entrou. Maldita semana aquela! Era a semana dos Jogos da Universidade, algo que teria me passado completamente despercebido se ele não tivesse entrado na sala apenas com uma regata preta justa e a bermuda larga do time de basquete da universidade, todo suado, com uma toalha no ombro e as pontas dos cabelos ainda úmidas de suor.

Ele entrou pedindo desculpas por não ter vindo a aula, mas que tinha trazido o trabalho para me entregar. Puxou de dentro da mochila uma pastinha com algumas folhas e me alcançou. Por um breve momento fiquei olhando para a pasta, depois para o braço dele que tinha a musculatura perfeitamente torneada e até mesmo inchada devido a prática esportiva. Em seguida reparei nos ombros largos, peitoral forte, clavícula acentuada, o cabelo bagunçado e olhos rubros profundos. Mordi o lábio inferior enquanto sentia certo nervosismo me apertando as entranhas. Esperava sinceramente que ele estivesse preocupado o suficiente para não prestar atenção em minhas reações, mesmo que discretas.

A ponta de culpa que eu senti em estar admirando um aluno daquela forma não me impediu de continuar medindo com o olhar cada centímetro de toda aquela musculatura. Dava para ver que aquele porte não era só fruto de treinos da prática do time, aquela hipertrofia não deixava que eu desconfiasse de nada menos que boas horas de musculação.

BNHA para MaioresOnde histórias criam vida. Descubra agora