Capítulo 1

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Era o dia do meu casamento, e eu ainda estava com uma puta ressaca da noite anterior, da minha despedida de solteira. Ninguém sabia como se divertir mais do que Melanie.
Tínhamos ido a uma boate nova. O lugar em si não tinha nada de especial, mas eu precisava relaxar.
Estavam todos muito eufóricos com o casamento. E eu não pude deixar de pensar se seriam tão cruéis assim para  estarem se divertindo com a minha infelicidade. Será que ninguém via que eu não o amava? Que não estava feliz com aquela situação? Que nem o conhecia?

Não. As empregadas que me ajudaram a me arrumar só conseguiam dizer quão lindo o noivo era. Jovem. Sarado. Entre outros adjetivos. E, enquanto isso, pensando sarcasticamente, imaginava que, já que era tão perfeito assim, seu defeito deveria ser um pau pequeno. Será que quando a hora chegasse deveria estimulá-lo com uma pinça? Fiz uma anotação mental de não esquecer de levar uma pinça, então me lembrei que Mary, a empregada mais antiga da mansão, foi a encarregada de arrumar a minha mala. Partiríamos ainda hoje em lua de mel.

- Mary – A chamei. Ela estava acabando de fechar minhas malas. Todas as minhas coisas já haviam sido empacotadas e a maioria já tinha sido levada até minha nova casa, seja onde fosse.

Ela se virou, me olhando. Sorriu. Mary sempre havia sido como uma segunda mãe, fazendo tantos doces quanto eu quisesse.

- Poderia colocar uma pinça na mala? – continuei.

- Uma pinça? – Ela estranhou.

- Sim, todas me dizem quão perfeito meu noivo é que já começo a ter certeza que o seu problema se esconde nas calças. Deve ter um pau minúsculo. A pinça virá a calhar se eu tiver razão.

Gargalhamos juntas. Eu sentiria saudades de  Mary, talvez mais do que sentiria de meu próprio pai. Suspirei. A verdade é que eu sentiria falta de tudo.

Chegou a hora de descer. O casamento seria ali mesmo, na mansão de meu pai. Ele insistiu que fosse celebrado ali, e também redobrou a segurança. Mais do que ter medo que alguém de for entrasse, ele tinha medo que eu escapasse. Eu não tinha uma boa reputação nem com meu próprio pai. E provavelmente meu noivo pensaria a mesma coisa a meu respeito, já que convivia com meu pai todos os dias.
As pessoas já estavam reunidas do lado de fora, no jardim. Eu deveria pensar que o dia estava perfeito para se realizar um casamento, que era o dia ideal para o meu casamento. Mas nem  de longe poderia pensar isso. Até Deus  parecia concordar que era uma péssima ideia, ainda mais um casamento ao ar livre. O céu estava escuro, prevendo a tempestade do século, o vento estava furiosamente violento, e nós estávamos lá, no jardim, sem uma única cobertura sobre nossas cabeças.

Olhei para cima e xinguei o animal que tinha visto uma tempestade  daquelas se formando e não tinha pensado em colocar nem um guarda  chuva em cima da cabeça das pessoas.

Quando adentrei o jardim, as pessoas pararam para me olhar. Involuntariamente, procurei meu noivo em cima do altar. Pensando, ironicamente, que meu pai não gostaria que eu me casasse com a  pessoa errada ainda por cima. Isso seria a minha cara.

O meu pai estava se aproximando, mas ele estava muito longe e eu queria apressar as coisas, antes que a chuva  pegasse todos nós de calças justas, ou vestidos justos.

Não que eu não gostasse de chuva. Na verdade era o melhor tempo, na minha opinião. Quando pequena, adorava sair na  chuva para dançar.
Andei pelo tapete vermelho à minha frente, encontrando meu pai no meio do caminho.

- Volte, Elena. Vamos fazer nossa entrada em direção ao altar. – Richard me disse.

- Pai, pelo amor de Deus, olha a chuva que está chegando. Podemos pular a parte da entrada, que é tão clichê. Agora me diga, qual deles é o noivo? – Perguntei.

O Cafajeste já tem donaTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon