XII - Uma criança inocente

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Capítulo XII | Folhas de Outono 

Evelyn finalmente despertava de um sonho que estava sendo bom demais para ser real. Jogada no sofá do escritório de Lucas, Eve havia acabado com todo o seu estoque de lágrimas. A vontade de chorar ainda permanecia, mas ela estava exausta demais até para atender as necessidades emocionais do seu corpo. Eve estava deplorável.

E com uma raiva tão grande que ela seria capaz de atravessar aquela parede com o próprio punho.

- Aqui. Tome um pouco. - Lucas aproximou-se com um copo de água. - Está melhor?

- Não. - Eve agarrou o corpo, despejando todo o conteúdo em sua garganta.

Lucas sentou-se ao seu lado e suspirou.

- Eu sinto muito, de verdade - ele disse sem olhar para ela. Eve pousou o copo em seu colo e fitou um quadro esquisito acima da mesa de Lucas. Ela queria perguntar como ele sabia, pois Eve não contara absolutamente nada.

Mas Evelyn apenas assentiu. Lucas girou e ficou de frente para ela, apertando gentilmente seu ombro. A moça tombou o pescoço e mirou a estrela de Davi pendurada no peito do rapaz. A camisa social branca que usava ficava muito bem nele.

- Me mande embora, por favor - ela falou, sentindo a cabeça começar a latejar em dor.

- Não vou considerar esse pedido em um momento tão conturbado - Lucas retrucou. - Não é bom tomar decisões precipitadas, Eve.

- Eu quero desaparecer, Lucas - ela disse, engolindo as lágrimas. - Eu sou uma imbecil.

- Você não é uma imbecil - ele apertou seus dedos; as mãos quentes confortando os dedos gelados da moça. - Eu não sei se é um bom momento para lhe dizer isso, mas a delegada me ligou um pouco depois de você chegar.

Evelyn levantou a cabeça abruptamente, olhando para seu rosto pela primeira vez.

- Delegada? - ela perguntou. - Que delegada? Eu vou ser presa?

- Calma - Lucas disse. - Você não vai ser presa. A delegada Sabrina, esposa de um dos nossos clientes, me procurou para me perguntar sobre você. Disse que você estava interessada no marido dela. Para ser sincero, achei um tanto desnecessário. Eu não acreditei nenhum pouco no que ela disse.

- É verdade - Eve soltou, irritada. - Eu me apaixonei por aquele idiota, imbecil, aquele demônio, sem saber ao menos o seu nome. Fui totalmente burra e infantil. Nicole me avisou! Nicole me avisou... Mas que merda! - ela olhou para Lucas com os olhos marejados. O rapaz parecia um pouco assustado com a súbita mudança de comportamento dela, mas não se abalou. - Eu nunca mais quero ver a cara daquela lagartixa dos infernos, aquele filho da put...

- Evelyn, Evelyn, se acalma! - Lucas pegou em seu rosto, passando os dedos pelas lágrimas que insistiam em cair. - Você não tem culpa, está bem? Você não sabia que ele era casado. E ele não sabia que você estava interessada nele. Está tudo bem. Você não vai ser presa por ter se apaixonado. Pelo que eu saiba, isso não é crime.

- Ela falou comigo - Eve apertou os punhos. - A esposa dele fez questão de falar comigo. Aposto que ela me prenderia por...por...danos morais! Lucas, eu estou ferrada!

Evelyn enfiou as mãos no rosto e choramingou. Lucas respirou fundo, levantando-se do sofá.

- Você não vai ser presa - Lucas repetiu, pegando o copo de seu colo antes que Eve o quebrasse com as próprias coxas. - Se você quiser, pode ir para casa. Tome um banho, assista algo legal. Tente esquecer um pouco esse cara, tudo bem?

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