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Nota: (1) – Harry Potter e seus personagens não me pertencem. E sim a J.K. Rowling.
(2) – Essa história contém relacionamento Homem x Homem, se não gosta ou se sente ofendido, é muito simples: não leia.

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Profundos olhos azuis se fixaram no relógio em cima da mesa. 8h45min. Em alguns minutos, pensava a Dra. Owens, iniciaria uma nova sessão com Harry. E ela não conseguia apagar aquelas entristecidas esmeraldas de sua cabeça, nem os sussurros cheios de amor e saudade que clamavam o nome do Lord das Trevas, não, era impossível esquecer as atrocidades que havia presenciado na mente do menino e então, contemplar o semblante apaixonado que se desenhava em seu rosto ao pensar no homem que fora simplesmente a razão de toda a sua agonia.

Ela precisava fazer alguma coisa.

Cumprir o seu trabalho já não era o bastante. Não para ela.

- Mas o que eu posso fazer? – murmurou consigo mesma. Inúmeros relatórios estavam espalhados pela sua mesa, relatórios feitos pela Dra. Olivia Spencer, que contavam boa parte da trajetória de Harry com base em dados fornecidos por ele mesmo, pelos docentes de Hogwarts e por seus até então inseparáveis amigos.

Não havia nada que Elizabeth pudesse fazer. Pelo menos não enquanto suas conclusões permanecessem no escuro, uma vez que não contava com informações o suficiente para atribuir um diagnóstico definitivo ao menino. Mas este deixara de ser seu principal objetivo agora. Ela queria, acima de tudo, entendê-lo. Ajudá-lo.

- "O paciente passou a maior parte de sua infância trancado pelos abusivos parentes muggles num minúsculo armário sob as escadas". – lia um dos relatos – "Ao completar onze anos passou a freqüentar a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, não dispondo de autonomia para deixar o local".

"Sempre tomou decisões com base em influências externas".

"Fora instruído desde os onze anos a destruir um Mago Obscuro que até então desconhecia".

"Viveu uma infância de enganos e uma adolescência de manipulações e traumas".

Elizabeth suspirou pesadamente.

- O paciente passou a vida inteira seguindo as instruções de outrem – a psicomaga pensava em voz alta, anotando o raciocínio em sua prancheta – Desde que fora entregue aos parentes muggles até o momento em que descobrira ser um mago, vivera num cativeiro, um armário sob as escadas que era onde passava a maior parte do dia. Em Hogwarts, não podia deixar as instalações da escola, a não ser para o povoado de Hogsmeade nas proximidades e ainda assim sob a custódia de professores. E mesmo quando passava alguns dias com a família de seu melhor amigo, encontrava-se recluso num local determinado pelo diretor. Evidencia-se, portanto, que o paciente nunca dispôs de liberdade para com suas escolhas ou para com sua vivência no mundo exterior. Assim, quando em contato com seu agressor fora completamente privado de sua autonomia, mas também privado de sua "responsabilidade para com o Mundo Mágico", viu-se inconscientemente aliviado e adaptável à nova realidade de sua vida.

Relendo o que escrevera, a Dra. Owens concluiu:

- O armário sob as escadas; as belas, porém sombrias instalações de Hogwarts; seis anos trancado num sótão na fortaleza do Lord e, agora, este quarto em St. Mungus. Quatro paredes sempre estiveram presentes na trajetória da vida de Harry – pensou em voz alta – Cabe analisar, pois, como ele se relaciona com um ambiente aberto.

Seus olhos se fixaram no relógio outra vez.

9h00min.

Hoje a Dra. Elizabeth Owens tentaria algo novo.

EstocolmoTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang