07 | RUIVA DESGRAÇADA

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𝐴𝑋𝐿

Ressaca. É isso. São os efeitos da ressaca. Logo Bella irá voltar correndo para mim. Filha da puta. Você é um babaca Axl Rose. Você é um puta de um babaca.

Me ajoelhei no chão do aeroporto, segurando com força meus cabelos. Ódio e tristeza. Era exatamente o que eu sentia.

As pessoas que passavam ao meu redor olhavam como se eu fosse um louco. Eu fiz questão de apontas o dedo do meio para todas elas.

Senti as mãos de um policial contornar meus braços, me levantando do chão e me tirando de dentro do aeroporto. Eu lutava contra mas não resultava em nada, o cara era duas vezes meu tamanho.

"Mais um adolescente rebelde." O policial respondia pelo rádio rindo. Eu estava com a cara fechada no banco de trás.

"Eu sou maior de idade para a sua informação." Afirmei mas ele continuou comendo sua rosquinha sem dar a mínima atenção.

"Senti sua falta, Will." Eu ainda vou ser preso, não suporto que as pessoas me chamem assim "Nos tempos de escola você era rebelde, percebe-se que você não mudou muito."

"Meu nome é Axl Rose." Falei mas novamente ele não se importou "E não, eu não senti sua falta, Kevin."

"Se você continuar putinha, vai ser pior para você." Respirei fundo rezando para não dar um soco na cara de Kevin "Qual foi o problema dessa vez?"

"Adoro o jeito que você fala como se fosse da sua conta." Assegurei e ele soltou uma leve risada, me deixando mais confuso ainda.

"Eu já fui jovem, você não me engana, Will." Por que ele tem que reforçar meu nome a cada frase que ele fala? "A ruiva tomou um fora não foi?!" Eu apenas suspirei como resposta olhando para a janela.

"Quer conversar?" Kevin perguntou após ficar um silêncio tenso dentro do carro.

"Não." Murmurei e ele assentiu. Quem eu estou querendo enganar? "Quer saber, nós éramos felizes" Comecei a discursar e ele me olhou confuso "Nós vivemos muita coisa em dois anos, eu pensei que Isabella fosse o amor da minha vida."

"Dava para contar nos dedos as vezes que nós discutimos, a gente realmente se dava muito bem, nós nos entendíamos e apoiávamos de um modo absurdo. É um peso, uma angústia, não sei nem se consigo te explicar." Kevin escutava atento.

"Se você acha que ela é amor da sua vida, você não deveria deixa-la escapar tão fácil." Kevin me motivava mas eu ainda não via uma solução.

"Me passou pela cabeça desejar que eu nunca a tivesse conhecido, assim eu evitaria a dor que eu estou sentido agora." Limpei rapidamente uma lágrima que acabara de escorrer.

Voltei para casa e fui direto para meu quarto. Chloe dormia nos braços de Izzy, aquela cena não me ajudou em nada. Bati a porta com força e me joguei em minha cama, que antes era minha e de Bella.

Peguei um papel qualquer que estava jogado no chão e comecei a escrever, normalmente me acalma, como um refúgio.


𝐼𝑆𝐴𝐵𝐸𝐿𝐿𝐴

Ver meu pai arrumando as roupas para passar algumas noites no hospital foi uma das piores cenas que eu já presenciei.

Alice se divertia na sala com as lembranças que eu havia trazido para ela da viagem. Mal ela sabia o que estava acontecendo a sua volta. E nós não fazemos questão dela saber, não vamos estragar a infância de uma menina com míseros três aninhos de idade.

Depois de alguns minutos ajudando meu pai estava tudo pronto. Respiramos fundo com as mãos na cintura olhando para as coisas organizadas.

Me despedi de meu pai junto com Alice. Minha mãe o levou para o hospital enquanto cuidei da minha irmã em casa.

"Para onde o papai foi?" Alice perguntou se aconchegando em meus braços.

"Papai teve que viajar a trabalho, mas não se preocupe, logo ele irá voltar." Senti uma pontada perfurar meu estômago. Não está sendo nada fácil.

...

Ouvi a porta de casa fechar anunciando a chegada de minha mãe. Estava em meu quarto desfazendo as malas, Alice já dormia como um anjo em sua cama.

"Como foi?" Notei a presença da minha mãe escorada na porta do meu quarto. Ela apenas suspirou como resposta.

"Parece que eu levei um golpe." Ela se sentou na cama "O mais dolorido é não saber o que vai ser daqui para frente. Eu espero que nós nunca perdemos a força e a esperança."

"Eu admiro a relação de vocês." Continuei dobrando as roupas da mala "Estão a 28 anos juntos! E eu achando que dois anos fossem muito."

"Não pense que foram 28 anos de paz e amor." Ela soltou uma risadinha fraca "Seu pai é muito teimoso." Brincou.

Parei o que estava fazendo e permiti que o silêncio tomasse conta do quarto. Antes que minha mãe percebesse limpei as lágrimas que insistiam em escorrer pelo meu rosto.

"Como você sabia que ele era a pessoa certa?" Perguntei com a voz trêmula ainda virada de costas para minha mãe.

"Você não sabe de nada mesmo." Respondeu me puxando para um abraço "Eu nunca soube que ele era a pessoa certa." Me separei do abraço a olhando confusa.

"O amor não é feito de presentes caros ou surpresas enormes. O amor é algo aconchegante, mas também dolorido." Apoiei minha cabeça em seu colo enquanto ela fazia carinho em meus cabelos.

"Você sabe que é a pessoa certa quando você sente, observa e perdoa. Quando você vive sem medo, sem receios. Quando a felicidade do outro, se torna a sua."

"Como eu senti falta de seus conselhos." Dei um abraço apertado nela.

"Você ainda vai encontrar seu príncipe encantado, minha pequena." Brincou dando um beijo em meu nariz se despedindo.

Mamãe me desejou boa noite e foi para seu quarto. Eu fiquei apenas com meu pensamento borbulhando milhares de dúvidas.

A cada palavra que minha mãe dizia, eu me lembrava de momentos com Axl. Agora que não estava mais de cabeça quente eu tenho certeza.

Eu te amo, ruiva desgraçada!


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