39 | LIAM (NÃO) É UMA BOA PESSOA

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𝐼𝑆𝐴𝐵𝐸𝐿𝐿𝐴

Suspirei aliviada ao ver que todos já dormiam como pedra, Alice parecia um anjinho encolhida entre os lençóis ao lado da mamãe. Nem estava tão frio assim, mas as noites em Nova York traziam ventos fortes e frescos.

Fechei a porta devagar para não acordá-las, estava apreensiva e cheguei a segurar a respiração enquanto girava a maçaneta como se fosse ajudar em algo.

Fui até a sacada da sala e assim que passei pela porta de correr, um vento bateu em meus cabelos fazendo-os grudarem no meu gloss. Quem inventou essa porcaria? Eu engulo uma peruca inteira toda vez que passo essa obra do capeta na minha boca.

Olhei para baixo e Ana estava sentada no meio fio, assim que me viu abanou os braços e fez um escândalo.

"Bella! Finalmente!" Ana gritava. Mesmo sabendo que eu moro no terceiro andar e não seria tão difícil de escutá-la.

"Você quer acordar toda vizinhança, mulher? Parece que tem um megafone na goela." Falei enquanto gesticulava pedindo para ela fazer silêncio.

"Desculpa!" Gritou mais uma vez. Revirei os olhos e abri um sorriso. Senti sua falta.

Passei uma perna por cima do parapeito da sacada enquanto me segurava com as duas mãos nas paredes. Não deveria ter vindo de saia.

"Você não depilou direito esse cu, não" Ana gargalhava, olhando lá de baixo eu ficar empoleirada na sacada.

"Vai se foder!" Gritei de volta e fechei as pernas, na esperança que evitasse qualquer outro comentário vindo de Ana. Assim que me dei conta do tom de voz, congelei e observei se alguém havia acordado.

Até então, a barra estava limpa.

Joguei o lençol e enrosquei minhas duas pernas nele, joguei minha bolsa para Ana e agora só uma das minhas mãos me sustentavam no parapeito da sacada.

Os dois meses que eu aprendi dança aeróbica na escola têm de servir para algo. Algo tipo agora!

Olhei para o céu, fechei os olhos. Pai, eu sei que não foi para isso que o senhor me criou, mas...

"É para hoje ou para amanhã?" Não adiantava pedir, Ana continuava a gritar lá debaixo.

Fiz uma cara feia e em seguida soltei minha mão, escorregando pelo lençol até o chão. Chão? Mas meus pés continuavam no ar.

Puta merda. O lençol só tinha comprimento para alcançar a sacada do primeiro andar. Faltava mais a porra de um andar para eu conseguir encostar no chão. Por que eu não pensei nisso antes?

"Você vai ter que pular!" Ana afirmou.

"Parabéns, Cristóvão Colombo, descobriu a América." Retruquei como se não fosse óbvio que eu teria que fazer isso.

"Vamos! Pula e eu te pego!" Ela disse com tom sério que eu jamais havia visto nela. Para uma pessoa com cabelo pintado com as cores do arco-íris e que vive sendo irônica, seriedade é a última coisa que eu espero.

Ana flexionou os joelhos e abriu os braços em frente ao corpo, como se estivesse pronta para carregar um saco de arroz enorme.

"Eu tenho cara de palhaça? Nós duas vamos cair que nem merda no chão." Olhei em volta, procurando outra saída sem ser pular nos braços dela.

"Para de putaria, Bella!" Deu um tapa na própria perna, já sem paciência "Você duvida desses belos músculos aqui?" Ana levantou os dois braços magrinhos na esperança que surgissem bíceps fortes e musculosos.

ISABELLAOnde histórias criam vida. Descubra agora