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Ao entardecer, os três atravessam a Ponte Jeongdon e se sentam à sombra das cerejeiras, na grama de um pequeno declive por onde o Rio Yul passa. Não é um dos rios mais impressionantes que ele já viu, nem de longe, mas Kyungsoo gosta da tranquilidade de beber um refrigerante gelado enquanto sente a brisa bater na nuca. Dali, o rio Yul é apenas um córrego, cercado de grandes pedras, muitas árvores e com quase nenhum visitante. É como se fosse um lugar secreto reservado só para eles em um pedacinho de Gimhae.
Jongin estende o casaco no gramado e deita em cima dele, abraçando sua garrafa de Coca-Cola contra o pescoço. Wendy, que agora está suando nas têmporas depois de caminhar até ali, esmaga sua latinha de cerveja contra a bochecha, suspirando de alívio. Kyungsoo apenas envolve as pernas dobradas com os braços e olha para o céu, entretido com o movimento suave das nuvens.
— Como vão as coisas no seu time de natação, Phelps? — Wendy pergunta, provavelmente querendo quebrar o silêncio desconfortável. — Você mencionou um campeonato, eu acho.
Jongin absorve um gole do refrigerante e balança a cabeça.
— Ah, é verdade. Eu tenho boas notícias, então. — Ele sorri, apoiando-se nos cotovelos. — Nós conseguimos! Passamos para a semifinal do Campeonato Nacional Intercolegial. Mas eu tô meio bolado que ainda não consegui superar meu recorde. De uns meses pra cá, parece que eu não consegui sair do lugar. — Jongin fecha os olhos bem apertado. — É frustrante.
— Eu já te falei mil vezes, Jongin. Você fica bloqueado porque se cobra demais. Você está saindo e tirando um tempinho pra você, como eu aconselhei da última vez? Você merece esse tempo.
— Eu estou tirando um tempo agora.
— Tirando um tempo, minha bunda. Você veio aqui pra trabalhar. Isso não conta como tempo extra, moleque. Você pelo menos tem se divertido e saído com muitas garotas?
Jongin absorve a pergunta por alguns segundos. Aquele silêncio em que você avalia a coisa certa a dizer, ou o quanto você pode dizer sem que provoque desconfiança. Sem negar demais, mas também sem confirmar. Kyungsoo já passou por isso muitas vezes antes.
— Quem dera — ele fala, e bebe mais um gole da Coca-Cola, encerrando o assunto.
Apenas por um segundo, Kyungsoo e Jongin compartilham um olhar cúmplice. Ele é a única pessoa ali capaz de entender como ele se sente. Kyungsoo, por outro lado, parece ter mais experiência com o tópico "conversas sobre relacionamentos entre amigos que não sabem que você é gay". Ele já ensaiou isso vezes o suficiente até que se tornasse natural.
— Eu tô vendo onde você quer chegar, Wendy — Kyungsoo diz. — Tentando trazer o tópico de paqueras à tona só pra poder comentar do quanto você estava babando pelo tanquinho do Minho ontem. Você não engana ninguém.
— O quê?! — ela grita, caindo de costas na grama e desatando a rir. Com o rosto vermelho, ela aponta acusadoramente para Kyungsoo. — Escuta aqui... Pra sua informação, sim, eu tenho uma visão ótima, então sim, é claro que eu reparei naquele tanquinho glorioso dele ontem, mas isso não significa que eu estava fazendo de propósito. Mas tudo bem, agora que você tocou no assunto, por acaso eu também fiquei sabendo que ele é solteiro.
