Capítulo 18

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   Quando voltou meus olhos percorreram do seu rosto direto para suas mãos, lá havia alguns objetos desconhecidos por mim e eu não sei se devo sentir medo ou confiar.
   — Você confia em mim? — essa é a questão, eu confio o bastante? Mordo meus lábios e olho para o colchão, isso se repetiu na minha mente, mas se eu pedi para conhecer seu mundo, era porque eu confio.
   — Sim — agradeço minha voz sair tão segura, pois era isso que eu queria, falar de confiança e passar isso. Vicente franziu sua boca logo passando sua língua entre lábios, olha para o chão e eu não posso ver o que seu olhar poderia me dizer, está indeciso se poderia continuar? Não! Logo ouço seus passos em minha direção e some da minha visão para ficar atrás de mim. O colchão se abaixa e a cama range, sinto a sua proximidade e a quentura do seu corpo, por um motivo estou ofegante e não sei dizer qual, apenas sinto quando puxa a corda e consequentemente os meus cabelos, meu pescoço fica exposto para ele e suas mãos envolvem essa região, pressiona até que eu fique sem ar, beijos molhados são depositados na minha bochecha e solta meu pescoço me fazendo respirar forte. Suas mãos descem dos meus ombros até chegar no meu tronco e fazer com que meus seios sejam cobertos por suas enormes mãos, mordo os lábios em dor tentando ser forte quando meus mamilos são apertados, uma mordida no fim do meu pescoço e some. Não consigo saber o que faz parado ali atrás de mim. Todavia sei que deve estar fazendo algo.
   — Abre a boca — faço o que pede e um pano é posto ali e amarrado atrás da minha cabeça, estou presa pelo tronco com uma corda que prende meus cabelos e meus pés, agora minha boca está amarrada e não consigo falar nada, sem perguntas, sem negação. Vicente levanta e fica a minha frente, observa a minha pessoa enquanto dá passos para trás a senta-se no sofá, estou cansada de estar nessa posição, tenho frio e me sinto um pouco constrangida por analisar a minha pessoa presa. Não sei o que irá fazer a mim ainda, pois, sinto nos meus pés o gelo de um objeto. Olho em seus olhos, agora, é como a primeira vez que nos vimos, está sentado a observar, mas diferente da primeira vez, observa todo meu corpo e não só meus olhos. Vicente respira ofegante, ainda está excitado, mas não fez nada que o aliviasse. Se levantou do sofá, e ouço o barulho da fivela do seu cinto, assim que o tira da sua calça social cinza a mesma cai até seus quadris e permanece ali mostrando o início de sua peça íntima. Engulo em seco na mesma hora em que segurou o cinto em suas mãos e se posicionou do meu lado.
   — Irei bater cinco vezes — o olho, não é tempo de gritar não, eu pedi. — Mas quero que levante um dedo para que eu pare, eu não quero te machucar — isso é irônico, mas devo me lembrar que tem esse fetiche, ver a dor e senti-lá é o seu maior prazer, quero saber se também gosto. Perdida em meus pensamentos sinto o primeiro toque do cinto na minha pele, queima e eu tive apenas a reação de arregalar os olhos. Uma cintada na minha nádega, olho para Vicente vendo que tem seus lábios presos enquanto olha para o que deveria ser a marca vermelha na minha pele, logo outro impacto, mas desta vez sobre minha coxa, observo a vermelhidão logo aparecendo. A sensação de queimação é boa, era maior que a da vela, mas ainda era boa. Os outros três impactos foram em minha nádega direita, no meu seio esquerdo e na minha mão, confesso que não dói tanto quando eu pensei que iria doer. Quando se leva uma surra uma cintada não é nada.

   Vicente jogou seu cinto para o sofá onde havia minhas roupas, suas calças foram abandonadas e subiu na cama vindo em minha direção, olhando em meus olhos se moveu para pegar o que quer que fosse que estava atrás de mim, senti o objeto ser puxado quando se afastou dos meus dedos do pé, sua respiração batia nos meus mamilos e lá deixou um pequeno beijo, abrindo por fim um sorriso pequeno. Voltou a posição anterior, ficando um pouco maior que eu, minhas mãos atrevidas foram até o volume entre suas pernas vendo seu sorriso desaparecer e seu rosto tomar uma expressão séria. Minhas mãos foram pegas dali e puxadas para cima me deixando agora totalmente submissa a ele, olho para ver que prende minhas mãos com algemas e logo na corda, agora estou totalmente presa. Com cuidado minhas pernas são abertas e o barulho de algo me chama atenção, aquilo era o que Madelaine nos trazia para treinarmos, um consolo. Olho para o homem a minha frente e me analisa, logo meu corpo treme junto com o objeto que é posto sobre meu clitóris e meus olhos saltam para fora.
   — Você pediu para conhecer o meu mundo — sua mão livre aperta com força minha coxa e a queimação da cintada que recebi se torna presente, quando o brinquedo para de vibrar Vicente o põe ao meu lado e me olha. Involuntariamente sinto algo mais forte bater em mim e desta vez não é o cinto, são depositados vários golpes em um mesmo lugar por vinte e cinco vezes sem parar, uma lágrima desce dos meus olhos e Vicente para assim que percebe que choro.
   — Você quer que eu pare? — reparo no chicote à sua mão. Engulo o choro e observo minha coxa, mas aceno que não. Vicente não demora em ir para trás de mim e ali deposita mais vinte e cinco golpes em cada nádega minha. Às lágrimas nunca deixaram de escorrer, eu nunca deixei de apertar meus próprios dedos sobre as palmas da minha mão, eu não irei dizer para parar, eu pedi para conhecer seu mundo.

   Depois que Vicente terminou a sua sessão eu saí do quarto e subi as escadas, não desci para comer, não desci para lanchar e agora eu olho para fora, chorei no banho e vi meu corpo todo marcado. Pelos seus chupões, pelos seus dedos, pelo chicote, o cinto, as algemas e a marca das cordas ao redor do meu corpo inteiro. Eu não sei se poderia o julgar ser alguém mal por isso, ele tinha culpa pelo seu fetiche? Eu era um pouco madura para entender que Vicente era quem atendia as regras nesse jogo, me comprou para ser submissa, mas somente faria algo comigo se eu desse minha permissão, eu permiti que me mostrasse seu mundo, e por mais que eu esteja arrependida, não posso o culpar, não posso o julgar pelo que ele julga ser prazer, mas minhas nádegas ainda doem.

   Resolvo sair do quarto, são oito da noite e o cheiro de comida é convidativo. Quando cheguei à cozinha Vicente estava a cozinhar, me olhou por cima dos ombros e voltou a sua atenção ao fogão, ali fiquei pensando que por mais que eu e ele conhecemos o nosso passado e o porquê de cada um estar aqui hoje, não conheço pequenas coisas do mesmo.
   — O que pensa? — sua voz em vários tons, olho meus dedos em cima do balcão.
   — Em como começamos do lado errado do que as pessoas julgam certo — sua pessoa vira completamente para mim de um modo confuso.
   — Como assim? — cruza os braços e sorrio.
   — Começamos a dizer sobre coisas que deveríamos falar só daqui sei lá, dois ou cinco anos? Falamos coisas pessoais demais, confiamos rápido demais, sabemos que confiança é algo que ganha com o tempo e o nosso tempo junto é no total de oito dias — sorri ao saber disso — deveríamos começar com qual seu filme preferido, seu livro ou cor? O que gosta de comer? Qual é sua maior curiosidade? E não com eu 'fugi de casa cedo porque meu pai era louco e matou minha mãe' ou 'meus pais morreram e eu virei striper aos dez anos'. — Vicente parece analisar tudo que eu disse e apenas vira para o fogão. Suspiro, pois, é verdade. Deveríamos nos conhecer melhor, não nos conhecemos, apenas sabemos os nossos passados trágicos, sei que é gentil, carinhoso, cavalheiro e um homem insaciável. Mas gosto dos detalhes.
   — Qual é o seu livro preferido?

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Meia NoiteWhere stories live. Discover now