Era uma vez...

Vulnerabilidade

Após as gravações eu precisei conversar com a Voltan enquanto secávamos os nossos cabelos no meu quarto. Eu sei que ela está bem chateada pelas coisas que aconteceu no jogo na piscina e não a julgo. Se caso a pessoa que eu gostasse dissesse que o sentimento por mim era apenas de amizade, provavelmente eu não participaria mais do jogo. Até porque esconder o que eu sinto claramente não se encaixa na minha personalidade e todos ali sabem disso, tanto que não demorou muito tempo para que percebessem o quão caidinha eu estava pelo Coringa, já que antigamente eu o enxergava apenas como um amigo. Lembro-me de quando cheguei na mansão e notoriamente ele era a única pessoa que eu conhecia de todos os meninos. Por isso, quando enxerguei na forma em que a Voltan passa a escova em seus cabelos, percebi que ela realmente precisava dessa atenção.

  —— Você quer conversar sobre isso? —— Questionei enquanto olhava para ela pelo espelho a nossa frente.

  —— Sobre o que? —— Ela nem estava olhando para mim e sinceramente eu não a julgo pela possível vergonha que está sentindo. Quando percebeu o modo em que eu estava olhando para ela, acabou cedendo. Suspirou e percorreu a escova mais uma vez pelos seus cabelos. —— Eu queria acreditar que mesmo não dizendo nada, que ele sentia algo por mim sabe? Mas agora eu sei que tudo isso não passa de uma amizade.

—— Você sabe que não é sua culpa, né? —— Abri a garrafa de água enquanto escorava o meu corpo contra a parede à frente dela.

—— Eu sei, mas eu gosto dele. O que eu posso fazer?

—— Conversar, Carolina. Tenho certeza que o Crusher não sabe que você gosta dele e se soubesse provavelmente te daria uma chance. —— Ergo as sobrancelhas.

—— Provavelmente? —— O seu tom de voz foi de medo e eu percebi que metade do que eu disse havia sido mais prejudicial para ela.

—— Sim, acontece. Eu não sabia que gostava do Coringa e daí acabamos conversando...

—— Você convive com ele. Poucas vezes eu converso com o Crusher. —— Ela deixou a escova sobre a penteadeira e seguiu para a cama.

—— Claro, você tem vergonha até de cumprimentar ele, imagina trocar mensagens. —— Entreguei a garrafa de água pra ela, podendo me sentar ao seu lado. —— Eu só estou dizendo que você precisa criar coragem e dizer. Porque ele pode não saber que gosta de você também.

—— E se não der certo? —— Ela questionou após dar um gole na água.

—— Existirão motivos que ele irá te contar. Mas só vai saber se conversarem. —— Expliquei, me levantando da cama para então puxar a mão dela. —— Agora vem, vamos comer porque eu estou morta de fome.

—— Não tem como você trazer meu prato aqui? O Crusher vai jantar aqui hoje.

—— Para de drama, Carulina! —— Continuei a puxa-la, vendo que ela havia cedido a tentativa de ser levada por mim. —— Você está linda.

—— É, mas ele não acha isso.

—— E desde quando isso serve pra ele achar alguma coisa? Não estou te reconhecendo. —— Fechei a porta atrás de mim. —— Você está apaixonada e acha que tudo envolve ele, né?

—— Com o Coringa não é assim? —— Deslizei a minha unha pela minha sobrancelha.

—— Não totalmente. Eu sempre gostei de estar assim, mas tem dias que não estou e eu acho que ele me acha linda de qualquer jeito. —— Dei de ombros, podendo me jogar para trás na cama. —— As vezes me arrumo pra agradar ele mas sempre faço isso por mim.

     —— Você falando parece ser tão fácil. Na verdade é, quando você sabe que a pessoa do outro lado também gosta de você. —— Ergueu o seu corpo daquela cama e organizou os seus fios aloirados após passar um pouco de um óleo capilar. —— Tudo bem,  vamos.