Capítulo Sessenta e Sete

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Me lembro apenas de cair gritando por Mônica e por Helena. Abro os olhos e minhas vistas doem com a claridade, sinto minha cabeça latejar de dor e tem pessoas de branco ao meu redor, três pessoas, acho que são anjos. Pensei ter visto um rosto familiar, mas estou tão confusa, quero ver Mônica, estava falando com ela agora pouco, para onde ela foi?

— Alice fique calma. Estamos aqui com você. — Ainda  tenho dificuldades para entender o que está acontecendo, mas depois de um tempo me debatendo e chamando por Mônica, finalmente a confusão da minha cabeça estava passando me trazendo a tona a minha realidade.

Logo lembrei de tudo, e de todos conforme um a um ia entrando pela porta do quarto do hospital onde eu estava internada ha duas semanas devido a cartela de antidepressivo que tomei na tentativa frustrada de me matar.

Minha família e Rumy estavam ali apenas torcendo e esperando que eu acordasse do meu sono profundo. Acordei e chorei um dia interinho lembrando de tudo, de Helena, da morte de Monica e tambem de ter tido esse sonho com ela, e não ter conseguido trazê-la de volta comigo e apagar tudo de ruim que aconteceu.

Eu estava inconsolável como se 12 meses depois da morte de Mônica e a ida de Helena, tudo tivesse acontecido exatamente aquele dia.  Precisei de ter sessões com a psicóloga do hospital, aos poucos ela foi me ajudando.

Três dias depois eu voltei a me alimentar quase que normalmente com alimentos sólidos, cinco dias depois eu estava já ganhando peso e estava mais forte, com isso o médico me deu alta. Vida que segue.

Lá no hospital eles explicaram que eu fui um milagre por ter sobrevivido e acordado sem nenhuma sequela. Recebi apoio tanto dos familiares e da minha amiga, quanto da equipe médica, incluindo uma psicóloga gente boa. Por falar em psicóloga gente boa, foi muito bom ver o rosto de Carla, que esteve lá comigo praticamente todos os dias em que eu estive internada.

Rumy contou que ela passou até noites lá comigo, mesmo eu não vendo. Carla mostrou que realmente gostava de mim de verdade. Depois de um tempo, eu me abri com Carla e contei sobre o sonho que tive com Mônica.

Ela chorou muito, me abraçou forte e depois disso vi seus olhos brilharem ainda mais intensos, ela acredita que o que aconteceu não foi um sonho e sim uma linda experiência  pós-morte enquanto os médicos tentavam me trazer de volta de uma parada cardíaca.

Que inclusive eu tive duas paradas respiratórias durante o processo e meu coração ficou um tempo considerável sem bater, a sorte foi que os médicos não desistiram de tentar me trazer de volta. O susto foi grande.

Fiquei confusa com o argumento de Carla, porque eu custava a acreditar que eu, logo eu, tive a chance de ver Mônica mais uma vez na sua forma real. Difícil crer nisso. Mas pode ser verdade mesmo.

Também descobri que quando eu estava acordando eu tive a impressão de ter visto Helena, mas assim que acordei por completo ela não estava lá. Rumy me falou que ela esteve sim, e que foi me visitar também.

Não todos os dias mas nas duas semanas ela apareceu lá duas vezes. Ela chorou as duas vezes e rezava com seu japamala para que eu acordasse logo e conseguisse viver a vida feliz. Foi só o que Rumy disse sobre Helena.

Depois de um mês que sai do hospital eu tive muita vontade de ir ver Helena, mas Rumy me mandou esquecê-la. Disse que se ela quisesse me ver ela teria ido atrás de mim pois sabia onde me encontrar.

Quando falei para Carla que estava querendo ir vê-la, ela fechou a cara e ficou me encarando, também me mandou esquecê-la. Eu fiquei sem saber o que fazer pois minha sede de ver Helena era grande demais.

Eu não sei se sou capaz de esquecê-la, não me imagino sendo tocada ou beijada, por outra pessoa que não seja Helena, não suporto a idéia de direcionar todo esse amor e paixão para alguém que não seja a minha amada Helena.

VANILLA O Sabor Mais Doce   (CONCUÍDO)✔Where stories live. Discover now