Capítulo 28

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Bem-vindo à realidade

– Bom dia! - berrou Sina, abrindo bruscamente a porta do quarto de Noah e sentindo um prazer enorme em gritar no ouvido dele às seis horas da manhã em pleno sábado.

Noah gemeu e cobriu a cabeça com o travesseiro. Ele estava sonolento demais para pensar em qualquer coisa, mas sabia que nada no mundo o faria levantar da cama àquele horário.

– Hora de acordar, Jacob! O sol está brilhando, um belo dia te espera e se você não se levantar em menos de um minuto serei obrigada a jogar água fria na sua cara. - anunciou Sina com um grande sorriso e um tom de voz ironicamente simpático.

Entrar no quarto de Noah era uma coisa que ela evitava fazer. Sina não gostava nem de imaginar que tipo de bactéria estava se procriando no meio daquela baderna assustadora, mas naquela manhã ela criou coragem para entrar lá e se certificar de que Noah ia se levantar da cama. Ela abriu as cortinas do quarto (o que não resolveu muita coisa, já que o sol não estava tão forte àquela hora) e arrancou bruscamente o travesseiro da cabeça dele.

– Vamos logo com isso, Noah. Hoje o nosso dia vai ser cheio e não podemos perder tempo.

– Pelo amor de Deus… Estamos no meio da noite, me acorde quando for de manhã. - ele resmungou, ainda de olhos fechados.

– Pela primeira vez na vida, você não vai dormir até meio-dia no sábado. Anda logo e levanta daí, antes que eu perca a paciência.

– Nada no mundo vai me tirar da cama a essa hora. - murmurou Noah, voltando a fechar os olhos.

– Ok, então. Diga isso pro balde cheio de água que eu vou despejar em você. - disse Sina alegremente, enquanto ia saindo do quarto.

– Olha, eu já levantei, tá vendo? Já estou super acordado. - falou Noah, jogando as cobertas de lado e se sentando na cama. Sina riu e saiu do quarto dele.

Enquanto eles tomavam café da manhã, Noaj decidiu descobrir o que é que Sina iria obrigá-lo a fazer naquele dia. Ele não estava com expectativas muito boas.

– Nós vamos sair. - ela respondeu, e Noah respirou aliviado.

– Cara, isso é ótimo. Eu já estava aqui, no maior desânimo, pensando que você ia me obrigar a limpar a casa ou alguma coisa desse tipo. - comentou Noaj animadamente.

– Mas você vai fazer isso. - disse a garota - Quando chegarmos, mais tarde. Mas não se preocupe, tenho ótimos planos pra você.

– Ah, faço ideia do quanto. - resmungou Noah.

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– Não, sem chance. Eu não vou andar de ônibus. Pra quê andar de ônibus se eu tenho um ótimo carro com ar condicionado e bancos confortáveis?

– Noah, sou eu quem decido as coisas hoje. E acredite, não é uma boa ideia levar o seu carro pro lugar onde a gente está indo.

– Sério, você está me enlouquecendo. Fala logo pra onde a gente vai! E por que a gente não pode ir de carro?

Sina olhou para Noah como quem olha para uma criança de cinco anos que não sabe muita coisa da vida.

– Acho que já está na hora de você conhecer um pouco da realidade do transporte público nesse país. Tudo bem ser filhinho de papai, mas nem por isso você precisa ser um completo alienado, certo? É hora de sair da sua bolha.

– Prefiro ficar dentro da “minha bolha”, desde que ela tenha ar condicionado e bancos confortáveis. - Noah retrucou.

Sina riu. Ela sabia que talvez estivesse sendo chata com ele, mas ela achava bizarro encontrar um marmanjo de dezenove anos que provavelmente nunca pegou um ônibus na vida. Ele estava muito acostumado àquela vida mansa e super confortável, mas pelo menos naquele dia, ele iria ter experiências bem diferentes.

Noah entrou com Noah em um ônibus que ia para um lugar no qual ele nunca tinha ouvido falar.

– Falando sério… Na propaganda do governo, o transporte público não parece tão ruim. - Noah comentou, torcendo o nariz.

Sina riu e deu um tapinha nas costas dele, como quem diria “Bem-vindo à realidade”.

O ônibus se distanciou muito dos lugares que Noah conhecia. Ele não fazia ideia de onde estava, nem de onde iria parar. Além disso, Sina estava com uma expressão muito suspeita.

– E então… Você está planejando me levar pro histórico lugar onde Judas perdeu as meias? - perguntou Noah - Porque as botas ficaram uns cinco quilômetros atrás.

– Isso era pra ser uma piada, ou...

– Ah, Maria, para de ser chata. Só quis dizer que nós já chegamos ao fim do mundo. Não tem mais pra onde ir.

A paisagem do lado de fora não era nada convidativa. Isso se confirmou ainda mais quando eles desceram do ônibus e Noah pôde ver o quanto aquele lugar era miseravelmente pobre. A grande maioria das ruas por ali não era pavimentada. As casas eram minúsculas e feias, e os poucos postes de iluminação existentes estavam com as lâmpadas quebradas. Aquele lugar devia ser aterrorizante à noite, pensou o rapaz.

– O que é que a gente está fazendo aqui, hein? E esse lugar brotou de onde? Há uns trinta minutos, nós estávamos em uma cidade limpinha e organizada. Não achei que esse tipo de coisa existisse em Los Angeles.

– É, mas existe. Existe em qualquer lugar. - suspirou Sima.

Eles se aproximaram de um portão meio enferrujado.

– Urrea, hoje você finalmente vai entender o que eu faço aos sábados. - anunciou Sina, animadamente.

Ela e Noah passaram pelo portão e entraram em uma construção pequena pintada de azul claro. Passaram pela recepção e seguiram por um corredor que tinha várias folhas de papel com desenhos infantis e coloridos grudadas na parede.

A essa altura, Noah já tinha uma ideia bem clara do que o aguardava, especialmente por causa daquele barulho ensurdecedor. Sina olhou para Noah com uma expressão de quem estava se divertindo muito e abriu uma das portas.

Na sala havia dezenas de crianças pequenas totalmente descontroladas. Elas corriam de um lado para o outro, berrando e tropeçando nos brinquedos espalhados pelo chão, esbarrando umas nas outras. Uma bola de plástico arremessada por um garotinho quase atingiu Noah.

Aqueles seres escandalosos e hiperativos não eram crianças, pensou Noah. Eram mini monstros.

– Anjinhos, hoje eu trouxe uma surpresa! - anunciou Sina, sorridente - Esse aqui é o tio Noah, e ele está super ansioso pra se divertir com vocês!

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Xoxo Anny 🥂

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