Pai

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As manhãs na casa de Jimin eram as mais agitadas.

Wonjun, o bebê de dez meses, acordava cedo e fazia questão de fazer barulho até que o pai, dormindo tranquilo no quarto ao lado, sempre com a porta aberta e com a babá eletrônica por perto, acordasse assustado e corresse para o cômodo onde ficava o berço e a cômoda de várias gavetas nas quais guardava as roupas pequenas. Jimin, mesmo que conhecesse o filho o suficiente para saber que ele acordava barulhento para chamar sua atenção e receber colo, levantava alarmado, com medo de algo ter acontecido com o bebê.

Ele agia dessa forma desde que nasceu, na época em que Jimin ainda namorava e morava naquele mesmo apartamento com Hyejin, a mãe de Wonjun.

Quando terminaram o relacionamento de maneira pacífica e decidiram que Jimin deveria ficar com o apartamento, já que tinha sido financiado por sua família e a mulher possuía condições de alugar um novo por ser bem sucedida como Engenheira Civil, mesmo que fosse jovem, era ele quem passava a maior parte dos dias e do tempo com o filho, porque seu trabalho era em casa, escrevendo livros de romance, os quais estavam fazendo muito sucesso entre adolescentes da atualidade.

O último livro de Jimin era um best-seller.

Era comum que passasse a noite acordado para escrever, pois, durante o dia, tinha pouco tempo. Ser pai solo de uma criança de dez meses ocupava boa parte de sua vida, mas Jimin não ousava reclamar, nem de longe. Wonjun era a sua companhia favorita. Por esse motivo, entrou sonolento no quarto do bebê, os pés calçados em pantufas confortáveis arrastando-se pelo chão enquanto coçava os olhos e espreguiçava a coluna.

A decisão de que Jimin ficasse com o filho dos dois foi conjunta. Hyejin trabalhava muito, estava sempre ocupada percorrendo Seul. O trabalho de Jimin não era fácil, mas podia fazê-lo de casa, apenas indo na editora quando estivesse perto de lançar algum livro. Na maior parte do tempo, seu empresário, Namjoon, era quem tomava conta de todos os detalhes, resumindo os contratos para Jimin e o instruindo no que fosse necessário.

Wonjun passava todos os finais de semana com Hyejin, e eram nesses dois dias que Jimin costumava resolver todas as pendências de seu trabalho.

- O papai está aqui, meu amor. Pode parar de fazer bagunça - falou, a voz soando rouca pelo desuso e cansaço. Mal tinha dormido durante a noite, porque estava inspirado e resolveu escrever antes que sua criatividade fosse embora. O processo de escrita era demorado e cansativo, por isso não gostava de desperdiçar nem um pingo de inspiração. Deu passos até que alcançasse o berço, logo pegando um Wonjun sorridente e agitado em seus braços. A criança rapidamente abraçou o pai como se estivesse matando a saudade. - Prontinho, Jun. Você dormiu bem?

Ainda que Wonjun não conseguisse respondê-lo, apenas balbuciando algumas palavras incompreensíveis, Jimin gostava de conversar com ele. Era comum que lhe perguntasse como estava, se havia dormido bem, se estava com fome... Como se Wonjun fosse abrir a boca e responder a qualquer momento. Jimin não tinha muitas pessoas com quem conversar diariamente. Só via os melhores amigos, Jeongguk e Hoseok, uma ou duas vezes na semana, quando eles decidiam visitá-lo em seu apartamento para saber como estava e mimar (muito) o afilhado.

- O meu garotinho está com fome, não está? - indagou em um tom de voz carinhoso, movendo uma das mãos para cima e para baixo nas costas do menino, enquanto o olhava e sentia a mão pequena e gordinha passear por seu rosto. Wonjun costumava fazer muito isso nos momentos em que Jimin falava com ele, mostrando que estava prestando atenção nas falas do pai, ainda que não fosse capaz de responder. - O papai vai preparar um mingau bem gostoso para você, o que acha? - O sorriso no rosto pequeno foi involuntário, talvez por reconhecer a palavra "mingau" de tanto que Jimin falava.

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