02 | Beijada pela Morte

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AVISO DE GATILHO: menção a traição, sugestionamento de relacionamento abusivo, abuso de substâncias.


Desceu as escadas com velocidade apenas para pular os três últimos degraus como sempre fazia desde criança. Rodou os olhos pela sala e não encontrou o que procurava.

Tirou as mãos de dentro do bolso da jaqueta bomber e seguiu para o outro cômodo da casa, à cozinha, ainda com esperança de encontrá-la. Caminhou arrastando as costas pela parede bege, devido as pessoas que transitavam correndo ou dançando pela sala.

Nigel anotou mentalmente para que da próxima vez que fizesse uma festa, restringisse apenas para alunos da sua própria escola e não penetras nos auge dos quatorze anos de idade.

Apoiou uma das mãos na esquadria de onde deveria estar sua porta, já que ele a retirou antes da festa ter início, e, então, ele a viu. Colocou uma pequena mecha do cabelo escuro, tão escuro que aparentava ser azul, atrás de sua orelha. Ela bebia algo que Nigel não conseguiu identificar de longe em um copo de vidro enquanto encarava o jardim a sua frente, através da porta de vidro. Ele notou, através do olhar curioso e minucioso dela, que a grama estava alta, provavelmente se faziam pouco mais de dois meses que não era aparada.

Hannah, como se sentisse a presença de Nigel, se virou e encarou os olhos azuis dele. Ambos abriram um sorriso de lado, lentamente, e, antes que Nigel entrasse na cozinha, Hannah colocou o copo dentro da pia.

As mãos dele se acomodaram na cintura sinuosa dela, a trazendo para perto. Nigel teve o ímpeto de a segurar e a manter ali, com ele, o máximo que conseguisse. Uma das mãos acariciaram o cabelo liso, se deliciando com o cheiro costumeiro que o cabelo dela emanava ao encostar o nariz na pele do pescoço dela. Hannah sentiu cócegas pela respiração dele contra sua pele.

— Oi — ele sussurou rente ao ouvido dela e sentiu quando os pelos dela se eriçaram. Hannah o abraçou pela cintura, a testa se franzindo com um pensamento infeliz que cruzou sua mente.

— Oi — respondeu, sem a mesma alegria que ele. — Eu acho que precisamos conversar.

Se desvencilhou do abraço e ergueu o rosto. A face de Hannah estava do mesmo jeito de quando Nigel a conheceu, perdida no gramado da Northtown, impassível e sem alguma emoção visível. Às vezes a ausência de expressão dela o assustava.

— Hey, por que essa cara? Aconteceu algo? — Ele afagou sua cintura por cima da sua blusa lilás.

— Eu e você não vai rolar mais. Eu- Eu não consigo mais. — Afastou fracamente a mão dele, negando com a cabeça. — Neil está por aí e seria perigoso para nós.

Nigel ficou confuso e, repentinamente, sua boca estava seca. Ele umedeceu os lábios com a ponta da língua e virou a cabeça para trás, a procura do rosto familiar de Neil. Quando virou novamente para Hannah, ele a puxou pela mão direita e a guiou para dentro do armazém de limpeza, a direita da cozinha, trancando a porta e guardando a chave no bolso da calça.

Ele acendeu a luz e Hannah começou a tentar pescar a chave dentro do bolso dele. Nigel recuou tanto da garota que bateu as costas na porta antes de finalmente conseguir segurar os pulsos dela.

— Nigel? Não, não. Abra a porta, agora. — Cruzou os braços abaixo dos seios e Nigel mordeu o lábio ao focar o olhar ali.

O olhar de Hannah era letal e ameaçador até mesmo para Nigel. O rapaz apenas não sabia se era mais letal para ele ou o seu coração.

— Vamos conversar primeiro, amor...

— Conversar, Nigel? Primeiro, você terminou com a Ivy depois dessa aposta doentia e estranha de vocês. Ah, sim, eu sei sobre essa necessidade absurda de vocês saciarem a sede de bocete apostando em comer meninas.

O Caso GrobmannOnde histórias criam vida. Descubra agora