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Any Franco

...

Faz apenas dez minutos que a aula do senhor Monroe acabou e eu já me sinto um caco. Entendi exatamente o porquê de todos dormirem durante a aula dele. Passo pelos corredores com pressa de chegar logo ao estacionamento antes que a Sabina sumisse com o Pepe.

As aulas do Josh eram incríveis em um nível que fez todos os alunos amarem o novo professor. Talvez fosse pelo fato dele ser mais novo que os outros, mas sem dúvidas é um dos preferidos.

Saio da escolha tentando esquecer essa ideia absurda de ficar comparando os dois, mesmo que isso seja quase impossível de tão diferentes que os dois são.

Pelo menos eu consigo prestar atenção no que ele está falando, não na forma como os lábios dele se mexem. Faço que não rindo para os meus próprios pensamentos quando o celular começa a vibrar.

Fico surpresa ao ver que se tratava de um número desconhecido. Atendo já preparada para desligar caso o assunto fosse a renovação do meu cartão de crédito.

- Alô?

- Moranguinho? - escuto a voz familiar e logo me alegro olhando para todos os lados a procura do garoto de olhos verdes.

- Noah? Como conseguiu o meu número? - pergunto andando até a parada de carros.

- Eu tenhos os meus meios - diz cheio de mistério - Mas me diz uma coisa: tá afim de assistir a maior apresentação de grafite da América? - propõe.

- Seria legal... - olho o horário no relógio - Mas isso seria quando?

- Agora - responde naturalmente.

- Agora? - retruco com a mesma afirmação de antes pensando ter ouvido errado.

- Exato. Agora - confirma. Escuto algumas buzinas do outro lado da linha mexendo os meus dois pés - Posso te pegar aí?

Mordo o lábio inferior pensativa. Qual seria o problema de dá uma saída agora? Não teria problema nenhum.

- Ok. Te espero aqui - afirmo ao som de outra buzina.

- Até, moranguinho - se despede e a chamada é encerrada.

Solto um sorriso inconsciente diante da ligação que acabei de receber. Dou uma olhada no celular mandando uma mensagem para o Pepe avisando que eu almoçaria fora hoje.

- Senhorita Franco? - me viro já preparada porque reconheceria aquela voz em qualquer lugar.

- Senhor Beauchamp? - cumprimento da mesma forma colocando o aparelho no bolso nervosa.

Tão lindo naquele suéter azul que combina com os olhos dele, sem os óculos dessa vez e o cabelo desleixado sendo decorado pela luz do sol.

Me sinto terrível naquela calça que me deixa desconfortável e o cabelo menos arrumado do que nos outros dias com uma cara sem dúvidas vermelha.

- Vai fazer alguma coisa? - pergunta com as duas mãos no bolso da calça. Por um momento até esqueço do Noah fazendo que não - Queria saber se você gostaria de conversar comigo em algum lugar mais sossegado?

- Ah, bem. Isso seria... - escuto uma buzina fazendo com que o meu evento fora de hora aparecesse outra vez - Legal, mas eu tenho uma coisa pra fazer agora.

Ele faz uma cara de quem entende sendo que não tem nada pra entender. Não é que eu não queira falar com ele. Na verdade eu quero, mas...

Um motor de uma moto surge bem perto de mim. Sei que o Josh também notou, porque está encarando de uma forma bem intensa o motoqueiro que não é ninguém menos que o Noah.

- E aí moranguinho? Pronta? - pergunta com o segundo capacete nas mãos.

Olho para o Josh outra vez que parece meio...

Josh Beauchamp

...

Chocado seria a palavra errada para descrever o meu sentimento diante dos dois. Fico encarando o menino como quem acabou de ver um boi correndo atrás de um carneiro.

Ele parece os típicos motoqueiros dos filmes adolescente. Usando uma jaqueta surrada cheia de pregas, o fios castanhos foram cortados de uma maneira desajeitada o deixando com um ar rebelde.

Merda.

Encaro Any que intercala os olhos entre nós dois parecendo estar a beira do precipício. Isso porque ela não está me vendo encarar tudo aquilo.

- Noah! Esse é o meu... ex professor de literatura Josh Beauchamp - fala olhando apenas para o amigo - Josh, esse é o Noah.

- E aí? - fala estendendo a mão. Minha vontade era de jogar a mão dele para o lado, mas ao invés disso a aperto.

- E aí - repito de uma forma natural. Querendo deixar claro que também sou jovem e tenho um vocabulário completo de frases adolescentes.

Pego Any me olhando curiosa. Apenas respondo o olhar como quem não está fazendo nada, enquanto o motoqueiro rebelde continua em cima da moto com o bendito capacete nas mãos.

- Any? Podemos ir? - Noah pergunta e ela faz que sim olhando rapidamente pra ele.

- Tem algum problema de conversarmos  outra hora? - pergunta e até parece preocupada.

Dou de ombros como se isso não fosse nada pra mim.

- Claro, senhorita Franco - respondo tentando não ser sarcástico - Não quero que se atrase para o seu encontro.

Ela abre a boca para retrucar, mas antes disso me aproximo da moto apontando para o gramado.

- Cuidado com o gramado - peço e Noah assente obediante já se afastando da natureza afetada - Até mais - essa última já digo para a Any.

Ela me encara sem dizer nada. Dou as costas tentando controlar os meus próprios sentimentos que estão a beira de se revelar.

Vou até o meu carro super normal de um adulto. Não consigo evitar de dá uma última espiada nos dois saindo.

Boa tarde :)

Parece que alguém se mordeu de ciúmes, hein? Só parece.










My Teacher - beauanyWhere stories live. Discover now