07 - Ellie

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- Você fez o quê Connor? - gritei para o meu irmão que ficou surpreso com minha reação.

- Eu só mandei o seu currículo para algumas empresas que conheço... Não foi nada demais, El.

- Mas eu não preciso, trabalho aqui, cuidando dos negócios do papai. - ele suspirou e sentou na minha cama.

- Ellie, você tem feito um excelente trabalho administrando os negócios, as exportações de bebidas, tudo está indo muito bem... Mas caramba, você vai ficar pra sempre aqui? Escondendo seu talento?

- Não tem problema nenhum em ficar aqui. - comecei a andar de um lado para outro no quarto

- El... você é inteligente, tem MBA em marketing, pode ter uma carreira brilhante, sua carreira, algo seu... - suspirei irritada, não acreditava no que Connor tinha feito.

- Connor, mas isso sou eu quem tem que decidir, é minha vida e você não pode se meter! Não pode simplesmente mandar meu currículo pra lugares que eu nem consideraria trabalhar... É muita coisa pra mim, não sei se daria certo.

- Claro que daria certo... Todo mundo sabe que você pode fazer as duas coisas, administrar a vinícola e trabalhar com marketing.

- Não quero viver na sua sombra... quero conquistar tudo com meu esforço!

- El... só pra você saber, eu mandei os currículos como se fosse você! Não tem meu nome em nada, e você é que vai ter correr atrás, não vai viver na minha sombra... - ele sorriu e apontou para a janela - Mas é justamente assim que você vive, na sombra do papai, acomodada aqui.

- Sai daqui Connor! Agora! - gritei e ele saiu zangado.

Deitei na cama e fitei o teto, o dia tinha sido longo, eu me senti irritada o tempo todo, ignorar Dan não é uma tarefa fácil, estava ignorando e tentando esquecer o quanto eu gostei do que fizemos ontem. Não parava de pensar nele, naquele smoking azul marinho e sua postura confiante, séria. Mas eu sei que não posso me deixar levar por esses sentimentos luxuriosos, como eu disse para ele, não posso ser só mais uma, eu quero mais pra mim.

Connor não deveria ter feito isso, mandar currículos como se fosse eu, tentando mudar minha vida, por outro lado, ele estava certo, eu acabei me acomodando aqui, depois que terminei os estudos vim pra Napa para ficar só até colocar a vinícola em ordem, mas acabei ficando por dois anos e agora moro aqui. Eu deveria considerar dar os meus próprios passos, sozinha.

Levantei e saí do quarto, fui até a cozinha e peguei um pote de sorvete de flocos, o meu favorito, peguei duas colheres e fui em busca do meu irmão, tinha que me desculpar pelo meu comportamento infantil. Entrei em seu quarto e quase deixei cair o pote de sorvete no chão, Dan estava sem camisa, só usava uma calça jeans, os pés descalços e o cabelo molhado e despenteado do banho.

Grande parte da minha irritação era porque eu o queria, eu ainda o desejo, não quero ter que admitir isso e o pior é que eu queria que ele também me quisesse e que o sexo comigo significasse mais do que com as outras. Ele me olhou, seus olhos castanhos lindos varreram o meu corpo, senti a atração física entre nós, me puxando em direção ao seu corpo.

- Sorvete de flocos? Eu gosto... - Dan falou me tirando do transe.

- Não é pra você, estou procurando o Connor.

Dan se aproximou ainda mais de mim, eu olhei seu peitoral nu, bem esculpido. De repente eu estava contra parede e seus lábios sobre os meus, seu cheiro de sabonete e um aroma só seu tomaram meus sentidos, o pote de sorvete caiu com um estalo, junto com as colheres. Minhas mãos voaram até o seu cabelo molhado e eu o puxei, Dan também segurava minha cabeça, sua língua explorava minha boca, eu queria mais do seu sabor, passei a mão no seu peitoral e os músculos se contraíram sob o meu toque, mordi seu lábio inferior e ele gemeu.

- Você vai me enlouquer... - Dan murmurou enquanto me beijava - Não sei o que está fazendo comigo Ellie...

- Melhor parar por aqui... Eu... Eu - Não sabia o que dizer, estava aérea depois do beijo.

- Já sei... Você vai fugir de novo. - ele passou a mão na cabeça e se afastou - Ainda bem que vou embora pra casa amanhã, assim eu tiro você da minha cabeça, ou juro que vou enlouquecer.

Dan me deu as costas e eu vi uma linda tatuagem preta, uma fênix, respirei fundo e fechei minha mão tentando controlar a vontade de passar a mão na tatuagem. Com muito esforço peguei o pote de sorvete e as colheres do chão e saí do quarto.

- Você está bem El? - Lee perguntou  entrando no corredor.

- Estou... Você viu o Connor?

- Está no meu quarto, Amy também está lá... Vamos.

Entrei no quarto de Lee e meus dois irmão estavam sentados na cama, vendo alguma coisa na televisão, andei devagarinho até Connor e sentei do seu lado, deitei a cabeça no seu ombro e coloquei o pote de sorvete no seu colo.

- Desculpe por ter gritado com você. - falei baixinho e ele colocou o braço por cima do meu ombro.

- Eu só quero que você cresça na sua carreira, e quero que seja feliz.

- Eu sei e amo você por isso.

Abri o sorvete e começamos a comer, estava meio mole por causa da demora. Sempre fazíamos isso, tomamos sorvete juntos quando precisávamos nos desculpar, desabafar ou contar alguma novidade. Desde crianças, quando precisamos um do outro, basta aparecer com um pote de sorvete.

- Que tal Anna Karenina? - Amy perguntou com o controle na mão

- Não mesmo! Sem filme de romance ou essas coisas que você gosta... Melhor filme de ação. - Lee respondeu tomando o controle das mãos dela.

- Você estava se dando bem com o George não foi? - Connor perguntou - Acho que sei de quem vai ser o próximo casamento.  - Lee deu um soco no ombro de Connor e eu dei risada dos dois.

- Vai se ferrar! Nada contra o George mas eu prefiro as mulheres.

Fiquei um longo tempo com meus irmãos, eu amo esses feriados e datas comemorativas onde a gente se reúne, cada um cresceu e tomou seu rumo, mas eu sei que posso contar com cada um deles se eu precisar e eu os amo demais. A cama ficou apertada com nós quatro ali, mas não nos importamos, continuamos conversando e rindo atoa.

- Não acha que devíamos chamar o Dan? Ele está sozinho no seu quarto. - falei pensando na  tamanha falta de educação.

- Ele gosta de ficar sozinho, eu acho... Mas eu vou até lá.

Connor levantou da cama e eu também, o sono estava chegando e eu precisava levar o pote vazio de sorvete e as colheres para a cozinha. Antes de abrir a porta de seu quarto, meu irmão me olhou.

- Se conseguir alguma entrevista você vai?

- Vou... Você estava certo, fiquei muito acomodada aqui.

- Viu? Eu sempre tenho razão. - bati em seu braço e ele riu.

Depois de ir na cozinha entrei no meu quarto e me preparei para dormir, pensei no beijo que Dan me deu e me arrepiei, no fundo por mais que eu negasse, queria muito mais beijos dele, dei um sorriso e fechei os olhos.

Amor em RiscoWo Geschichten leben. Entdecke jetzt